James Wan é o novo queridinho de Hollywood, isso no bom
sentido. Tudo começou lá em 2004 com o primeiro Jogos Mortais, quando ele
reinventou o gênero terror e depois nos agraciou com Sobrenatural, mas foi a
partir de Invocação do Mal, em 2013, que ele realmente se tornou um grande nome
em Hollywood.
E
para quem achava que ele estava relegado aos filmes de terror, ele surpreendeu
com Velozes e Furiosos 7, na qual foi elogiado por público e crítica, se tornou
uma das maiores bilheterias da história e é, de longe, o melhor filme da
franquia (algo raro ao chegar no sétimo filme).
O filme-solo do Aquaman, prometido para 2018, será
dirigido por ele. James Wan não é apenas um grande diretor/produtor de terror,
mas de gênero também, tanto que quando seu nome é colocado é garantia de
sucesso, foi assim com Annabelle e agora com Quando as Luzes se Apagam.
O filme é baseado em um curta-metragem homônimo dirigido
por David F. Sandberg que viralizou tanto que o diretor/roteirista decidiu
estender a sua história e transformá-la em um longa-metragem.
Aqui há um mínimo de efeitos de computação gráfica e a
fotografia utiliza de luz natural, assim como foi em O Regresso, respeitando as
devidas proporções.
Quando as Luzes se Apagam conta a história de uma família
aterrorizada por uma garota chamada Diana. O grande mistério aqui é saber qual
a ligação dessa menina com a família que leva a trama, sobretudo com Sophie
(papel de Maria Bello).
Se não fosse pelo nome de James Wan no pôster, Quando as
Luzes se Apagam possivelmente passaria despercebido pelo grande público: é uma
produção simples e assim como o recente O Boneco do Mal, não tem vergonha de
parecer – e ser – um terror b.
Mas Quando as Luzes se Apagam foi um enorme sucesso nos
EUA e deve repetir o feito no mundo, tanto que a continuação já foi anunciada e
James Wan gostou tanto do trabalho de Sandberg, que o chamou para a direção de
Annabelle 2, que estréia ano que vem.
Tamanho sucesso só reflete a boa fase dos filmes de
terror da atualidade: Invocação do Mal 2 teve a ousadia de estrear no meio do
verão americano e derrubou grandes promessas como Warcraft e Alice Através do
Espelho e em setembro deve estrear a terceira parte de A Bruxa de Blair.
Olhando por esse lado, Quando as Luzes se Apagam parece
um filmaço de terror. De fato, há muitas qualidades nele, como algumas já
citadas, mas há problemas graves aqui e isso independe de orçamento: há um arco
familiar com uma trama envolvendo separação, rebeldia e loucura, mas que é
muito vista por cima e mesmo algumas pontas soltas na qual o espectador tem a
esperança de que isso seja mais bem desenvolvido, fica muita coisa no ar (estariam
se guardando para a continuação?).
E
nem todos os personagens são exatamente interessantes: Maria Bello interpreta
bem a sua Sophie e seu desfecho é surpreendente em um roteiro que beirava à
obviedade, o mesmo pode-se dizer de seu filho Martin, que está dividido entre
ajudar a sua mãe e ao conforto de sua irmã, mas por falar na irmã, Rebecca tem
uma grande química com seu irmão, mas essa química inexiste quando está em tela
com sua mãe ou namorado, que também é um personagem desinteressante: se o tirasse
da história, não faria nenhuma falta na narrativa.
E por
fim, o filme não se decide entre o terror e a comédia: o “terrir” é um bom gênero
e já produziu grandes pérolas do cinema, mas aqui há várias cenas na qual uma
cena não assusta por causa de uma piada mal encaixada ou uma piada não tem
graça porque a cena é tensa.
Mas tudo isso pode ser perdoável: é o primeiro longa-metragem
de um diretor que já podemos dizer que é discípulo de James Wan – e considerando
o seu mestre, ele está no caminho certo.
Nota:
6,0
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