Forrest Gump – O contador de histórias (Forrest Gump)
Direção: Robert
Zemeckis
Ano de produção: 1994
Com: Tom Hanks, Robin Wright, Gary Sinise, Sally Field, Haley Joel
Osment.
Gênero: Drama
Classificação Etária:
14 Anos
Após 20 anos, “Forrest Gump” permanece inesquecível
Existem filmes feitos há pouco tempo que logo o público
se esquece. Ano passado mesmo, alguém se lembra que “Para maiores”, “Duro de
matar 5” e G.I. Joe – Retaliação” estrearam há pouco mais de um ano?
Mas, pelo bem da 7ª arte, há filmes que não morrem, que
permanecem na memória e no coração do público por muitas gerações.
E, aproveitando esse clima de nostalgia, me lembrei,
recentemente, que “Forrest Gump – O contador de histórias” estava completando
20 anos de seu lançamento. O filme foi um grande sucesso e foi a 2ª bilheteria
de 1994 (perdendo apenas para “O Rei Leão”). Mais do que isso, comoveu platéias
do mundo inteiro, foi super elogiado pelos críticos e foi muito bem lembrado
nas premiações.
Forrest Gump entrou no Oscar de 1995 com status de
favorito a conquistou 6 prêmios, são eles: Melhor Filme, Diretor (Robert
Zemeckis), Ator (Tom Hanks), Roteiro Adaptado para Eric Roth, Efeitos Especiais
e Montagem.
Os prêmios contestados foram os de Filme e Diretor. Todo
mundo queria que Tarantino ganhasse com seu “Pulp Fiction – Tempos de
Violência”.
Polêmicas à parte, nada tira os méritos de Forrest Gump,
sejam os feitos históricos, a atuação irretocável de Tom Hanks ou os brilhantes
efeitos especiais, que estão bacanas até hoje.
Para quem não sabe da história, Forrest é um sujeito com
o QI abaixo da média, não tem amigos, vive com um aparelho nas pernas e tem um
laço muito grande com sua mãe. Em uma ida à escola de ônibus, ele conhece sua
melhor amiga e futura amada, Jenny (Robin Wright). Como a própria mãe de
Forrest fala, “milagres acontecem todo dia” e seu aparelho some inexplicavelmente
de suas pernas em uma tentativa de bullying e, fazendo, segundo o próprio
Forrest, o correr como o vento. Depois que cresce, ele ainda continua sem
amigos, mas ainda com o laço em sua mãe e na mulher que ama. Daí para frente, o
filme acompanha a trajetória adulta de Gump e, para quem ainda não viu, digo
que, quanto menos souber, melhor, acreditem!
Durante a vida adulta de Gump, o filme acompanha muitos
momentos históricos da história dos EUA, sobretudo dos turbulentos anos de
1960. Depois que Forrest entra na faculdade, é o momento em que negros
conseguem o direito de estudar junto com os “brancos”. Quando ele vai ao
exército, é o momento em que seu país entra na Guerra do Vietnã e ele, junto
com seu melhor amigo, Bubba, são obrigados a entrar no conflito. Lá no Vietnã,
ele conhece seu tenente Dan (Gary Sinise, indicado ao Oscar pelo papel). Com a
chegada de volta aos EUA e a derrota do país no conflito, Gump se depara com os
movimentos de contracultura, dos Panteras-Negras e dos Hippies. Há uma passagem
muito interessante da partida de ping-pong em território chinês. Para Forrest é
apenas uma partida, mas, aos olhos do mundo, foi a abertura da China para o
mercado ocidental.
E como não falar dos brilhantes efeitos especiais que
possibilitaram os “diálogos” entre Forrest e John Lennon em um programa de
entrevistas. Ou ainda o inesquecível aperto de mão entre Forrest e o
ex-presidente americano, John Kennedy. Coisas assim, só a tecnologia para nos
agraciar.
Sempre é preciso certo cuidado para manipular efeitos
para eles não morrerem com o tempo, e isso só a competência de quem faz é capaz
de responder. Exemplos não faltam, o primeiro “Star Wars”, feito em 1977, ainda
permanece atual e impactante. E a grande ficção científica de Stanley Kubrick,
“2001 – Uma odisséia no espaço”, de 1968, que impressionantemente tem uma data
que já passou no título e seus efeitos são de uma época que nem se fazia nada com
computação gráfica, e o filme impressiona até hoje.
E, no caso de “Forrest Gump – O contador de histórias”, sua
técnica ainda impressiona. Merecidamente levou o Oscar na categoria de Efeitos
Especiais. Nada que o diretor Robert Zemeckis não conheça. Ele é o diretor da trilogia
“De volta para o futuro” e já venceu na categoria de Efeitos Especiais duas
vezes: em 1989 por “Uma cilada para Roger Rabbit e em 1993 por “A morte lhe cai
bem”.
Infelizmente, Zemeckis não está tão em evidências assim
na Hollywood atual. Ele começou esse novo século até bem, com “Náufrago”
(novamente com Tom Hanks), mas depois se perdeu ao tentar colocar a tecnologia
de Captura de Movimentos, iniciada lá em “Senhor dos Anéis” para atores
“reais”. Mas o resultado é sempre imperfeito, como visto no estranho “O
Expresso Polar” (mais uma vez com Tom Hanks) e no insuportável “A Lenda de
Beowulf”, que, decididamente, foi seu fundo do poço.
Mas Forrest Gump não são é só efeitos. Na verdade, o que
fica mais marcado é sua história. E que história! E além disso, seus momentos
marcantes, suas frases de efeito e a brilhante atuação de Tom Hanks. Aliás,
Hanks não só levou o Oscar por esse papel, mas conseguiu o feito de ganhar o
prêmio por 2 anos seguidos. Em 1994, ele ganhou também por “Filadélfia”. Em “Forrest
Gump – O contador de histórias”, sua atuação é tão sublime, exigente e de
entrega para o papel, que fica difícil encontrar outro ator para fazer o filme.
E mais do que isso, fica difícil acreditar se o filme seria tão bom se não
fosse pelo Tom e seu semblante tão convincente que se confunde com uma pessoa
real.
Os momentos de “Forrest Gump – O contador de histórias”
ecoam nos corações de muita gente até hoje. Como não se lembrar dos
ensinamentos de sua mãe, “A vida é como uma caixa de bombons, você nunca sabe o
que vai encontrar” ou “idiota é quem faz idiotice” ou a já citada “milagres
acontecem todos os dias”.
Muita gente defende que Forrest é desprovido de
inteligência e que ele é “o idiota que chegou lá”. Discordo completamente. Seu
QI é abaixo da média sim, mas ele tem o coração e a alma puros. Acredita em
Deus, em sua mãe e na mulher que ama. Aliás, seus momentos com sua amada Jenny
são capítulos a mais no filme. Eles começam como crianças unidas, mas, ao
crescerem, tomam rumos distintos na carreira e na vida. Forrest estudou, foi ao
exército e se tornou empresário do ramo do camarão (graças a seu amigo Bubba).
Jenny também estudou, mas nasceu para ser livre. E sempre sonhou em ser famosa.
Ela começa ganhando a vida cantando nua em bares masculinos (sim, a cena tem no
filme), mas o que fica marcado é seu envolvimento com os movimentos hippies e
panteras-negras. Sempre em alguns momentos do filme os dois acabam se
encontrando. Para Forrest, esses momentos são os melhores de sua vida. Jenny
ama Forrest, mas sabe que suas vidas são distintas, e faz questão de deixar
isso claro para ele. A Jenny de Robin Wright é, portanto, uma personagem também
inesquecível. Absurdamente, ela não foi indicada de Atriz Coadjuvante por esse
papel. Wright andou um tempo sumida dos holofotes, até fazer brilhantemente a
série da Netflix, House of Cards, que acabou de receber sua 2ª temporada e a 3ª
já está sendo gravada.
De muitos momentos marcantes, queria citar aqui uma cena
muito linda e poética: quando Forrest chega do Vietnã e discursa para a platéia
hippie (de início a cena é cômica porque o microfone está desligado), mas, logo
ele vê a sua Jenny e sai do palco para beijá-la no Lago de Washington. Só vendo
o filme para entender a poesia da coisa.
Alguns críticos pegaram certa raiva desse filme aqui por
acharem que Pulp Fiction merecia mais os prêmios e dizer que a vitória de
Forrest Gump foi injusta. De fato, o filme de Tarantino é mais engenhoso e com
uma importância maior ao mundo cinematográfico, mas dizer que a vitória de “Forrest
Gump – O contador de histórias” foi injusta é um ultraje.
O tempo provou que Tarantino é muito mais diretor do que
Zemeckis, e considerando que há uma “maldição do Oscar” com seus vencedores,
acho que a vitória de Forrest Gump foi mais ideal para o momento. E não devemos
nos esquecer que Zemeckis esnobou Tarantino na ocasião e muitos críticos
(sempre eles) defendiam que a carreira de Quentin Tarantino só seria fogo de
palha e seria diretor de um filme só. Pois é, “A vida é como uma caixa de bombons,
você nunca sabe o que vai encontrar” e, assim, como a famosa pena que abre e
fecha o filme, a vida dá voltas e segue de um lado para outro.
Nota:
10,0
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