Guardiões da Galáxia (Guardians of the Galaxy)
Direção: James Gunn
Ano de produção: 2014
Com: Chris Pratt, Zoe Saldana, Dave
Bautista, Bradley Cooper, Vin Diesel, Lee Pace, Karen Gilan, Djimon Hounson, Benicio
del Toro, Gleen Close, John C. Reilly, Josh Brolin.
Gênero: Ficção Científica
Classificação Etária: 12 Anos
Decididamente, ‘Guardiões da Galáxia’ é o blockbuster de
2014.
Empresa organizada é outra coisa: enquanto a DC Comics só
agora está começando a se mexer e explorar seu universo, com os anúncios de ‘Batman
VS Superman’ e ‘Liga da Justiça’, além das séries de TV, Flash, Constantine e
Gothan, a Marvel já há alguns anos está se mexendo e explorando seu universo. Tanto
que agora já tem um estúdio próprio, a Marvel Studios. Nem todos são grandes
filmes, mas eles arriscam. Mesmo ‘Homem de Ferro 3’, que foi muito contestado,
foi um grande sucesso, faturando mais de 1 bilhão de dólares ao redor do mundo
no ano passado.
A Marvel Studios é um dos estúdios de Hollywood mais
lucrativos do momento. Se não, o mais. Todos seus filmes superaram o orçamento.
E também a Marvel Studios é dos estúdios mais criativos
do momento. Fazer uma adaptação de quadrinhos não é fácil e os últimos filmes
do estúdio são um salto de criatividade, boas histórias e ótimos personagens. E
o principal: são filmes que se sustentam sozinhos, mesmo quem não conhece as
HQs, se identifica, gosta e se apaixona pelos filmes.
É quase como a Pixar estava até a algum tempo. Com tantas
obras-primas seguidas, era difícil imaginar um filme tão fraco como ‘Carros 2’
em seu currículo.
O problema é que todo ser humano erra e mesmo em uma
carreira, todo mundo derrapa uma hora. Mas, enquanto esse momento não chega para
a Marvel, estaremos com a expectativa alta para suas obras.
Até o momento, porém, a Marvel trabalhava com personagens
já consagrados das HQs, então, os fãs de quadrinhos veriam seus filmes de
qualquer jeito, sem o risco de um fracasso. Mas, agora, a situação é diferente.
A Marvel colocou em tela heróis que o grande público não conhecia. Mesmo os fãs
de quadrinhos quase que desconheciam os ‘Guardiões da Galáxia’. Afinal, quase
não se vê essas histórias nas bancas no meio de outros grandes nomes como ‘X-Men’
e ‘Homem-Aranha’. Os ‘Guardiões da Galáxia’ são quase como quadrinhos
underground, ou alternativos. A minoria que conhecia era quem corria atrás em
feiras, exposições ou coisa do tipo.
E como adaptar uma história dessas para uma mídia tão
popular como o cinema? E, principalmente, como convencer os executivos e
produtores a colocar dinheiro em uma produção que ninguém conhece? E foram com
esses dilemas e dúvidas que a Marvel resolve fazer sua manobra mais arriscada: ‘Guardiões
da Galáxia’.
E a resposta para essas perguntas é: no mundo do cinema,
tudo se pode. Desde que se tenha uma boa história boas intenções de um grande
filme, e assim surgiu ‘Guardiões da Galáxia’.
Os Guardiões surgiram no ano de 1969, mas, com uma
formação completamente diferente da apresentada no filme. O que se vê no filme
é a formação mais recente, realizada agora nesse século. Mas, quem se importa? Aliás,
um bom filme independe da fidelidade ou não de sua obra original, seja HQ,
livro, ou qualquer coisa. Claro que o universo e alguns elementos devem ser
respeitados e preservados, mas, a livre adaptação e a licença poética são válidas
e saudáveis para a cultura pop.
Sendo assim, mesmo que ‘Guardiões da Galáxia’ tenha sido “infiel”
à formação original, deve-se olhar para o filme de forma independente.
E é isso que faz com que ‘Guardiões da Galáxia’ seja um
filme tão poderoso. Mesmo quem nunca leu ou ouviu falar nas HQs, vai entender e
se envolver com a história. E qualquer roteiro que seja adaptação de algo, não
deve ficar na zona de conforto de depender de seu produto original (não é, Sr. ‘Código
da Vinci’????).
A abertura do filme é uma obra de arte, e já prende o espectador,
mostrando a morte da mãe de Peter Quill, que foi abduzido ainda criança e se
tornou o Senhor das Estrelas.
A cena foi tão inesquecível e os roteiristas tinham tanta
certeza que ela daria certo que ela acontece antes do logotipo da Marvel e dos
Créditos Iniciais.
E logo somos apresentados à todos os personagens. Gamora,
a mulher mais poderosa do Universo (como ela mesma se autodenomina) é filha
adotiva de Thanos e está atrás de uma esfera roubada que está nas mãos de
Peter. A primeira cena dela, em uma luta com Peter, e com uma Direção de Arte
linda, é instigante. Logo no meio da luta dos dois, aparecem mais dois
personagens: Rocket Raccoon, um Guaxinim mercenário muito interessante, e
Groot, uma árvore que é como uma espécie de guarda-costas de Rocket.
Por atrapalharem a “ordem pública”, os 4 são presos. Lá,
eles conhecem Drax, o destruidor e, mesmo com um sistema rigoroso de prisão, os
cinco conseguem fugir (em uma cena de ação espetacular), junto com a bendita
esfera.
Mas, o que fazer com ela? Bom, ela é valiosa, e quase
todos estão interessados em dinheiro, daí eles resolvem vendê-la ao
Colecionador (Benicio Del Toro), mas, como um bom blockbuster, algo tem que dar
errado...
Paralelamente, as, digamos, forças do mal, também estão
interessadas na esfera, Thanos, o ser mais poderoso do universo, a quer a todo
custo, e manda seu braço-direito, Ronan e a Nebulosa (irmã de Gamora) atrás
dela.
A ousadia do filme não está somente em colocar heróis
desconhecidos na tela, mas, também, em algumas situações: desde que Christopher
Nolan ousou em colocar um tom mais sombrio com a franquia Batman, agora, todo
mundo quer colocar isso em seu filme, e não necessariamente isso pode ser bom. Aqui
no caso de ‘Guardiões da Galáxia’, existem os momentos mais intimistas, em que
a platéia se envolve com a história, mas é inegável que o filme apresente um
tom mais pop, humorístico e menos sério, embora, a história se leve muito a
sério.
No caso de ‘Guardiões da Galáxia’, é difícil apontar uma,
mas, arrisco dizer que a melhor cena do filme é justamente a seqüência de abertura.
Explico o porquê.
Sem conhecermos e nos envolvermos com o drama e história
de Peter, provavelmente encararíamos o filme como comédia passageira e como
mais uma Sessão da Tarde, mas, felizmente, não é o caso.
Os personagens, digamos, digitais do filme, Rocket e
Groot, praticamente são apresentados aqui sem origem. O que é muito bom,
afinal, a história recente mostrou que explicações demais podem prejudicar a
evolução de um filme.
Por falar nos dois, é impossível não se apaixonar e se
envolver com a dupla. Vivemos em um mundo politicamente correto em que até um
beijo entre duas pessoas do mesmo sexo é contestado e enquanto a DC (olha o
atraso novamente) discute se vale a pena ter um filme protagonizado por uma
mulher, com sua Mulher Maravilha, a Marvel coloca no mercado uma árvore e um
guaxinim (e não duvide de um filme solo da dupla). Em apenas uma semana que o
filme está em cartaz, esses já símbolos, Groot e Rocket já caíram nas graças do
grande público e pode escrever – seus bonecos venderão como água para este
natal e vão colocar no chinelo brinquedos consagrados agora em 2014.
Quem dubla Groot é Vin Diesel, de Velozes e Furiosos. A frase
“Eu sou Groot” já pode ser considerada a frase do ano e uma curiosidade: Vin
Diesel dublou a frase em 6 idiomas diferentes, inclusive em português e com
sotaques.
E quem dubla Rocket é Bradley Cooper, que começou como
comediante e mais um galã, mas, agora, muito mais respeitado como ator, principalmente
com seu ótimo ‘O lado bom da vida’.
Mas, se não há motivação para Rocket e Groot, para Drax,
há uma grande: Roman, o grande vilão deste filme aqui e braço-direito do
Thanos, assassinou sua família e agora Drax quer vingança. Para ele, dinheiro é
o de menos.
Quem faz Drax é Dave Bautista. Na vida real ele é lutador
de MMA e nunca havia feito um papel de destaque até então. Seu Drax é a chance
de brilhar – seja como astro de ação ou ator mais sério.
O filme acerta em não ter ninguém se sobressaindo no
elenco, todos são tratados de forma igual e não há destaque. Mesmo a grande Zoe
Saldana, com sua Gamora, tem tratamento igual. Ela que, aliás, virou nova musa
nerd e ‘Guardiões da Galáxia’ já é sua 3ª franquia, como não se lembrar de sua
Uhura em ‘Star Trek’ e Neytiri em ‘Avatar’. Sua Gamora é uma grande personagem
e uma grande prova que mulheres hoje em dia não combinam mais como donzelas em
perigo e agora partiram para o ataque.
A dupla de roteiristas conta com o próprio diretor, James
Gunn (de ‘Seres Rastejantes’) e da novata Nicole Perlman. Sim, uma novata. Ela não
tinha escrito absolutamente nada antes de ‘Guardiões da Galáxia’, o que foi uma
grande iniciativa da Marvel, de colocar pessoas novas e com novas visões de
futuro para as próximas gerações. E o resultado ficou grandioso.
Há um clima de nostalgia no filme, principalmente na
visão de Peter. Ele não larga seu Walkman e ouve muita música antiga, em
especial dos anos 1980. A cena da fuga da prisão, em que ele resgata seu
Walkman, ao som de Jimmy Buffett com sua If You Like Pina Colada, é tão
corajosa, que fica difícil imaginá-la em um filme desse tamanho. E o desfecho
ao som de Ain’t No Mountain High Enough mostra o quanto esse filme tem tudo – e
mais um pouco – para se tornar clássico.
E como todo bom filme da Marvel, há a aparição rápida de
Stan Lee – dessa vez como um sujeito paquerador – e a cena pós-créditos, que
não tem nada a ver com o Universo Marvel e é mais um Easter-Egg de um outro
filme antigo da Marvel.
O próximo filme da Marvel será ‘Os Vingadores 2’, que
estréia ano que vem. E no que depender de ‘Guardiões da Galáxia’, decepção não
será a palavra.
Nota:
10,0
Imagens:
Trailer:
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