Orphan Black – 1ª temporada
Criação: John Fawcett e Graeme Manson
Ano de produção: 2012
Com:
Tatiana Maslany, Jordan Gavaris, Dylan Bruce, Kevin Hanchard, Evelyne Brochu,
Maria Doyle Kennedy.
Gênero: Suspense Dramático
Classificação Etária: 16 Anos
‘Orphan
Black’ é tudo o que a espionagem atual não é nos cinemas
Com os anos não só as séries de TV chegaram a seu ápice,
mas, alguns canais também são sinônimos e marcas de qualidade: como não se lembrar
das grandes séries da HBO. Dá para separar a história da TV como antes e depois
da HBO com séries como ‘Família Soprano’, ‘Band of Brothers’, ‘Mad Men’, ‘Game
Of Thrones’, entre outros. E também o canal Sony, que cresceu com grandes
títulos como ‘Revenge’, ‘Grey’s Anatomy’ e ‘The Blacklist’.
Mas, surgiu um canal que está produzindo séries elogiadas
por público e crítica e seu catálogo se popularizou, principalmente pelo Netflix,
que é a BBC, que sempre foi sinônimo de credibilidade em matéria de jornalismo
e agora investe nessa nova mídia. Algumas séries deles são premiadas, como as
consagradas Doctor Who, Sherlock. E há uma, que considero melhor, não ficou
conhecida, mas está no catálogo do Netflix e é uma obra de arte: Orphan Black,
que é uma série canadense, não tem um elenco conhecido (mas é ótimo!) e tem um
roteiro tão engenhoso e perfeito que ficou até difícil de acreditar no que os
olhos estavam vendo.
‘Orphan Black’ conta a historia de Sarah, que está em uma
estação de metrô e testemunha uma pessoa idêntica a ela se suicidando na plataforma.
Sarah decide assumir a identidade da vítima, com o nome de Beth, para pegar
dinheiro, mas logo descobre que ela é uma detetive, está em crise no casamento
e responde pelo assassinato de uma pessoa em teoria inocente.
Como se não bastasse o turbilhão de coisas que Sarah está
com a cabeça por assumir o corpo de outra pessoa eis que vem o choque: ela
descobre que é um Clone e há mais pessoas idênticas a ela por aí. E ainda pior,
descobre que tudo faz parte de uma conspiração e estão querendo matar uma a
uma. Mas, quem está por trás dos crimes? Por que esses clones existem? Por que
Beth é acusada de assassinato? E como viver a vida de Beth?
Essa 1ª temporada teve apenas 10 episódios, e é
interessante que, assim como ‘Breaking Bad’, cada episódio é fechado e todos os
personagens mudam drasticamente conforme a temporada vai passando. Não só isso,
a trama muda com a evolução da série. De início, era uma história de falsidade
ideológica, de uma jovem querendo sair de seu submundo e almejando ascensão
pessoal ao lado da filha. Depois é uma moça tentando se acostumar com sua nova
vida. Suas situações como uma policial poderiam até render alguns momentos
cômicos, mas, não é o propósito aqui. Depois é a descoberta e angústia de saber
que não é humana em tese, é um produto de laboratório. E depois saber que a
vida está em risco. Mas, uma coisa é certa, a vida de Sarah nunca mais será a
mesma.
Mas quem é Sarah? Sarah é uma moça que mora em um bairro
periférico, se envolveu com o tráfico de drogas e teve uma filha com um
traficante. Sua filha, aliás, é sua única razão de viver de início. É por ela
que Sarah quer ascender profissionalmente, e descobrimos que sua filha está
fora da guarda dela há quase um ano. A cena, no final do 1º episódio, com a
filha acreditando na morte dela, no enterro forjado, é comovente.
A questão delicada da clonagem é muito bem contada, e
explorada também, de forma a não ser um científico chato para o grande público,
e sendo atraente para quem conhece a área.
Mas, como foram concebidos os clones na série? Se a
produção fosse hollywoodiana, teríamos computação gráfica, CGI e captura de
movimentos, mas, Orphan Black ousou em fazer várias personagens à moda antiga:
a mesma atriz fazendo papéis múltiplos.
E quem é essa atriz? Essa é Tatiana Maslany. Essa grande
atriz. Confesso que eu não a conhecia antes de ver Orphan Black e, desde o
primeiro minuto da série, já é visível seu potencial e impossível não se
apaixonar por ela.
Recentemente vi o making of da série e a forma como foram
conduzidas as tomadas com os clones (que foram muitas) é curiosa: Tatiana
incorporou cada uma e, considerando que cada uma é radicalmente diferente uma
da outra, a atriz teve que incorporar tudo, desde maquiagem, até os trejeitos e
maneirismos. E mais do que isso: mesmo o espectador, já sabendo que vê a mesma
atriz, a empatia com cada clone é diferente: Sarah é a grande protagonista, que
logo nos envolvemos com ela desde o primeiro minuto. Alysson é uma dona de casa
neurótica e que tenta (mas nunca consegue) seguir o padrão de American Way Of
Life. Cosima é a estudante nerd que se apaixona pela ciência quando descobre
que é um clone. Helena é uma jovem perturbada que acredita que é a matriz dos
clones e que todas devem morrer. De início, ela acredita que Sarah é sua
inimiga, mas o roteiro tem um destino melhor para as duas. E, no final, aparece
Rachel, que trabalha para aqueles que conspiraram contra Sarah e Beth.
É difícil acreditar porque essa menina não é conhecida e
porque raios ela não está nas premiações de TV?
E o fato de o elenco ser desconhecido, bem como sua
protagonista é um grande acerto. Para os produtores, claro, por não gastar
demais com atores. E, para o conteúdo ousado da série, fez todo o sentido. Tatiana
é uma atriz sem vaidades e não hesita em cena nenhuma, incluindo as cenas de
nudez.
Tatiana é uma atriz diferente. Orphan Black é uma série
diferente, o que torna ambos, especiais.
Nota:
10,0
Imagens:
Trailer: