Argo
Direção: Ben Affleck
Ano de produção: 2012
Com:
Ben Affleck, Bryan Cranston, John Goodman, Alan Arkin, Clea Duvall, Taylor Schilling.
Gênero: Drama
Classificação Etária: 14 Anos
Argo é urgente e realista
Ben Affleck começou com tudo em Hollywood. Seu primeiro
grande filme, Gênio Indomável, já foi um sucesso de público e crítica e faturou
o Oscar de Roteiro Original em 1998. E o roteiro é escrito pelo próprio
Affleck. Depois ele conseguiu um certo sucesso, principalmente com “Armageddon”
e o premiado “Shakespeare Apaixonado”. Anos depois, porém, ele se perde fazendo
pose de galã a cada filme, e em produções de gosto duvidoso, como a péssima
adaptação dos quadrinhos em “Demolidor – o homem sem medo”, mas o fundo do poço
foi seu caso com a estrela Jennifer Lopez, conhecido como “benifer” e
fundamentalmente o fiasco que foi o filme “Contato de Risco”, que faturou todos
os prêmios possíveis do troféu Framboesa de Ouro.
Porém, em 2007, quando eu – e todo mundo – achava que Ben
Affleck já tinha morrido para o cinema, eis que ele ressurge com força total,
agora como diretor. E ele se revelou um excelente diretor de filmes. Tudo começou
com o espetacular “Medo da Verdade”, que foi muito elogiado e até garantiu uma
indicação ao Oscar para Amy Ryan. Três anos depois, em 2010, ele faz um filme
melhor ainda: “Atração Perigosa”. Apesar desse título estranho, o filme foi
vendido como um filme de ação – quando na verdade é um drama. É um filme de
assalto muito perturbador e com ótimas atuações do próprio Ben Affleck e da
Rebecca Hall. Já em 2012, ele realiza aquela que é a sua obra-prima: Argo. Um filme
muito corajoso, quase documental, na verdade, tenso do início ao fim e esquenta
o debate sobre a tensão EUA-Irã. Argo é, portanto, não só um grande filme como
cinema, mas uma boa obra para entender a história geral do mundo e a
geopolítica – isso sem tomar partido de nada nem questionar a inteligência da plateia.
Argo é baseado em uma história assustadoramente real que
se passa no ano de 1979, no calor da Revolução Iraniana. Naquele país, há
diversos protestos contra o ex-aiatolá Khomeini, que ganhou asilo político nos
EUA, que apoiaram a opressão ao povo iraniano. Um desses protestos ocorre na
frente da embaixada americana e a mesma acaba sendo invadida. Seis diplomatas
americanos conseguem escapar e se refugiam na embaixada canadense. Eles vivem
lá por meses, e tanto o governo americano como a CIA não conseguem um meio de
tirá-los de lá, até que um especialista em exfiltrações, Tony Mendez (papel de Ben
Affleck), tem a ideia de fazer uma produção hollywoodiana falsa com o nome de “Argo”,
que consiste em uma ficção científica de baixo orçamento que deve ser “filmada”
no Irã. Para dar certa vivacidade à trama, Mendez contrata o maquiador John
Chambers (John Goodman) e o produtor Lester Siegel (Alan Arkin – que foi
indicado ao Oscar pelo papel) para a missão e ele contrata até uma equipe para
convencer os iranianos de sua história e tirar os diplomatas de lá.
Além do ótimo roteiro que serve como estudo para qualquer
debate da questão do Oriente Médio em relação ao Ocidente, Argo ainda consegue
o feito de deixar o espectador tenso mesmo ele sabendo o que vai acontecer na
história – os 15 minutos finais são perturbadores. Além disso, devemos
registrar a ótima reconstituição de época – fruto de uma fotografia cuidadosa,
figurinos muito com cara de anos 1970 mesmo e os trejeitos e maneirismos
exigidos – tudo para entregar o mais realista possível.
Os personagens do filme são reais – por exemplo, John
Chambers foi um maquiador hollywoodiano vencedor do Oscar por “Planeta dos
Macacos”, de 1968 e o próprio filme se encarrega de usar imagens reais contrastando
com as imagens do filme – e podem até confundir os mais desavisados.
Argo foi o grande vencedor do Oscar de 2013. Levou 3
estatuetas: Melhor Filme, Roteiro Adaptado e Edição. E ganhou vários prêmios
que foi indicado, como o Globo de Ouro e Bafta. Muito merecido, aliás. E o
próprio Ben Affleck também merece. Com tudo o que ele passou sendo muitas vezes
questionado e muito subestimado, é possível sim, chama-lo de Sir. E não nos
esqueçamos que ele é o próximo Batman em “Batman VS Superman – Dawn of Justice”.
É esperar para ver.
Nota:
10,0
Imagens:
Trailer:
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