Estrada para perdição (Road to perdition)
Direção: Sam Mendes
Ano de produção: 2002
Com:
Tom Hanks, Paul Newman, Jude Law, Jennifer Jason Leigh, Stanley Tucci.
Gênero: Drama
Classificação Etária: 14 Anos
Elegância
na narrativa em uma ótima adaptação.
Em Outubro de 2002, o cinema ainda vivia todo o turbilhão
do primeiro filme do Homem-Aranha, um filme evento feito com o coração e um
sucesso arrebatador. E também esse foi o mês que o filme do aracnídeo chegara
em DVD e o filme ainda estava fresquinho na memória do povo. E também, nessa
época, parecia que os filmes de quadrinhos eram o futuro. E de fato foram, o
sucesso de Homem-Aranha e de X-Men em 2000, abriu as portas para as boas e más
adaptações de HQs.
E olhando para as boas adaptações, nessa mesma época de
2002, estreou um filme que é difícil olhar seu conteúdo e imaginar que se trata
de uma adaptação de HQ: Estrada para perdição, que, infelizmente, não foi um
sucesso comercial, mas recuperou os números com a chegada do DVD. E estamos
falando de uma das melhores – e mais honestas – adaptações de quadrinhos até o
momento.
“Estrada para Perdição” é baseado em uma HQ homônima de
Max Collins e se passa na década de 1930. Era o período da Grande Depressão
americana e a máfia dominava o território, tendo como principal representante o
Al Capone. Um dos braços direitos de Al, John Rooney (Paul Newman) é o chefe de
uma gangue e também o chefe de Michael Sullivan (Tom Hanks). Sullivan é um dos
homens de confiança de Rooney e vive bem com a família: tem uma bela esposa
(Leigh) e dois filhos. O problema é que o trabalho de Sullivan é matar, coisa
que ele esconde de seus filhos. Querendo saber como seu pai trabalha, Michael
Jr. um de seus filhos, entra no carro de seu pai quando ele faria seu trabalho.
O problema é que Jr. vê toda a ação de seu pai, se tornando testemunha ocular
de assassinato e daí se cria o dilema para Sullivan: como sair dessa situação. Por
um lado, é o seu trabalho que sustenta a família. Por outro, honrar e respeitar
a moral perante seu filho.
Outro problema é que Rooney e seus homens não enxergam
por esse lado. Querem a cabeça de Sullivan a qualquer custo e, como um legítimo
mafioso, atinge o ponto mais fraco de uma pessoa: família. Os homens de Rooney
matam a esposa e o outro filho de Sullivan. Em uma ação desesperada, Sullivan e
Jr. fogem para Chicago e tentar recuperar a honra da família.
Um grande problema em se fazer uma obra-prima como filme
de estréia é que a pressão para o filme seguinte aumenta exponencialmente. E no
caso de Sam Mendes não foi diferente. Após ele dirigir o fabuloso “Beleza
Americana”, seu filme de estréia, a crítica logo pressionou para que “Estrada
para perdição” fosse o melhor filme daquele ano. Mas não foi o caso. E o filme
foi praticamente ignorado e até esnobado. É algo completamente diferente de “Beleza
Americana” e é típico de Mendes em não ter um estilo próprio de filmar e ele só
conseguiu as pazes com o público em 2012 com o mega-sucesso “007 – Operação Skyfall”.
Sem fazer essa ou aquela comparação, “Estrada para
perdição” é um grande filme e tem um grave problema de ritmo na meia hora
final. Também o clima pessimista de década de 1930 talvez tenha afastado o
grande público. Mas nada disso anula as qualidades do filme: a bela reconstrução
de época, trilha sonora de arrepiar, a melhor fotografia possível e as grandes
atuações, em especial de Tom Hanks e Paul Newman. Foi com esse filme que Hanks
deixou um pouco de lado o perfil de mocinho e embarca em um papel mais sombrio.
E o grande destaque é para Paul Newman. Essa lenda do cinema faz seu último
filme atuando fisicamente (ele dublou a animação “Carros”, em 2006) e faz de
seu vilão John Rooney um personagem mítico. Ele faleceu em 2008, mas, com
certeza, está entre os grandes do cinema.
“Estrada para perdição” venceu o Oscar de 2003 de Melhor
Fotografia. O responsável por essa fotografia maravilhosa é Conrad L. Hall, que
faleceu no início de 2003 e não viu sua obra ser premiada. O filme ainda teve
mais 4 indicações: Som, Edição de Som, Trilha Sonora e Ator Coadjuvante para
Paul Newman. Tom Hanks foi ignorado, assim como a Direção de Arte.
“Estrada para perdição” pode não ser um filme perfeito,
mas fala diretamente ao coração na relação de pai e filho e mostra que o amor
sobrevive às crises e situações – inclusive à morte.
Nota:
8,5
Imagens:
Trailer: