Creed – Nascido Para Lutar (Creed)
Direção: Ryan Coogler
2015
Com:
Michael B. Jordan, Sylvester Stallone, Tessa Thompson, Tony Bellew, Phylicia
Rashad.
Drama
14 Anos
Creed
foi um risco tão alto que só poderia dar certo
Todos os envolvidos sabiam da dificuldade de fazer ‘Creed
– Nascido para Lutar’. ‘Rocky Balboa’ de 2006 fechou o ciclo de uma forma tão comovente
que parecia que a saga do lutador estava fechada nos cinemas e quando saiu a
notícia que fariam um filme sobre o filho de Apollo Creed, sendo o próprio
Stallone como treinador, a idéia pareceu mais oportunista do que artística. Sem
contar que, à exceção do próprio Stallone e em parte do Michael B. Jordan, o
restante do elenco é praticamente desconhecido, inclusive o diretor Ryan
Coogler, com apenas 2 filmes na carreira.
E o ator Michael B. Jordan está vindo do fracasso de ‘Quarteto
Fantástico’ e veio a dúvida se ele conseguiria segurar um papel dramático
sozinho. O próprio Stallone vem de um ‘Mercenários 3’, que também fracassou nas
bilheterias mundiais.
Mas, para a surpresa geral e para a alegria dos fãs – e dos
não-fãs da franquia - ‘Creed – Nascido para Lutar’ é um grande filme, que não
só resgata o clima de nostalgia dos 6 filmes da franquia Rocky, mas que se
sustenta como filme dramático e história de superação.
‘Creed – Nascido para Lutar’ conta a história de Adonis
Johnson, que é filho biológico do ex-campeão mundial de boxe, Apollo Creed, mas
jamais conheceu seu pai, pois ele morreu antes de seu nascimento e Adonis passou
por lares adotivos até ir morar com sua mãe biológica, Mary Anne.
Ela nunca quis que Adonis fosse lutador, pois Apollo
morreu no ringue, mas o garoto descobre que seu dom é nas lutas e entre algumas
brigas clandestinas, ele resolve ser um lutador profissional, quer que seu
treinador seja ninguém menos do que o mítico Rocky Balboa em pessoa e sua
chance de carreira surge quando ele aceita uma luta contra o campeão mundial
Ricky (interpretado por Tony Bellew, que na vida real é um pugilista de verdade).
Neste meio tempo, ele conhece sua vizinha, Bianca (vivida
por Tessa Thompson, que apareceu recentemente em ‘Selma – Uma Luta Pela
Igualdade’), que é cantora e tem um problema de surdez gradativa e os dois têm
um romance – e a química entre eles é inegável.
Após os acontecimentos de ‘Rocky Balboa’, lançado em
2006, o “garanhão italiano” já havia pendurado as luvas e luta contra um câncer
que o persegue há tempos, mas ele jamais curou.
Com várias
franquias famosas do cinema voltando – e a maioria apostando na nostalgia dos
fãs, a saga de Rocky Balboa também volta aos cinemas de forma triunfal e o
clima dos filmes clássicos está presente, seja na música, no design de
produção, em imagens “reais” da época, em frases de efeito e até no figurino.
Para isso, a equipe de produção conta com ninguém menos
do que o próprio Stallone, Robert Chartoff e Irwin Winkle (que produziram todos
os filmes da franquia e o grande ‘Touro Indomável’, de Scorsese).
Michael B. Jordan se revela um bom ator dramático e na
iminência de esse filme dar certo nas bilheterias e se criar um novo recomeço à
franquia, ele pode sim, segurar os filmes nas costas, independentemente de
Stallone ao seu lado ou não.
Aqui em ‘Creed – Nascido para Lutar’ o Sly não é apenas o
técnico que incentiva seu pupilo a crescer na carreira e dar a volta por cima,
mas toda a filosofia aprendida ao longo de sua carreira, como vista nos filmes
anteriores, agora ele está compartilhando com a nova geração, ou seja, não é
apenas Balboa falando com Adonis, mas é Stallone falando com Michael B. Jordan –
ou uma pessoa experiente dando lições de vida, no caso, para nós, espectadores.
Apesar de o romance entre Adonis e Bianca ter uma boa
química, a moça é uma personagem pouco aproveitada, muito mal explorada que mal
dá para torcer pela luta dela contra a surdez gradativa e se a intenção foi a
de fazer de Bianca uma nova Adrian como personagem feminina forte, foi um tiro
pela culatra.
Outra grande falha de roteiro é que embora a morte de
Apollo seja sempre citada e lembrada, jamais falam como ele morreu de fato e
FICA AQUI O AVISO DE SPOILER PARA QUEM NÃO VIU ROCKY IV, que completa 30 anos
agora em 2015:
Para quem viu o filme de 1985, sabe que Apollo Creed
morreu em uma luta contra o boxeador soviético Ivan Drago e essa era a
motivação para Rocky procurar vingança em terras russas. Em Rocky IV
acompanhamos todo o treinamento e dor de Balboa para vingar o amigo contra um
boxeador praticamente imbatível como Drago, é uma parte importantíssima na
saga, mas aqui foi, infelizmente, ignorada.
Mas, apesar dessas ressalvas, é inegável que ‘Creed –
Nascido para Lutar’ seja uma boa surpresa e merece ser visto, seja para fãs da
franquia, para cair na nostalgia, como história de superação, fãs do esporte ou
para o espectador casual que vai ao cinema para se divertir. E se o sucesso
comercial vier, só torcemos para que as possíveis continuações não venham
apenas para preencher a demanda do estúdio.
Nota:
9,0
Imagens:
Trailer:
Gostei, sim recomendo! Uma acertada escolha que traz peso dramático ao personagem de Sylvester Stallone (muito talentoso, muito em breve vai estrear o filme Fahrenheit 451), que não desperdiça a oportunidade e faz aqui uma interpretação memorável. Assim como Michael B. Jordan consegue passar a veracidade exigida para o seu Adonis, sempre muito conectado e lembrando em alguns andamentos os trejeitos de Carl Weathers. A fita também abre espaço para Tessa Thompson, onde faz uma figura que por sua vez enfrenta uma triste realidade que a cada dia parece mais próxima. Creed é um filme que consegue homenagear respeitosamente a obra de 76, apresentando personagens profundos e dando uma despedida digna a um dos maiores personagens do cinema.
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