terça-feira, 8 de abril de 2014

Shame



Shame (Idem)

Direção: Steve McQueen

Ano de produção: 2011

Com: Michael Fassbender, Carey Mulligan.

Gênero: Drama

Classificação Etária: 18 Anos


“Shame” é ótimo, mas, infelizmente, foi vendido da forma errada.

            Um pouco antes de o diretor Steve McQueen ficar mundialmente famoso pelo premiado “12 anos de escravidão”, ele fez um filme profundo, totalmente autoral e feito para chocar a opinião pública: Shame, que gerou muita polêmica pois apresentava a nudez frontal do protagonista, Michael Fassbender. Mas o filme não se resume a isso: é uma odisséia sexual, a história de um homem desesperado e ao mesmo tempo tendo que se impor no papel masculino, ou ainda, o convívio de egos entre irmãos.

            Na história, Brandon (Fassbender, ótimo no papel) é um executivo bem-sucedido de Nova York, mas que tem um distúrbio: é viciado em sexo. Mas viciado mesmo. Não é cinismo do protagonista. No filme, fica claro que seu problema é físico e psicológico. Ele caça mulheres no metrô, transa invariavelmente com prostitutas, se masturba em banheiros públicos e o computador de seu trabalho é cheio de pornografia. A coisa muda um pouco quando sua irmã, Sissy (Carey Mulligan), chega sem avisar em seu apartamento. Ela não tem onde morar, não tem para onde ir e acaba se tornando um fardo a Brandon, embora muitas vezes sem querer.

            Foi difícil para Steve McQueen vender “Shame” aos festivais sem focar nas cenas de nudez e sexo. Não só Fassbender aparece com nudez frontal, mas Carey Mulligan (indicado ao Oscar em 2010 por “Educação”) também, assim como todas as mulheres que Brandon tem relações ao longo do filme. Mas o filme não fez feio: foi aplaudido em Cannes e Fassbender foi indicado a Melhor Ator no Globo de Ouro. Provavelmente por causa do conteúdo de “Shame”, passou despercebido no Oscar.

            O filme é praticamente uma odisséia sexual, no estilo Stanley Kubrick em “De olhos bem fechados”, principalmente quando acompanhamos a trajetória do homem desesperado em busca de prazer, em uma Nova York soturna e com uma trilha sonora de arrepiar e dar um clima, tanto de suspense, como de ousadia, a mais para o filme.

            O interessante, também, é que “Shame” não se resume apenas a sexo, mas também na convivência (ou falta dela) entre os irmãos, Brandon e Sissy. Os dois não se entendem, possivelmente por alguma intriga do passado (que não fica claro na trama), mas aqui, Sissy é que parece ser a mais humana da história, não por ser boazinha (que de boazinha não tem nada, ela, por exemplo, dorme com o chefe de Brandon), mas por ser verdadeira. Enquanto Brandon esconde seus vícios, principalmente para manter o status no mundo dos negócios, Sissy é mais espontânea, é às vezes até mais carinhosa no que diz ao amor fraternal e até joga na cara de Brandon em uma discussão: quem é você para falar de sexo comigo?

            A cena dela cantando “New York, New York”, de Frank Sinatra, em um restaurante, e com um ritmo completamente diferente da música original, é linda, muito diferente do desfecho da personagem, que de lindo não tem nada, mas fez todo o sentido considerando o estado em que os ânimos dos irmãos estavam.

            “Shame” não é exatamente um filme-cabeça, nem tem o brilho que “De olhos bem fechados” teve, mas é uma grande satisfação ver um diretor com um filme vencedor de Oscar e com um ator que vive um ícone dos quadrinhos no cinema, no caso, Magneto, enquanto ainda desconhecidos do grande público. E considerando agora o sucesso de Steve McQueen e de Michael Fassbender, será difícil vê-los em um filme tão denso, em especial Fassbender, que logo estará nas telonas em “X-Men: dias de um futuro esquecido”


Nota: 9,0

Imagens:











Trailer:

Nenhum comentário:

Postar um comentário