A Fraternidade é Vermelha (Trois Couleurs - Rouge)
Direção: Krzysztof Kieslowski
Ano de produção: 1994
Com:
Irene Jacob, Jean-Louis Trintignant, Samuel Le Bihan.
Gênero: Drama
Classificação Etária: 14 Anos
Vermelho
é a cor mais quente.
Em 1993, o saudoso cineasta polonês Krzysztof Kieslowski
teve a brilhante idéia de homenagear a França nos ideais de sua revolução:
Liberdade, Igualdade e Fraternidade. E também de fazer essa alegoria com as
cores da bandeira francesa, respectivamente, azul, branco e vermelho. E o
resultado foram 3 ótimas metáforas para o comportamento humano: ‘A liberdade é
azul’, e já em 1994, ‘A igualdade é branca’ e ‘A fraternidade é vermelha’. Todos
ótimos filmes e com algo em comum: ambos têm como pano de fundo o tema proposto
do sentimento que tem no título e suas cores são um espetáculo em matéria de
fotografia. É bom lembrar que nenhum dos filmes fala sobre a Revolução em si ou
sobre feitos heróicos, são puramente sobre relações humanas.
Mesmo sendo uma trilogia muito centrada e equilibrada,
não é exagero nenhum dizer que, o melhor filme dessa trilogia é seu 3º, ‘A
fraternidade é vermelha’. Essa pequena obra de arte foi muito aclamada no mundo
inteiro e têm motivos para isso: é um filme que prioriza o bom roteiro e
personagens. E, assim como os filmes anteriores, o uso das cores são quase como
um personagem, no caso, a cor vermelha. A cor pode ser interpretada como
metáfora para o sentimento e angústia dos personagens.
Na história, temos uma modelo famosa, Valentine (Irene
Jacob, em um papel sublime) que, acidentalmente, atropela um cachorro. Mas, no
cachorro, há uma fita com um endereço que dava direto para o dono, no caso, o
solitário Joseph. Além de Joseph ser um pouco frio e calculista, Valentine
descobre que ele é um juíz aposentado e mais do que isso, que ele tem um hábito
um pouco peculiar: ele ouve as conversas telefônicas de seu vizinho. O que de
início pode gerar um sentimento de repulsa, termina em uma grande amizade entre
Joseph e Valentine.
Felizmente, estamos falando de uma obra feita com a
competência do cinema francês. Se o filme fosse americano, ou feito pelos
novelistas brasileiros, haveria uma espécie de julgamento para Joseph e
Valentine seria seu anjo da guarda, e, possivelmente, até um possível caso. Mas,
aqui, o roteiro conduzido também por Krzysztof Kieslowski, trata pessoas comuns
em situações do cotidiano e mostra uma amizade madura e com mais humanidade do
que muita pieguice por aí. Os diálogos na casa de Joseph, com uma fotografia
mais escura, são intocáveis.
Logo na sequência de abertura, temos um jogo de imagens
muito bem feito com o telefone e o andamento de suas linhas, mostrando para a
platéia o quanto esse meio de comunicação seria importante para a história.
O cineasta Krzysztof Kieslowski viria a falecer em 1996,
dois anos após o lançamento de ‘A fraternidade é vermelha’. Uma grande pena,
mas fica aqui o reconhecimento e saber que ele fechou sua carreira com sua
obra-prima.
O filme recebeu 3 indicações ao Oscar de 1995: Melhor
Diretor para Krzysztof Kieslowski, Roteiro Original e Fotografia. Tudo merecido,
mas, registro aqui o omissão por parte da Academia para a não indicação de
Melhor Atriz para Irene Jacob. Seu papel como Valentine é melhor do que de todas
as indicadas naquele ano, inclusive da que venceu o Oscar, que foi Jessica
Lange por ‘Céu Azul’. É certo que, infelizmente, há um preconceito por atrizes
e atores que não falam a língua inglesa, mas a Valentine de ‘A fraternidade é
vermelha’ ter passado em branco por quase todas as premiações, é quase que um
crime cinematográfico.
Se Irene Jacob fosse uma atriz norte-americana, ela já
teria um Oscar na estante há muito tempo, bem como nossa Fernanda Montenegro
por seu papel em ‘Central do Brasil’.
Nota:
10,0
Imagens:
Trailer:
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