No limite do amanhã (Edge of Tomorrow)
Direção: Doug Liman
Ano de produção: 2014
Com:
Tom Cruise, Emily Blunt, Bill Paxton, Blendan Gleeson.
Gênero: Ficção Científica
Classificação Etária: 12 Anos
“No limite do amanhã” é uma ótima surpresa como ação
Até o momento, 2014 está sendo um ano tão decepcionante
para o cinema. Sério! Vários projetos que prometiam mundos e fundos e alguns
foram até bem de bilheteria, mas dividiram a crítica. Exemplos? “X-Men: dias de
um futuro esquecido”, que prometia ser o melhor filme dos mutantes da história
se perde em uma trama confusa e com personagens desperdiçados. E “Godzilla”,
que prometia resgatar aquele espírito infantil de filmes e séries de monstros
gigantes, como “Círculo de Fogo” fez muito bem ano passado, mas apresenta cenas
ruins de ação e um protagonista fraco.
E a coisa estava tão feia que eu já até tinha perdido as
esperanças nos blockbusters e investido todas as minhas fichas no cinema de
arte. Eis que surge “No limite do amanhã”, um grande filme de ficção que brinca
muito com a questão da viagem no tempo e tem uma trama muito cuidadosa e
intrigante.
É possível dizer que, “No Limite do Amanhã” é uma mistura
de “Feitiço do Tempo” com “Tropas Estelares”. No caso de Feitiço de Tempo, a
semelhança é clara: nos dois filmes temos e protagonista que revive o mesmo dia
todos os dias e tendo que corrigir a todos os erros deste dia. Nesse ponto, os
dilemas de Tom Cruise são maiores do que àqueles vividos por Bill Murray:
enquanto em “Feitiço do tempo” o personagem de Murray tentava corrigir os erros
de sua vida pessoal, viver aquele dia como se ele fosse único e ainda,
conquistar a garota dos seus sonhos, Cruise aqui volta no tempo para decidir e
mudar algo que pode afetar o futuro de muitas vidas. E, no caso de “No Limite
do Amanhã”, há como pano de fundo, metáforas e conspirações políticas. É aí que
entra a semelhança com “Tropas Estelares”, mas as semelhanças não param por aí:
o visual arrebatador, o clima de aventura e o gênero ficção científica também
são pontos em comum.
Também dá para dizer que “No Limite do Amanhã” parece
muito um videogame em um filme que não é inspirado em game nenhum. Enquanto as
adaptações de games são de um gosto muito duvidoso (à exceção de “Detona
Ralph”, claro!), aqui temos algo que lembra muito um cenário de game,
principalmente porque o nosso protagonista, assim que morre, tem que reviver
tudo novamente e volta tudo do começo da “fase”. E sem contar o visual, que
relembra muito a jogos de tiro, como “Battlefield” e “Call of Duty”.
“No Limite do Amanhã” é baseado no livro “All you need is
kill” de Hiroshi Sakurazaka, se passa em um futuro não muito distante e conta a
história de Bill Cage (Tom Cruise), que é um relações públicas do exército
americano. Após uma discussão com seu superior, Brigham (Brendan Gleeson), ele
é rebaixado de cargo e passa a viver como um simples soldado em uma batalha com
alienígenas no que eles chamam de “dia D”. Porém, a missão é suicida e leva ao
exército inteiro à morte. Cage morre nas mãos de um alienígena e volta do mesmo
ponto em que acorda como soldado. E todas as vezes em que Cage morre, ele parte
do mesmo ponto para tentar corrigir a carnificina. Bill Cage descobre que seu
“poder” de voltar no tempo é o único modo de salvar a humanidade dos chamados “Ômegas”,
que são os alienígenas mais avançados. Quem lhe conta é a guerreira Rita
Vrataski (Emily Blunt), que é a única que sabe das conspirações políticas e da
passagem de tempo de Cage.
Uma coisa que torna esse “No Limite do Amanhã” tão
especial é que, mesmo baseado em um livro, seu tom é praticamente de um filme
original. Não é baseado em quadrinhos nem tampouco é continuação. Aliás, é dos
poucos filmes do verão americano que não é seqüência. O filme merece sim, estar
entre os indicados às categorias técnicas, como Efeitos Especiais e Direção de
Arte.
Outro detalhe da expectativa baixa desse filme é a
escolha do diretor, Doug Liman. Ele começou a carreira de forma espetacular no
cinema independente com “Swingers – caindo na noite” e “Vamos Nessa” – seu melhor
filme na carreira. Tal talento levou Hollywood a chamá-lo a uma superprodução:
“A Identidade Bourne”, em 2002, que teve mais 2 filmes excelentes e um péssimo
reboot. Porém, a carreira de Liman foi ficando mais comercial e menos
interessante, com “Sr. & Sra. Smith” e “Jumper”, dois filmes que não gosto
e parecia que Liman entraria na galeria de diretores que não têm pulso firme e
estão à mercê dos produtores, como Brett Ratner, mas aqui o caso é outro. Mesmo
“No Limite do Amanhã” não sendo um filme autoral e é sim, uma superprodução,
nota-se o cuidado com o roteiro em entregar ao público o melhor material
possível.
Só tenho duas ressalvas em relação ao filme, primeiro, a
preguiça em fazer um final digno de nota. Toda a ousadia da história se perde
em um desfecho feito de qualquer jeito. e não podemos esquecer que o
protagonista de “No Limite do Amanhã” é Tom Cruise, que há tempos nos deve um
papel digno de nota e anda mais preguiçoso para atuar. E ele não consegue
colocar a carga dramática que seu personagem exige e aqui está com a cara do
Tom de sempre: sorridente e com cara de herói. Muito contrário é o papel de
Emily Blunt, que foi revelada lá em “O diabo veste Prada”, anda melhor a cada
filme e anda mais requisitada. Sua Rita é uma grande personificação de mulher
forte, esperta e a um passo a frente do universo masculino.
Mas compreendo a escolha de Tom para o papel, afinal, seu
rosto vende a seus fãs são incontáveis. E mesmo não sendo exatamente um sucesso
comercial, “No Limite do Amanhã” é, como já dito, um filme não-autoral de
estúdio.
Nota:
9,0
Imagens:
Trailer:
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