Quando se fala em Ben-Hur, logo vem à
cabeça o clássico de 1959, vencedor de 11 Oscar e que inspira os épicos até os
dias de hoje, mas é uma história antiga: o livro Ben-Hur: A Tale of the Christ
foi publicado no final do século XIX e antes da famosa versão estrelada por
Charlton Heston, teve uma primeira adaptação em 1907 e outra em 1925.
Portanto, a ideia de um remake de um clássico consolidado
pode parecer caça-níqueis e, considerando a Hollywood atual, ela de fato é, mas
considerar a versão de 1959 como única e intocável é injustiça, até porque é
uma história que caminha junto com os eventos narrados na bíblia, é uma saga
imortal e merece várias versões para todas as gerações.
Mas o problema desta nova versão de 2016 não é o remake
em si, mas está em apresentar uma história vazia, mal montada e sem carisma. E considerando
a grandiosidade que a trama merecia, isso foi um erro gravíssimo.
Toda a saga bíblica e que serve como base até hoje para
entendermos o período do Império Romano e o contexto no qual Jesus Cristo
viveu, nasceu e foi crucificado, foi transformada em uma história comum de
briga entre irmãos. E conseguiu ser pior que Êxodo, de Ridley Scott, lançado em
2014, já que, na ocasião, ainda tínhamos um bom elenco, pelo menos entre os
protagonistas, já aqui nem isso: Jack Huston não é exatamente um ator ruim, mas
aqui em Ben-Hur não transmite a importância de seu personagem, como todos os
atores o fizeram nas versões anteriores. Já seu antagonista, Toby Kebbell, faz
um Messala totalmente caricato e um vilão que não transmite medo nenhum. O ator
já havia se dado mal ano passado como o Doutor Destino em Quarteto Fantástico e
com o fracasso do filme, ele disse em uma entrevista que por conta da
não-aceitação do filme, seus projetos haviam se limitado.
Mesmo bons atores, como Rodrigo Santoro interpretando
Jesus Cristo e Morgan Freeman interpretando basicamente, ele mesmo, até têm um
arco mais interessante, mas pouco podem fazer com o pouco tempo de tela e
roteiro frágil, embora este filme pode ser uma nova alavanca para a carreira de
Rodrigo Santoro em Hollywood, iniciada há uma década atrás em 300.
O problema do personagem em si é que a aparição de Cristo
aqui é rápida e que mais funciona como um filme dentro de outro. Até mesmo a
famosa crucificação é renegada a um segundo plano em tela.
O cineasta Russo Timur Bekmambetov é um bom diretor de
ação e já provou isso em O Procurado e até no questionado Abraham Lincoln –
Caçador de Vampiros e há duas grandes cenas de ação aqui: a cena do remo e a
famosa seqüência da corrida de bigas.
Obviamente, não apresentam nem de longe o impacto que o
filme de 1959 apresentou, mas como cenas de ação, elas funcionam muito bem, ao
menos os animais e cenários digitais convencem e até podem causar a platéia
tensa em alguns momentos.
O roteiro desse
novo Ben-Hur é um grande paradoxo: ao passo que ele enxuga a história, ele se
torna repetitivo conforme o filme vai passando e se havia alguma chance de
conciliação, os minutos finais são inacreditavelmente ruins e descartáveis.
Hollywood vive hoje uma crise de criatividade. Fato. Mas não
há nada de errado em remakes, continuações ou reboots, desde que sejam
bem-feitos. E a história não mente: a relação entre Hollywood e os remakes não
vem de hoje em dia e fazem parte dos filmes desde sempre. E que venha o novo
Sete Homens e um Destino.
Nota:
3,0
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