Homem-Formiga (Ant-Man)
Direção: Peyton Reed
Ano de produção: 2015
Com:
Paul Rudd, Michael Douglas, Evangeline Lilly, Corey Stoll, Bobby Cannavale, Judy
Greer, Anthony Mackie, Michael Pena, Hayley Atwell, John Slattery.
Gênero:
Ação
Classificação Etária: 14 Anos
A
Marvel mais modesta e não menos interessante
Para a Marvel não importa se o herói é conhecido ou não,
o que importa é que ele ou ela esteja integrado ao seu universo. Desde o
primeiro Homem de Ferro, em 2008, ela faz aquilo que era considerado de nicho
se tornar popular. A exceção dos fãs mais conhecedores de HQs, ninguém conhecia
o Homem de Ferro antes do primeiro filme, assim como ninguém conhecia o grupo
dos Guardiões da Galáxia até ano passado e hoje em dia o que mais se tem são os cosplayers e fãs de Tony Stark e do
grupo dos Guardiões.
Até ano passado o filme dos Guardiões da Galáxia era o
considerado mais arriscado do estúdio e deu mais do que certo, mas, agora, em
2015, não é exagero nenhum dizer que o filme mais arriscado da Marvel realmente
é o Homem-Formiga. E por uma série de motivos.
Não bastasse o fato de ser um herói que é do 3° escalão
das HQs, ele ainda tem um poder peculiar, que é o de ficar de tamanho
minúsculo, mas fica com a força proporcional a de um adulto e ainda, conseguir
domar as formigas como se fosse um exército.
Se por menos do que isso já fazem memes e piadas nas
redes sociais, imagina com um tema desses.
E ainda temos que considerar que o protagonista é um
ladrão que já teve passagem pela prisão, o que pode provocar repulsa no público
mais conservador – além da dificuldade em escrever o roteiro.
E as ressalvas não param por aí: a produção de
Homem-Formiga teve várias revisões de roteiro e o então diretor, Edgar Wright
(que dirigiu ‘Scott Pilgrim Contra o Mundo’) teve divergências de idéias com a
Disney/Marvel e abandonou a cadeira de diretor, deixando o cargo para Peyton
Reed, que dirigiu algumas comédias, como os conhecidos ‘Sim Senhor’ e
‘Separados pelo Casamento’ e os subestimados ‘Abaixo o Amor’, com Renée
Zellweger no auge e ‘Teenagers – As Apimentadas’, porém, nunca dirigiu uma
super produção.
Homem-Formiga pode não ser um filme excelente, mas se
olhar para todos esses problemas que a produção teve, só o fato de nos entregar
um filme bacana podemos sim, dizer que o resultado foi excelente.
A cena de abertura é formidável: se passa no ano de 1989
na qual o Dr. Hank Pym (Michael Douglas) entrega o projeto do homem-formiga
para Howard Stark, pai de Tony – e na presença da Agente Peggy Carter (Hayley Atwell)
– e a série da Agente Carter mostra que ela e Howard têm uma forte ligação
desde a 2ª Guerra Mundial.
Não bastasse isso na cena, o trabalho de computação
gráfica de rejuvenescer Michael Douglas está perfeito. Ele ficou idêntico à sua
época de galã de ‘Atração Fatal’ e ‘Instinto Selvagem’ e caiu muito em nossa
nostalgia. E não podemos deixar de reparar na maquiagem da Peggy Carter já uma
senhora, longe daquela moça jovem apresentada na série.
Depois
disso somos levados aos tempos atuais e à história central: Scott Lang (Paul
Rudd) acaba de sair da prisão e precisa de uma colocação profissional e do respeito da filha – que mora com a mãe (Judy Greer) e seu namorado, o policial
Paxton, mas que logo é atraído por Hank e roubar o projeto do Jaqueta Amarela,
criado pelo ambicioso Darren Cross (Corey Stoll, da série House of Cards) na
própria empresa criada por Hank e hoje Darren é o presidente.
Pym
entrega para Lang o uniforme do Homem-Formiga e o instrui o usar o poder de
ficar minúsculo e controlar um exército de formigas, com a ajuda da filha de
Pym, Hope (Evangeline Lilly).
Existem
várias maneiras de se ver e definir o Homem-Formiga: seja como um filme de
assalto, pois há um alívio cômico entre os amigos de Lang que planejam as
invasões mais furadas do cinema – é quase como uma paródia de ‘Onze Homens e Um
Segredo’. Pode ser visto como um drama familiar, pois tem toda a história da
filha de Lang, ele tentando se aproximar da criança, ela querendo a presença
paterna e Paxton tentando destruir a imagem de Scott, além da convivência entre
Hope e Pym e a indiferença que a moça trata o pai, que só entendemos ao longo
do filme.
E
obviamente pode ser visto como uma grande comédia: o filme tem piada a toda
hora. Mesmo alguns momentos mais densos, há uma piada no final. A grande
maioria funciona, sobretudo aquelas que brincam com o tamanho do herói, mas algumas
se tornam repetitivas, como as grandes histórias que Luis conta.
Não
é surpresa nenhuma que o filme tenha um tom para a comédia, se considerarmos
que o próprio Paul Rudd e Adam McKay (que escreveu e dirigiu várias comédias do
Will Farrell, por exemplo) são os roteiristas.
As formigas
são insetos que agüentam até 50 vezes mais do que seu peso e elas ainda
trabalham em sociedade. E o roteiro explora isso brilhantemente.
Como
adaptação – e como elo dentro do Universo Marvel- Homem-Formiga funciona muito
bem. Para quem não sabia, Hank Pym é um cientista e nas HQs é ele que cria o
Ultron e já teve as versões de Hank Pym e Scott Lang, além de uma outra na
atualidade, mas jamais teve uma revista só dele. E o fato de colocar o herói
antigo para confiar o uniforme ao mais novo é uma grande sacada de roteiro para
não perder tempo com explicações e ainda amarrar o passado e presente do
Universo Marvel... Além da já citada referência à Agente Carter e a óbvia
ligação com os Vingadores, existe a ligação com a série Agents of Shield: Darren
tem uma ligação forte com a Hydra, agência que corrompeu a Shield.
Não
há ressalva nenhuma com ninguém do elenco, nem todo mundo está bem
desenvolvido, infelizmente, como o próprio Jaqueta Amarela, mas os atores são
muito bons e cada um, à sua maneira, dá um tom a mais para o filme: Paul Rudd
está bem à vontade como herói e assumiu o filme para si; Michael Douglas faz um
Hank Pym que é quase como uma figura paterna ao herói e é muito bom ver esse
grande ator fazendo um papel grande após sua doença que quase o matou há 2
anos. Evangeline Lilly (a Tauriel de Hobbit e Kate da série Lost) faz de sua
Hope uma filha insegura, porém, uma mulher inteligente. E
Corey Stoll, embora existam muitas ressalvas com seu Jaqueta Amarela, não
podemos nos esquecer que ele arrebenta como empresário inescrupuloso e
corrupto.
Seja
como produção quase modesta ou como produto de entretenimento, Homem-Formiga é
um filme que jamais deve ser descartado, merece ser visto e descoberto. Para quem
for vê-lo nos cinemas, há duas cenas pós-créditos, uma no meio dos créditos e
outra no final – fazendo ligação com um outro lançamento da Marvel.
Nota:
8,0
Imagens:
Trailer:
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