O Hobbit – A Batalha
dos Cinco Exércitos (The Hobbit: The Battle of the Five Armies)
Direção: Peter Jackson
Ano de produção: 2014
Com:
Martin Freeman, Richard Armitage, Ian McKellen, Luke Evans, Evangeline Lilly,
Orlando Bloom, Lee Pace, Benedict Cumberbatch, Ken Stott, Cate Blanchett, Ian
Holm, Hugo Weaving.
Gênero: Aventura
Classificação Etária: 12 Anos
Último
filme da saga é o retrato da trilogia desnecessária
Já no terceiro filme, pode parecer inútil a discussão da
necessidade de Peter Jackson fazer ou não uma trilogia para um livro tão
pequeno e fechado quanto O Hobbit. Na verdade, é justamente por isso que o
debate é válido: se alguém tinha alguma dúvida se valeu a pena ou não, ela é
tirada neste filme aqui. E já começa com um gravíssimo problema de edição: o
prólogo do filme, arrebatador, diga-se de passagem, é o que deveria ser o final
de ‘A desolação de Smaug’, pois aquele final incompleto do filme anterior
poderia ser concluído aqui, para depois mostrar o foco de ‘A Batalha dos Cinco
Exércitos’, que é a batalha em si: homens, anões e elfos lutando contra um
inimigo em comum, mas tendo que lidar com algo maior do que isso: seus próprios
egos.
Se o filme fosse focado nisso, o resultado seria melhor
do que o apresentado, mas terminou com uma colcha de retalhos em que
praticamente não há envolvimento com os grandes personagens – alguns até que o
próprio Jackson criou.
Se a trilogia do Anel inovou com sua narrativa perfeita e
uma nova forma de se criar grandes batalhas, aqui Peter Jackson colocou os 48
frames por segundo, dando uma idéia maior de profundidade em detrimento aos
atuais 24. E o resultado é muito bonito. Tem-se a impressão de estar em um
grande videogame e, logo no início, a guerra é quase documental. E mesmo a
batalha do título (que dura cerca de 45 minutos) é bem feita. Se não for
indicado a Efeitos Visuais, é marmelada.
O problema é que Peter Jackson, infelizmente, ficou
megalomaníaco: se ele ousou em colocar um livro que era dito como “infilmável”
como ‘O Senhor dos Anéis’, criou uma legião de fãs e, de quebra, calou a boca
daqueles que torciam contra, aqui há muita estética para pouca coisa. E se
havia sentimento e empatia com os personagens e a história, ela vai se perdendo
conforme o filme vai passando.
Mesmo com essa trilogia havia uma empatia: em ‘Uma
Jornada Inesperada’ há um sentimento de nostalgia e, mesmo arrastado, tínhamos
uma história fechada e focada no grupo de anões em busca de ouro. E só isso.
Em ‘A Desolação de Smaug’, mesmo com o roteiro abrindo
espaço para os elfos, ainda havia uma motivação para a platéia se preocupar: o
retorno de Legolas (que fez todo o sentido no contexto) e a inserção da elfa
Tauriel, que era sim, uma grande personagem vivida pela Evangeline Lilly, que é
uma boa atriz, a seqüência de ação dos barris, mais o diálogo espetacular entre
Bilbo e o dragão Smaug, tornou o filme mais atraente e parecia que a coisa
estava se encaixando (não é exagero nenhum dizer que ‘A desolação de Smaug’ é o
melhor da trilogia). E com tudo isso, havia muita expectativa para este aqui.
A personagem de Tauriel praticamente inexiste por aqui:
ela é quase fantoche de Legolas e só ganha uma mínima importância perto do
desfecho que não há tensão nenhuma. Nem mesmo seu romance com o anão Kili, que
servia até como um alívio cômico no filma anterior, por aqui, é praticamente
sem sentimento.
Por falar em alívio cômico, o personagem de Alfrid, que é
o bajulador de Bard, é constrangedor e digno do troféu Framboesa de Ouro: ele é
aproveitador e só ganha crédito à custa dos outros e não há uma só frase dele
que não seja para fazer piada sem graça.
Um arco da história que deveria ser o centro era entre
Bilbo e Thorin – Escudo-de-Carvalho. Bilbo que, aliás, de protagonista no
primeiro filme agora é um coadjuvante de luxo. Nem mesmo o ótimo ator que é
Martin Freeman, parecia à vontade no papel. E Thorin, que aqui deveria ter um
destaque maior, é movido pela ambição e poder. A “rivalidade” entre os dois é
praticamente só citada e pouco aprofundada, infelizmente.
E não tem jeito: Peter Jackson não consegue se distanciar
de ‘O Senhor dos Anéis’, seja na música ou pelos personagens. A intenção foi
uma mistura de pressão da Warner, satisfação pessoal e agradar os fãs da
Terra-Média.
Na verdade, nem ele queria dirigir essa trilogia, essa
seria uma missão para Guilhermo Del Toro (de ‘Círculo de Fogo’), mas ele acabou
assumindo.
Queremos
uma obra com o coração e a alma de Peter Jackson, sem precisar cair na
nostalgia do Anel.
Nota:
7,0
Imagens:
Trailer:
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