Shame (Idem)
Direção: Steve McQueen
Ano de produção: 2011
Com: Michael Fassbender, Carey
Mulligan.
Gênero: Drama
Classificação
Etária: 18 Anos
“Shame” é ótimo, mas,
infelizmente, foi vendido da forma errada.
Um pouco antes de o diretor Steve McQueen ficar
mundialmente famoso pelo premiado “12 anos de escravidão”, ele fez um filme
profundo, totalmente autoral e feito para chocar a opinião pública: Shame, que
gerou muita polêmica pois apresentava a nudez frontal do protagonista, Michael
Fassbender. Mas o filme não se resume a isso: é uma odisséia sexual, a história
de um homem desesperado e ao mesmo tempo tendo que se impor no papel masculino,
ou ainda, o convívio de egos entre irmãos.
Na história, Brandon (Fassbender, ótimo no papel) é um
executivo bem-sucedido de Nova York, mas que tem um distúrbio: é viciado em
sexo. Mas viciado mesmo. Não é cinismo do protagonista. No filme, fica claro
que seu problema é físico e psicológico. Ele caça mulheres no metrô, transa
invariavelmente com prostitutas, se masturba em banheiros públicos e o
computador de seu trabalho é cheio de pornografia. A coisa muda um pouco quando
sua irmã, Sissy (Carey Mulligan), chega sem avisar em seu apartamento. Ela não
tem onde morar, não tem para onde ir e acaba se tornando um fardo a Brandon,
embora muitas vezes sem querer.
Foi difícil para Steve McQueen vender “Shame” aos
festivais sem focar nas cenas de nudez e sexo. Não só Fassbender aparece com
nudez frontal, mas Carey Mulligan (indicado ao Oscar em 2010 por “Educação”)
também, assim como todas as mulheres que Brandon tem relações ao longo do
filme. Mas o filme não fez feio: foi aplaudido em Cannes e Fassbender foi
indicado a Melhor Ator no Globo de Ouro. Provavelmente por causa do conteúdo de
“Shame”, passou despercebido no Oscar.
O filme é praticamente uma odisséia sexual, no estilo
Stanley Kubrick em “De olhos bem fechados”, principalmente quando acompanhamos
a trajetória do homem desesperado em busca de prazer, em uma Nova York soturna
e com uma trilha sonora de arrepiar e dar um clima, tanto de suspense, como de
ousadia, a mais para o filme.
O interessante, também, é que “Shame” não se resume
apenas a sexo, mas também na convivência (ou falta dela) entre os irmãos,
Brandon e Sissy. Os dois não se entendem, possivelmente por alguma intriga do
passado (que não fica claro na trama), mas aqui, Sissy é que parece ser a mais
humana da história, não por ser boazinha (que de boazinha não tem nada, ela,
por exemplo, dorme com o chefe de Brandon), mas por ser verdadeira. Enquanto Brandon
esconde seus vícios, principalmente para manter o status no mundo dos negócios,
Sissy é mais espontânea, é às vezes até mais carinhosa no que diz ao amor
fraternal e até joga na cara de Brandon em uma discussão: quem é você para
falar de sexo comigo?
A cena dela cantando “New York, New York”, de Frank
Sinatra, em um restaurante, e com um ritmo completamente diferente da música
original, é linda, muito diferente do desfecho da personagem, que de lindo não
tem nada, mas fez todo o sentido considerando o estado em que os ânimos dos
irmãos estavam.
“Shame” não é exatamente um filme-cabeça, nem tem o
brilho que “De olhos bem fechados” teve, mas é uma grande satisfação ver um
diretor com um filme vencedor de Oscar e com um ator que vive um ícone dos
quadrinhos no cinema, no caso, Magneto, enquanto ainda desconhecidos do grande
público. E considerando agora o sucesso de Steve McQueen e de Michael
Fassbender, será difícil vê-los em um filme tão denso, em especial Fassbender,
que logo estará nas telonas em “X-Men: dias de um futuro esquecido”
Nota:
9,0
Imagens:
Trailer:
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