Cidades de Papel (Paper Towns)
Direção: Jake Schreier
Ano de produção: 2015
Com:
Nat Wolff, Cara Delevingne, Justice Smith, Austin Abrams, Halston Sage.
Gênero: Comédia Romântica
Classificação Etária: 14 Anos
Quero
ser John Hughes
Recentemente o escritor John Green veio ao Brasil para
divulgar Cidades de Papel, um novo filme baseado em uma de suas obras. Depois do
mega sucesso de A Culpa é das Estrelas no ano passado, a Fox não dormiu em
serviço e já correu para uma nova adaptação em um espaço de um ano.
Embora sejam dois livros completamente diferentes, as
características do autor estão lá, assim como em todos os seus livros, seja a
linguagem mais intimista ou o tratamento mais humano do universo adolescente, sem
estereotipá-los, mostrando a juventude é uma fase de dúvidas e descobertas ao
mesmo tempo.
O que fica muito visível em Cidades de Papel, na qual o
autor mostra os vários perfis, seja o protagonista, Quentin, inseguro e cheio
de dúvidas, ou seus amigos: Ben, um jovem na idade dos hormônios e Radar, que
tem uma namorada linda, mas esconde muita coisa de sua vida no mundo de
aparências (seus pais têm uma coleção de papais-noéis negros pela casa). Este seria
o mundo dos “losers”, mas há o grupo dos mais “perfeitos”, como Lacey, Becca e
Jase, mas a representação maior de perfeição para a história é a vizinha
descolada de Quentin, Margo Roth Spiegelman.
Desde a infância Quentin nutre uma paixão por Margo, mas
os dois tomaram rumos completamente diferentes em suas vidas: Quentin é tímido
e carente, ao passo que Margo é uma das mais populares do colégio (se não, A
mais) e também namora Jase, o garoto mais popular da escola.
Os dois estavam há anos sem se falar até que Margo
aparece misteriosamente na janela de Quentin no meio da noite para pedir para
ele auxiliá-lo em um plano de vingança: ela descobre que Jase a traía com Becca
e sua melhor amiga, Lacey, sabia de tudo e não fez nada e apronta contra os
três durante a madrugada.
No dia seguinte, Margo some misteriosamente, mas Quentin
e seus amigos, junto com Lacey, tentam seguir suas pistas para encontrá-la...
Esta é basicamente a história de Cidades de Papel, há
muito mais para ser descoberto, mas se contar mais, entrarmos no mundo dos spoilers, mas a escrita de John Green no
livro é mais dramática e romanceada na medida certa e, embora o tema principal
não fosse tão delicado quanto o de A Culpa é das Estrelas, John tratou a
história como de gente grande, sem esquecer que seus protagonistas são
adolescentes.
Quem fazia muito isso era o diretor e roteirista John
Hughes, que mudou a forma de como vemos os filmes do gênero nos anos 1980 com
os clássicos Clube dos Cinco e Curtindo a Vida Adoidado. No cinema atual, quem
fez isso muito bem, que foi tratar o mundo adolescente como de gente grande foi
o fabuloso As Vantagens de Ser Invisível (ainda não viu? Tenha ele como
prioridade para vê-lo já), que bebe muito na fonte de Hughes.
O problema é que, como adaptação, Cidades de Papel fica
muito aquém: não bastassem os problemas de edição durante a vingança (Margo diz
que fará 9 coisas durante a noite, que resultaram em apenas 5, considerando que
a cena do SeaWorld foi cortada da edição final por causa do documentário
Blackfish), ainda o filme se apresenta mais como uma comédia passageira do que
como uma trama intimista, com várias piadas sem graça, inclusive, piadas
relacionadas a hormônios que parecem vindas de American Pie. O Quentin inseguro
e cheio de dúvidas do livro deu lugar a um adolescente cheio de caras e bocas
interpretado por Nat Wolff, que não é um bom ator.
Tanto a Direção de Arte quanto a Trilha Sonora ficam
martelando em nossa mente que aquele é o universo de A Culpa é das Estrelas e,
para relembrar o sucesso do ano passado, há uma participação especial de um
personagem importante do filme em uma loja de conveniência.
O estranho é que os roteiristas deste filme aqui, Scott
Neustadler e Michael H. Weber são os mesmos de A Culpa é das Estrelas, já
sabiam da receita e era só repetir aqui. E poucas piadas funcionam (a do
papai-noel negro é hilária) e ficou parecendo que os momentos cômicos foram
mais forçados do que espontâneos.
O filme ganha muita vivacidade quando Margo está em tela,
que, além do contraste em relação ao tímido Quentin, é sua personagem que dá
essa idéia melancólica e intimista que o filme precisa, seja durante a sua
vingança ou nos momentos finais (que não contarei aqui). Sem contar a cena em
que os dois observam a cidade do alto de um edifício comercial, na qual Margo
explica a metáfora das Cidades de Papel. É um momento prazeroso do filme, que
termina em uma dança.
Fruto da boa atriz que é esta menina chamada Cara Delevingne,
que também é modelo profissional e logo estará na superprodução Esquadrão
Suicida e Cidades de Papel é seu primeiro personagem de destaque.
A mensagem que ela nos dá é a mesma do livro e lembra
muito a mensagem do Curtindo a Vida Adoidado de John Hughes, que é para
aproveitarmos mais o momento sem pensar no amanhã e sem a pressa de crescer. Afinal,
como o próprio Ferris Bueller diz: “A vida passa muito depressa. Se não
pararmos para curti-la de vez em quando, ela passa e você nem vê”!
Nota:
6,0
Imagens:
Trailer:
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