De Volta Para o Futuro
foi um grande marco dos anos 80 e 90 e seu legado repercute até os dias de
hoje. Principalmente agora, em 2015, na qual o primeiro filme completa 30 anos
e o terceiro, 25, mas o caso mais curioso foi o do segundo filme: ele é de 1989,
4 anos depois do lançamento do primeiro, mas o “futuro” apresentado por ele é
justamente o ano de 2015. Ou seja, o futuro já chegou segundo Robert Zemeckis,
Steven Spielberg e companhia.
A idéia nem era fazer uma trilogia, mas hoje é de extrema
importância para a cultura pop, gerando produtos, estudos e uma legião de fãs
que se dividem quanto a necessidade de uma continuação ou não.
Recentemente
Zemeckis foi perguntado da possibilidade e ele respondeu: “só depois de morto”.
É que a trilogia é tão fechada e embora seja atemporal,
todas as brincadeiras com as datas e com as reviravoltas ficaram por lá e toda
a magia e imaginação sobre a possibilidade de viajar no tempo também ficam
junto com os 3 filmes que dá muito receio de mexer em algo consolidado.
Não bastasse isso, vai ser difícil de engolir um novo
elenco com atores tão marcantes em seus papéis, sendo assim, mesmo com os fãs
clamando pela volta da franquia e querendo mais filmes, é compreensível que o
diretor não queira mexer em seu produto, independentemente do sucesso ou não
que irá fazer.
Mas, o que há em ‘De volta para o futuro’ para tamanho
sucesso? E Por que há tantos fãs?
Primeiro temos que voltar à época do primeiro filme. em
1985, Robert Zemeckis era um total desconhecido em Hollywood, mas tinha um
amigo poderoso: Steven Spielberg era dos maiores (se não, O Maior) nomes de
Hollywood, pois já havia lançado dois filmes de Indiana Jones, ET – O
Extraterrestre ainda estava fresquinho na memória do público e não devemos nos
esquecer que o filme que o lançou para o estrelato, ‘Tubarão’, havia completado
10 anos de lançamento e foi o filme que praticamente inventou o conceito dos
blockbusters.
Eles se juntaram ao roteirista Bob Gale, aos produtores
Kathleen Kennedy e Frank Marshall, ao compositor Alan Silvestri e ao Letrista
Huey Lewis para conceber um novo filme para o verão de 1985.
Mas ‘De Volta Para o Futuro’ não nasceu da forma como o
conhecemos, houve algumas mudanças de roteiro e personagens: no script
original, a viagem do tempo não seria feita em uma DeLorean, mas em uma
geladeira, mas os realizadores acharam que o público poderia querer imitar
entrar na geladeira de casa. E também quem faria o papel de Marty McFly seria
Eric Stoltz ao invés de Michael J. Fox, mas os produtores não achavam que não seria
uma boa idéia porque Eric era “sério” demais. Fox estava envolvido com a série ‘Caras
e Caretas’ durante o dia e filmava o filme à noite – e as tomadas do filme que
acontecem de dia foram filmadas durante o fim de semana.
E embora a trilogia inteira seja excelente, nada apaga a
magia e o clima de nostalgia do primeiro filme: desde o clima de anos 80, que
nos remete à adolescência, bullying, mas fundamentalmente à viagem no tempo:
quando Marty volta a 1955, ele vê seu local completamente diferente: não existe
a Av. John Kennedy (ele foi eleito presidente só em 1960), na ocasião do
lançamento do filme, o presidente americano era Ronald Reagan – sendo que nos
anos 1950 ele era ator – e há uma piada deliciosa sobre isso. E o sujeito que
era prefeito em 1985 trabalhava em uma lanchonete 30 anos antes.
Mas em relação às mudanças na vida de Marty, nada se
compara ao encontro dos seus pais quando jovens: sua mãe, Lorraine, que se
apaixona por Marty era popular na escola e fumava, já seu pai era tímido,
carente e só apanhava de Biff (o grande vilão da série). A presença de Marty em
1955 altera toda a história, principalmente no encontro e relacionamento de
seus pais. E quem nunca quis ver como eram os pais na adolescência?
‘De volta para o futuro’ é um filme perfeito: desde a
história, carisma, envolvimento, técnica, reconstituição de época e o lado
musical: a Trilha Sonora de Alan Silvestri já ficou na história do cinema e a
canção principal, The Power of Love, de Huey Lewis foi indicada ao Oscar, mas
perdeu, injustamente para ‘Say you, say me’.
O sucesso de público e crítica de ‘De volta para o
futuro’ fez os produtores e roteiristas pensarem em uma continuação, mas é
curioso isso porque o final do filme já sugere que haverá uma seqüência, mas Zemeckis
disse em uma entrevista que tudo foi uma brincadeira do roteiro. Não bastasse
isso, a mensagem “To be continued”, que aparece no final, só veio no VHS e DVD.
‘De volta para o futuro 2’ só veio em 1989, 4 anos
depois. Agora com um orçamento muito maior e sendo filmado simultaneamente com
a parte 3. O filme finalmente apresentou o futuro que estávamos imaginando: a
história se passa no ano de 2015 (!) na qual Marty, sua namorada, Jennifer e
Doc Brown viajam para o futuro com a DeLorean para corrigir um problema com seu
futuro filho, na qual ele também sofre bullying da gangue de Griff (neto de
Biff).
Lá, ele “se vê” no futuro, e também vê sua esposa e
filhos (e os filhos também não interpretados por Michael J. Fox, inclusive A
filha, em um trabalho interessante de maquiagem).
Seu local está completamente diferente: há um cinema em
3D passando “Tubarão 19”, os skates são voadores, a polícia é mais eficiente no
combate ao crime, não há advogados e os carros voadores já existem (à exceção
do cinema em 3D, é bem diferente da 2015 de hoje).
Porém, o plot
principal do principal de ‘De volta para o futuro 2’ é que no futuro de 2015,
há um almanaque com os resultados de todos os jogos de todos os esportes entre
1950 e 2010, que Marty tem idéia de levar ao passado para ganhar dinheiro, mas
é impedido por Doc Brown.
O problema é que o Biff do futuro volta ao passado e
entrega o tal almanaque para o Biff de 1955 e o presente de 1985 é
completamente diferente do apresentado no primeiro filme: Biff é o homem mais
poderoso da cidade, sua mãe é casada com ele e seu pai foi assassinado pelo
próprio Biff em 1973. Considerando a cidade escura, é praticamente um futuro
pós-apocalíptico.
‘De volta para o futuro 2’ não agradou como o primeiro,
sobretudo pela trama dita confusa e pelas previsões furadas de roteiro, mas
jamais podemos menosprezá-lo: as brincadeiras com passado, presente e futuro
estão mais aprofundadas e as questões como “e se?” também foram mais apuradas.
Sem contar que é difícil prever o futuro e os realizadores
sabiam disso, tanto que levaram a história mais pela brincadeira...
Seis meses após a estréia do segundo, ‘De volta para o
futuro 3’ estréia.
Dessa vez eles voltam 100 anos no tempo e viajam para
1885, no Velho Oeste.
Embora seja o mais fraco da trilogia, sobretudo pela
mudança de paradigmas – o que era ficção virou western – ainda é um filme muito
bacana, absolutamente divertido de se ver, mostrando a cidade em construção (na
verdade, o país em construção, na chamada “Marcha para o Oeste”), novamente as
referências do primeiro filme estão lá e uma homenagem honesta a Clint Eastwood
– coincidência ou não, ele realiza o grande ‘Os Imperdoáveis’ em uma homenagem
aos westerns.
A trilogia se encerra de forma honesta e melancólica. Foi
difícil ver a destruição da DeLorean e saber que aquilo não vai mais acontecer,
mas nos faz lembrar que todo ciclo se fecha uma hora e também não nos deixou se
esquecer da nossa dura realidade, mesmo estando vendo uma obra de pura magia.
De volta para o futuro: 10,0
De volta para o futuro 2:
9,0
De volta para o futuro 3:
8,0
Imagens:
De volta para o futuro:
De volta para o futuro 2:
De volta para o futuro 3: