Criada
por: Raphael Bob-Waksberg
Ano
de lançamento: 2015
Vozes de: Will Arnett, Aaron Paul, Alison Brie, Amy
Sedaris, Paul F. Tompkins, Lisa Kudrow.
Gênero:
Animação
Classificação
Etária: 16 Anos
A Netflix original e cheia de referências
Não é segredo para ninguém a alta
qualidade das séries da Netflix e como não é exatamente um canal, ela pode
ousar mais, não ter que responder a patrocinadores e os roteiristas podem
trabalhar nela de forma mais autoral.
E isso significa que ela também pode
trabalhar “fora da caixa”, que é pegar uma idéia que ninguém havia pensado
antes e transformar o impossível no possível, embora as referências estejam lá.
É o caso de Bojack Horseman, que pode parecer tola e causar repulsa de início,
mas bastam alguns minutos de projeção para ver que se trata de uma série
absolutamente deliciosa de se ver, muito incorreta, portanto, adulta e há muito
de Os Simpsons, Uma Família da Pesada e South Park.
Na história, um cavalo chamado Bojack
(dublado por Will Arnett, que é produtor executivo) foi estrela da série Horsin
Around no passado e nos dias de hoje vive amargurado, bêbado e arrogante: ele
ainda se sente como uma estrela e tenta tirar vantagem de tudo isso.
A série critica a tudo e a todos
praticamente sem pudor. Desde as celebridades que se sentem como deuses até à
indústria hollywoodiana, além do já óbvio destrato aos ex-ídolos até ao
ambiente de um set de filmagem.
Cada personagem tem um perfil que é
alguma referência e alguma ironia: além do próprio Bojack, temos seu hóspede,
Todd, dublado por Aaron Paul (o Jesse Pinkman de Breaking Bad e aqui também
trabalha como produtor executivo) que funciona como uma espécie de alívio
cômico, tem um grande coração e sempre parece ter um juízo melhor do que o
cavalo.
A Princesa Caroline é a empresária
fracassada de Bojack, é tão arrogante quanto ele, e tão atrapalhada quanto. Ela
namora um sujeito que claramente é uma criança disfarçada de adulto, em uma
crítica bacana à sociedade de aparências.
O Sr. Peanutbutter é um gato que é
um empresário de um estúdio de Hollywood, também é arrogante embora seja bem
sucedido. Ele é rival de Bojack por uma razão simples: ele é o marido de Diane,
amiga e interesse amoroso do cavalo.
Diane é uma escritora e escreveu um
livro biográfico sobre Bojack, que mostrou o lado mais “humano” do sujeito
arrogante e foi após o sucesso deste livro que o estúdio do Sr. Peanutbutter
convidou o cavalo para o papel principal em Secretariat, um filme que Bojack almejava
e é a chance de ele ter seu estrelato de volta.
As duas temporadas mostram o lado
arrogante e cínico de Bojack, mas com tramas diferentes: a primeira temporada
focou mais no lançamento do livro e Diane era quase a protagonista (na 2ª
temporada ela se torna menos importante na série), ao passo que na segunda
temos as gravações de Secretariat e o novo romance de Bojack: ele tem um caso
com uma das produtoras, que é uma coruja e é dublada pela Lisa Kudrow.
Há dois flashbacks praticamente
dramáticos nas duas temporadas e nas duas ocasiões foram os melhores momentos
das temporadas: na primeira conhecemos Sarah Lynn, que era a menina que atuava
ao lado de Bojack no seriado, mas, nos dias de hoje é viciada em drogas e é
mais lembrada pelos escândalos (alguém se lembrou de Lindsay Lohan?). Foi
bacana ver que ela era uma menina sonhadora, era muito inteligente e esforçada
e queria uma vida normal, mas foi reprimida por sua mãe, que a usava para
ganhar dinheiro, além de ter sido seduzida pelas facilidades de Hollywood.
E na segunda temporada vemos com
mais detalhes a infância de Bojack: ele era tímido, retraído, seu pai era um
beberão, violento e sua mãe o destratava, culpando-o por nascer e deixá-la
“feia” e vivia castigando o garoto.
Várias celebridades são citadas ao
longo dos episódios: Naomi Watts (que praticamente ganha um episódio próprio),
Andrew Garfield, David Boreanaz (que foi o Angel em Buffy – A Caça Vampiros,
ganhou uma série própria e agora está sumido). E por falar em atores sumidos,
há um personagem com o nome de “Quentin Tarantulino”, em uma clara referência à
Tarantino, inclusive brincando com o fato de ele “ressuscitar” a carreira de
alguns atores.
Quem vê imagens de Bojack Horseman
pode ter algum preconceito pela “zoomorfização” dos personagens (há gatos,
baleias, répteis interpretando humanos) e ainda no século 21 tem gente dizendo
que desenho é coisa de criança, mas, para quem reclama da mesmice dos programas
de hoje, dê uma chance a Bojack Horseman. A série é curta e dá para ver no
padrão maratona da Netflix.
Nota:
9,0
Imagens:
Trailer:
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