X-Men: O Filme (2000)
Se hoje em dia, filmes baseados em quadrinhos são tão
comuns que são praticamente em sub-gênero em Hollywood. Mas, para a nova
geração, saibam que em um passado não muito distante, fazer esse tipo de filme
era tão arriscado que a possibilidade de um fracasso era grande. E vou além.
Entre Batman – O Retorno, em 1992 e esse primeiro X-Men, em 2000, a relação
entre cinema e quadrinhos, foi péssima. Um não se entendia com o outro, TODOS
os filmes foram de péssima qualidade (como “Batman & Robin e Spawn – O
Soldado do Inferno) e um fracasso maior do que o outro.
Foi preciso um sujeito que entendia o universo dos
quadrinhos e com a alma cinematográfica para realizar um filme quase autoral e
que agradou a gregos e troianos. Esse sujeito é Bryan Singer, que, até então,
tinha no currículo “Os Suspeitos” e “O Aprendiz”.
Muita gente não acreditava que “X-Men” daria certo.
Quadrinhos ainda eram vistos como algo de criança e na época a própria Marvel
não estava lá muito em alta. E como se não bastasse isso, o estúdio, Fox, não
valorizou o trabalho de Singer: liberou “apenas” 75 milhões de dólares para a
realização deste filme e, com esse orçamento, Bryan Singer “tirou leite de
pedra” para realizar uma superprodução. E ainda obrigou o diretor a entregar o
filme no meio do ano 2000, quando o combinado era no final do ano.
Mas o resultado deu mais do que certo.
O filme foi um sucesso de público e crítica. Os grandes
trunfos de X-Men são se levar a sério e tratar o produto como filme de gente
grande, sem se esquecer dos pequenos, que leram o gibi pela primeira vez.
“X-Men: O Filme” nos mostra como Wolverine se integrou à
equipe e salvou Vampira de um bar de arruaceiros e levou à escola de Xavier.
Também nos apresentou os heróis Tempestade, Jean Grey e
Cyclope, e, claro, os ex-amigos, que viraram rivais por defender a mesma
ideologia, mas de maneiras diferentes: Charles Xavier defende que humanos e
mutantes devem viver em harmonia, ao passo que Magneto diz que mutantes são
superiores e humanos devem ser dizimados.
Uma das coisas mais marcantes dos X-Men dos quadrinhos é
a questão do preconceito: os mutantes são tratados como “aberração” e a
história das HQs fala muito da não aceitação de seres tão “diferentes” como os
mutantes.
Há cenas de ação empolgantes, como a primeira aparição da
Mística no helicóptero e o sequestro da Vampira realizado por Magneto.
Não devemos nos esquecer de que o filme revelou o Hugh
Jackman, até então desconhecido e hoje dos atores mais famosos e respeitados de
Hollywood, além de confirmar seu personagem, Wolverine, até os dias de hoje.
Seu talento não se resume apenas ao herói da Marvel, ele faz (e gosta de fazer)
muito filme mais “sério”, como “Os Miseráveis” e “Fonte da vida”, de Darren
Aronofsky. Fica difícil desassociar Wolverine de Jackman. E pensar que o papel
quase ficou com Dougray Scott...
Mas o filme não é só Wolverine. Embora ele seja o herói
mais famoso da equipe, Bryan Singer tentou (e conseguiu) equilibrar os
personagens e fazer a plateia leiga conhecer e identificar outros integrantes
do elenco. Ian McKellen faz um Magneto absolutamente frio e calculista e com o
nível de maldade que o personagem exigia. Foi vendo esse filme que Peter
Jackson chamou-o para viver Gandalf em “O Senhor dos Anéis”.
Temos Patrick Stewart fazendo um Xavier perfeito, Halle
Berry com uma tempestade muito interessante e Famke Janssen dando vida com
competência à sua Jean Grey.
E temos, claro, a nossa Vampira vivida por Anna Paquim.
Para quem não conhece a personagem, a Vampira não pode tocar em ninguém, pois
isso pode causar a morte da pessoa. Ela é resgatada por Wolverine logo no
começo do filme, trata o herói como um pai e vai para a escola de Xavier para
tentar controlar seus poderes.
Na época do filme, Anna Paquim tinha só 18 anos e
surpreendeu à todos com seu Oscar de Atriz Coadjuvante por “O Piano” em 1994,
com apenas 11 anos de idade. Além de sua Vampira, Anna teve sua carreira dando
mais um salto com a série da HBO, True Blood.
Há algumas falhas no filme, claro. A maioria por culpa da
Fox, que não valorizou o produto que tinha, e como o mundo dá voltas, o filme
foi um sucesso e faturou cerca de 5 vezes mais seu orçamento, dando sinal verde
para continuação...
Nota:
9,0
X-Men 2 (2003)
Uma
diferença crucial para esse filme em relação ao de 2000 é a expectativa.
Naquela ocasião, ninguém levava quadrinhos a sério. Mas aqui, 3 anos depois, a
situação era outra. Os mutantes já haviam conquistados novos fãs com essa mídia
nova chamada cinema e a Marvel estava em ascensão. No ano anterior, em 2002, é
lançado o fenômeno “Homem-Aranha”, que não só arrecadou milhões, gerou mais uma
legião de fãs, mas foi um filme-evento feito com a alma. Mais do que cenas de
ação, ficou marcado o drama do herói e a antológica cena do beijo na chuva
entre o Aranha e Mary Jane.
Com
esse cenário, “X-Men 2” entrou com uma tremenda obrigação de fazer um grande
filme de quadrinhos. E conseguiu!
“X-Men
2” é tão bom quanto o filme original, e o supera em muitos aspectos, mas também
pudera, o orçamento quase dobrou (agora são 120 milhões de dólares) e Bryan
Singer teve muito mais liberdade para fazer seu filme, sem os executivos da Fox
no seu pé.
A
seqüência de abertura está seguramente entre as melhores dos quadrinhos no
cinema, com o ataque à Casa Branca feito pelo Noturno. E a cena final, com os
mutantes invadindo a mesma Casa Branca, é épica.
A
questão do preconceito está muito mais visível, principalmente na pele de
William Stryker, ex-conhecido de Wolverine e tem um plano de exterminar
mutantes.
Magneto
começa o filme na prisão, mas logo escapa, deixando sua principal aliada,
Mística, cuidar de seu plano na guerra contra os humanos.
O
drama da Vampira está mais forte porque dessa vez ela se apaixona pelo seu
colega de turma, o Homem-de-gelo. Seus dilemas também serão um ponto chave do
filme.
E
por falar em paixão, como não falar em Jean Grey, que tem que escolher entre
seu amor de adolescência, Cyclope e seu novo amor, Wolverine.
E
também temos a Tempestade, vivida por Halle Berry. Fresquinha pelo seu Oscar em
2002 por “A Última Ceia” (mas depois viu sua carreira ruir do ano seguinte com
“Mulher-Gato”), desta vez, ela tem um papel de destaque maior, principalmente
porque Xavier está mais enfraquecido neste filme e ela se torna a líder dos
mutantes de certa forma.
“X-Men
2” é um grande filme. Funciona como exercício de reflexão sobre o preconceito
ou como um grande filme de ação.
É um
filme ainda hoje lembrado com carinho por muitos fãs.
2003
só teve adaptação horrorosa de quadrinhos, como “Demolidor – o homem sem medo”
e “A liga extraordinária”, mas, “X-Men 2” de Bryan Singer, se sobressai.
Nota:
9,0
X-Men 3: O Confronto Final (2006)
Se
fôssemos fazer uma lista com os filmes mais problemáticos em sua concepção,
possivelmente os primeiros lugares estariam entre os clássicos “O Exorcista” e
“Apocalypse Now”. Mas se fosse uma lista com os filmes mais problemáticos para
se realizar de quadrinhos, com certeza “X-Men 3: O confronto final” estaria no
topo da lista. E em parte, por causa do próprio realizador dos dois primeiros
filmes: Bryan Singer.
Para
quem não sabe, o herói favorito de Singer é o Super-homem e, após ter ganhado
todo o prestígio com os dois primeiros filmes dos X-Men, ele queria porque
queria fazer um filme do homem-de-aço. Mas, o Super-homem é um herói da DC
Comics e todos os seus direitos estão sob os cuidados da Warner Bros. Daí
Singer, agora com um cachê bem mais alto, decide dirigir, em 2006, “Superman –
O Retorno”. Porém, a Fox, sempre ela, queria lançar “X-Men 3” antes do filme do
homem-de-aço. Com a saída de Singer na direção, o estúdio correu para conseguir
um diretor para o filme e conseguiu, com Matthew Vaughn, até aquele momento,
sem experiência nenhuma na direção.
Mas
Matthew saiu do projeto no meio das filmagens, exatamente por não aguentar a
pressão e do estúdio colocar palpite em tudo. E novamente sem um diretor, a Fox
dessa vez procurou um diretor que não desse palpite no roteiro nem no resultado
do filme, daí o nome chamado foi Brett Ratner.
Ratner
é um cineasta sem uma marca definida e aceita tudo o que o estúdio lhe manda,
sem dar palpite em nada e estando na cadeira de diretor sabe-se lá por que.
TODOS
seus filmes são indignos de nota e, pelo bem da sétima arte, seu último filme
foi em 2007 com “A hora do rush 3”.
Bom,
com todos esses fatores negativos e tumultuados, saber que “X-Men 3: O
confronto final” saiu e que o filme não é ruim, é até um alívio.
Na
verdade, se contar somente o roteiro, “X-Men 3: O confronto final” tem a melhor
ideia da série. O filme tem como história central a cura para os mutantes e
transformá-los em humanos comuns. Magneto, claro, não gosta nada disso e
declara guerra à humanidade, recrutando um numeroso exército de mutantes.
O
melhor arco da história é, claro, a saga da Fênix. Jean Grey, que morreu no
final do segundo filme, volta como Fênix, dessa vez como vilã e com poderes
quase infinitos.
Outro
arco muito bem feito, apesar de rápido, foi o da Mística. Logo na abertura, ela
está presa, mas Magneto a resgata. Por um acidente, um policial atira nela a
“cura”, fazendo-a perder seus poderes de Mística e se tornando uma humana
comum.
Mas
o filme tem falhas. E graves! A principal delas é o excesso de personagens, a
grande maioria mal explorados e com a clara pressão de colocar coisas demais e
assuntos demais em um filme que tem cerca de 100 minutos.
Com
essa história de cura, a personagem da Vampira sofre o dilema de se transformar
em uma pessoa “normal” ou continuar como mutante e não trair seus companheiros.
Seria uma história interessante e cheia de sentimentos e metáforas a ser
explorada, mas sua participação é tão rápida e superficial que mal dá para se
envolver emocionalmente. E até a Kitty Pride, papel da irresistível Ellen Page,
grande personagem dos quadrinhos, aqui é uma coadjuvante de luxo e há somente
uma luta bacana com ela atravessando paredes contra o Fanático.
Falta
sentimento e competência em “X-Men 3: O confronto final”. E assistindo a esse
filme, ficou mais claro que, cinema tem que ser feito por pessoas que entendam
e valorizem o material que tem. Os engravatados de Hollywood, que só querem
faturar acima de tudo, precisam de uma aula de roteiro e de atuações.
Nota:
7,5
X-Men Origens: Wolverine (2009)
Como
Wolverine é o personagem mais famoso do universo “X-Men”, e Hugh Jackman estava
em alta na sua carreira, nada mais justo do que dedicar um filme inteiro só
para contar a história desse herói.
A premissa
era bacana, contar a história de Logan (nome “real” do Wolverine) e transformar
suas origens em uma nova franquia.
O
ator é o mesmo, o estúdio é o mesmo e o diretor, Gavin Hood, fez, em 2005, o
longa sul-africano Tsotsi, que faturou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.
Mas
o resultado é um lixo!
Há
os mesmos problemas de “X-Men 3: O confronto final”, o excesso de personagens e
a falta de foco.
O
Wolverine, que deveria ser o protagonista e o foco das situações, aqui é um
coadjuvante sem luxo, um roteiro sem pé nem cabeça e dividindo a tela com uma
batelada de personagens sem expressão.
No
primeiro “X-Men”, tivemos um Dente-de-Sabre arrebatador e com uma cena
sensacional com o Wolverine, aqui, é vivido pelo apático Liev Schreiber. O
estúdio fez a desgraça de chamar o rapper Will.I.Am para fazer o filme (!), mas
nada se compara ao Deadpool, vivido por Ryan Reynolds. Ele é um ator tão ruim
quanto a maioria de seus filmes e não contente com isso, ele faz 3 filmes
horríveis de quadrinhos.
Você
leu certo. 3 filmes ruins de quadrinhos. Além desse aqui, ainda teve em 2004,
“Blade Trinity”, mas o fundo do poço foi em 2011, com uma das piores adaptações
de quadrinhos da história, com o insuportável “Lanterna Verde”.
Não
tinha como dar certo!
Nota:
1,5
X-Men: Primeira Classe (2011)
Após
duas más impressões com a franquia X-Men, a Fox sentiu-se na obrigação de
entregar à plateia um produto digno de nota em relação aos mutantes. Daí veio a
ideia de fazer um reboot da história.
Mas,
alto lá! Ninguém via com bons olhos a ideia de recontar a história que todo
mundo sabia – e ainda com um elenco até então desconhecido. E tudo se pôs mais
a perder com os trailers e materiais divulgados em relação ao filme. Um pior e
mais brega do que o outro deixando o público ainda mais desconfiado.
E, talvez, por conta disso, “X-Men: Primeira Classe”
tenha sido o pior faturamento da franquia até agora.
Mas, ao ver o filme, que surpresa agradável.
Que filme arrebatador!
Uma história ao mesmo tempo envolvente, sob um ponto de
vista drasticamente diferente do que vimos até então e um ótimo retrato da
loucura da Guerra Fria.
E como já dito, o elenco era desconhecido, mas foi
ficando mais famoso com o tempo. E aqui, o diretor Matthew Vaughn só trabalha
com os melhores.
O principal nome é, claro, o de Jennifer Lawrence. Nesse
curto espaço de tempo, ela se torna a atriz mais requisitada de Hollywood, já
com um Oscar por “O Lado Bom da Vida” e com mais uma franquia no cinema, no
caso, “Jogos Vorazes”. Sua Mística é uma dessas coisas únicas do cinema.
January Jones, uma atriz tão irresistível quanto
talentosa, faz a fria Emma Frost, é a Betty da série Mad Men. Ela está um
arraso como a esposa dedicada do vilão Sebastian Shaw, papel de Kevin Bacon.
E por falar em Kevin, aqui ele faz um vilão frio e
calculista e faz seu melhor papel em muitos anos.
Mas o melhor personagem aqui é o de Erik/Magneto, vivido
pelo grande ator Michael Fassbender. Ele faz o filme soltar faíscas misturando
a sua busca de vingança pelos seus pais e sua ideologia que a raça mutante é
superior. E quase não sentimos falta do Magneto de Ian McKellen.
Quem disse que um reboot não pode ser superior à obra
original?
“X-Men: Primeira Classe” é O MELHOR filme dos mutantes
até agora. Foi ousado na sua ideia e concepção e nos fez lembrar que ainda há
os blockbusters feitos com inteligência.
“X-Men: Primeira Classe” é um filme único e inesquecível!
Nota:
10,0
Wolverine: Imortal (2013)
A
Fox fez de tudo para o povo esquecer o filme de 2009 e entregar um filme
praticamente original. E conseguiu. Esse Wolverine: Imortal é um reboot da
história do herói mais famoso da saga e ainda respeitou suas origens,
colocando-o, dessa vez em um filme genuinamente seu e agora como o centro da
história.
A
trama de Wolverine: Imortal acontece após “X-Men 3”, com sua amada Jean Grey já
morta, ele passa a viver como um ermitão. Seu romance com a jovem Mariko
convence, assim como os diversos flashbacks entre Wolverine e Jean Grey.
A
trama de Wolverine: Imortal é cheia de furos, é verdade. Há uma grande quebra
de ritmo no 2º ato e o diretor, James Mangold (de “Johnny e June”) alça vôos
menores e menos ousados para um herói com essa importância.
Mas,
por comparação ao filme de 2009 e a expectativa lá em baixo, o resultado foi
satisfatório. E um alívio!
Nota:
7,0
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