Magia ao Luar (Magic
in the Moonlight)
Direção: Woody Allen
Ano de produção: 2014
Com:
Colin Firth, Emma Stone, Eileen Atkins, Marcia Gay Harden, Jacki Weaver.
Gênero: Comédia Romântica
Classificação Etária: 12 Anos
Allen
continua espirituoso e vital
A força, coragem e vitalidade de Woody Allen são realmente
impressionantes. O sujeito tem quase 80 anos e mais de 50 filmes – mas ainda
quer mais. Ele mantém a média de realizar um filme por ano, jamais fez um filme
ruim, existem alguns médios ou “normais”, é verdade, mas dificilmente
decepciona. Ao contrário, volta e meia surge algum filmaço candidato a clássico
e que impressiona. Na última década foram 3 casos: o sensacional ‘Match Point’,
que trazia Allen à sua melhor forma em anos e foi uma completa mudança de
hábito em sua carreira: de cômico não tinha nada, era um suspense com a cara de
Hitchcock, além da mudança de cenário: até àquele momento, Allen sempre havia
trabalhado em sua cidade natal, Nova York, mas ele, a partir daí, resolveu
fazer uma “turnê” pela Europa, começando por Londres, no caso de Match Point. O
resultado foi um tremendo sucesso de público e crítica, mas absurdamente, uma
única indicação ao Oscar de Roteiro Original.
Em 2008, tivemos ‘Vicky Cristina Barcelona’, que se
passava na Espanha e, este sim, uma comédia e um filme absolutamente delicioso
de se ver, além do maravilhoso e afiado elenco, que rendeu o merecido Oscar de
Atriz Coadjuvante para Penélope Cruz. Três anos depois, em 2011, Woody Allen
viaja para a França e realiza uma grande obra de arte e dos seus melhores
filmes – senão o melhor – ‘Meia-noite em Paris’, que, além de mágico e
brilhante, ainda mexeu com a nossa nostalgia e promoveu o debate: porque temos
o costume de achar que tudo o que é antigo é melhor? Acabou sendo seu filme
mais comentado, exaustivamente elogiado, acabou sendo sua maior bilheteria da
carreira (e olha que Woody Allen não costuma levar tanta gente ao cinema), além
de faturar o Oscar de Roteiro Original.
E agora, em 2014, Allen viaja à Berlin, mas também ao sul
da França em seu novo projeto: ‘Magia ao Luar’, agora com sua nova musa, Emma
Stone (a Gwen Stacy de ‘O Espetacular Homem-Aranha’ 1 e 2), “cargo” que já foi
de Diane Keaton, Mia Farrow e Scarlett Johansson.
‘Magia ao Luar’ conta a história de Stanley (Colin Firth,
agora já oscarizado por ‘O Discurso do Rei’), um ilusionista brilhante e
competente, porém, arrogante e ranzinza, que é cético ao extremo, só acredita
no que vê e trabalha, também, para desmascarar quem MEXE com o espiritual para
ganhar dinheiro, espíritas e médiuns. Sua próxima missão é desmascarar a médium
Sophie, vivida por uma Emma Stone inspirada. Porém, Sophie começa a provar que seu talento é genuíno e
até Stanley fica surpreendido, passando a acreditar que existe sim, um mundo
espiritual além do material. E não demora muito para que essas duas pessoas
extremas se apaixonem.
Logo com poucos minutos de projeção, percebe-se que
‘Magia ao Luar’ é um filme de Woody Allen. A sensacional e clássica trilha
sonora que embala já na abertura, mas o principal são os belos cenários que
praticamente são parte do roteiro. As paisagens do sul da França são quase
poéticas.
Outra característica marcante está em seu protagonista:
na grande maioria das vezes, Allen coloca seu próprio alter ego em cena,
geralmente um personagem atrapalhado e inseguro. Neste caso não é diferente,
Stanley é tudo isso além de ser frio e calculista. Colin Firth faz muito bem o
seu papel exatamente por não querer imitar seu mestre e fazer sim, um
personagem com a sua cara. Quase nos esquecemos que estamos vendo um ator que
só faz papel de mocinho. Tivemos também Michael Caine em ‘Hannah e suas Irmãs’,
papel que lhe rendeu o Oscar, que não quis imitar Allen, mas, muitos atores o
faz, sobretudo nos filmes considerados medianos do diretor.
Dentro de seus roteiros, sempre há aquele momento da
virada que surpreende o espectador e torna as histórias de Allen especiais. Foi
assim em todos os seus grandes filmes. Aqui não é diferente, embora essa
reviravolta dure pouco tempo e não seja tão surpreendente, ela funciona.
O problema é que,
em 95% do filme, há muito de mais do mesmo: com personagens desajustados (e nem
sempre carismáticos), como Brice, que é apaixonado por Sophie e quase sempre
toca uma serenata para ela. Além disso, o foco no romance, embora tenha muita
química entre o casal principal, torna ‘Magia ao Luar’ um filme comum e não
memorável.
Apesar disso, a magia (sem trocadilhos!) do filme não
pode ser ignorada: Woody Allen faz uma crítica ao ser humano que é tão racional
e esquece que o melhor da vida está nos detalhes e nas pequenas coisas: é muito
bom se deixar levar, a vida é uma só e não devemos analisá-la demais, pois há
muita beleza no mundo para viver de amargura e raiva. E, no caso do nosso
protagonista, descer ao degrau da humildade faz muito bem à saúde – e ao
coração.
Nota:
8,0
Imagens:
Trailer:
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