domingo, 13 de abril de 2014

Capitão América 2 - O Soldado Invernal



Capitão América 2 – O Soldado Invernal (Capitain America – The Winter Soldier)


Direção: Anthony e Joe Russo

Ano de produção: 2014

Com: Chris Evans, Scarlett Johansson, Anthony Mackie, Robert Redford, Samuel L. Jackson, Emily VanCamp.

Gênero: Ação

Classificação Etária: 12 Anos


Capitão América 2 é o mais denso e o melhor filme da Marvel Studios.

            Desde 2008, quando foi lançado o primeiro “Homem de Ferro”, a Marvel resolveu dar uma reformulada, criar um estúdio próprio e também um universo próprio, e o cinema dos quadrinhos nunca mais foi o mesmo: muitas adaptações boas e muitas adaptações ruins também surgiram, muitos universos novos e os quadrinhos viraram a palavra de ordem dos estúdios, basicamente de 3 estúdios: obviamente da Marvel Studios, mas também a Warner e sua DC Comics e a Fox com “X-Men”. Mas, em matéria de arrecadamento, a Marvel Studios passa na frente: só “Os Vingadores” e “Homem de Ferro 3” faturaram, juntos, mais de 2 bilhões de dólares ao redor do mundo. E em matéria de qualidade também a Marvel passa na frente: de todos os filmes até agora do estúdio, a única derrapada foi com “Homem de Ferro 3”.

            E o divisor de águas desse universo foi, claro, “Os Vingadores”: agora, todas as obras da Marvel, seja filme ou série, devem amarrar alguma coisa com o mundo Marvel, por isso que “Homem de Ferro 3” foi tão ruim: parecia que era um filme passado em outro mundo e independente de “Os Vingadores”, erro corrigido em “Thor 2 – O mundo sombrio”.

            Mas há um problema nisso: depois do fenômeno que foi “Os Vingadores”, há uma preocupação do estúdio em entregar um produto que se iguale ou compare à união dos heróis e ainda ser divertido como filme de ação e com um roteiro bom que se é exigido. “Thor 2 – O mundo sombrio” já havia feito isso ano passado, em explorar o universo e corrigir as falhas do primeiro filme e agora, em 2014, a Marvel dá um passo à frente e realiza: “Capitão América 2: O Soldado Invernal”.

            O primeiro filme em 2011 foi muito bacana, mostrou de forma honesta a origem do herói e foi muito arriscado no sentido de tentar não ser maniqueísta. E conseguiu. Foi muito legal de ver o herói criado pelo ideal norte-americano para combater o nazismo.

            Mas, após os eventos ocorridos no primeiro filme, o Capitão ficou 70 anos congelado, voltando ao nosso mundo atual e participando dos acontecimentos de “Os Vingadores”.

            Aqui, “Capitão América 2: O Soldado Invernal”, se passa 2 anos após os eventos de “Os Vingadores”, com o nosso herói se acostumando ao mundo de hoje. Após um atentado em seu apartamento, ele descobre que a S.H.I.E.L.D foi corrompida pela HIDRA, empresa que financiava o nazismo e a própria S.H.I.E.L.D agora persegue o Capitão por ele ser uma “ameaça ao sistema”. Junto com isso, há a figura do Soldado Invernal, antigo amigo de Steve Rogers, Bucky, que, do mesmo jeito que Rogers foi criado pelos ideais americanos, Bucky foi criado pelos ideais soviéticos. Para quem não sabe, Bucky era o melhor amigo de Rogers no passado, mas, aqui, ele é uma verdadeira máquina de matar e sua memória foi apagada. Além de lidar com a S.H.I.E.L.D inteira atrás dele, com toda a corrupção e jogo de interesses, o Capitão América agora também tem que equilibrar a razão de confrontar com um inimigo mais forte do que ele e ainda a emoção de ver que seu melhor amigo agora é uma máquina no sistema conspiratório. O Steve Rogers/Capitão América, também tem amigos, além do líder da S.H.I.E.L.D, Nick Fury (Samuel L. Jackson, que parece estar mais se divertindo com o papel a cada filme), também de sua nova companheira, a Natasha Romanoff/Viúva Negra (Scarlett Johansson), que, desta vez, tem um papel de maior destaque em vista do que foi “Homem de Ferro 2” e “Os Vingadores” e seu amigo Sam (Anthony Mackie), que depois vira o herói Falcão.

            Além do Falcão, outros novos personagens entraram na história, com um destaque para Robert Redford como o agente Alexander Pierce. É mágico ver essa grande lenda do cinema em um filme deste tamanho e ainda com um papel de destaque. Seu papel de empresário corrupto é das melhores coisas do filme. E seus diálogos com o incorruptível Nick Fury são de arrepiar. Outra personagem que merece ser citada é Sharon Carter/Agente 13, vivida pela Emily VanCamp. Para quem não sabe, ela é a protagonista da ótima série “Revenge”. Seu papel é pequeno, é verdade, mas sua personagem deve crescer para os próximos filmes.

            Aliás, o fato de Sharon Carter ter um papel pequeno aqui foi uma licença poética do roteiro: nas HQs do Soldado Invernal, Sharon Carter ou Agente 13 que é a parceira de Rogers e os quadrinhos até sugerem um envolvimento amoroso. Aqui no filme, sua parceira é a Viúva Negra, o que fez todo o sentido, afinal, com todo o universo Marvel já estabelecido, com uma personagem já conhecida do grande público e com uma grande atriz que é a Scarlett Johansson, não faria sentido em ter que explicar uma nova personagem em um filme que já tem preocupações demais. O filme não sugeriu um envolvimento amoroso entre a Viúva e o Capitão. Há uma cena de beijo dentro de um shopping, mas não foi de fato afetivo, mas uma solução para a perseguição dos agentes da S.H.I.E.L.D.

            O filme tem vários alívios cômicos, é claro, mas, arrisco dizer que esse é o filme mais sério da Marvel Studios, e o que mais investe em relações humanas. Havia toda a história do Capitão América em se adaptar ao mundo novo, isso é citado, obviamente, mas, felizmente, não explorado. Tem o apelo emocional do confronto do Capitão e seu melhor amigo, sem apelar para emoções fortes ou o pieguismo, mas só o olhar de Chris Evans quando se depara pela primeira vez com seu amigo já diz tudo. Emoções fortes mais guiadas pela razão são difíceis ver em um filme de super-herói. Até onde a memória alcança, a última vez foi no final espetacular de “Homem-Aranha 2”.

            Chris Evans, aliás, está cada vez melhor como ator. Ele não começou a carreira muito bem, é verdade, ele mais fazia pose de galã e mais se preocupava em aparecer do que atuar, como na comédia “Não é mais um besteirol americano”, mas, principalmente nos dois filmes do Quarteto Fantástico, em que ele, assim como a Jessica Alba, quiseram ser mais famosos do que os filmes, e, talvez, por isso, Quarteto Fantástico não tenha sido uma adaptação de quadrinhos tão legal como Capitão América é.

            Pela primeira vez em um filme da Marvel, temos um tema tão delicado e complexo como a corrupção. A figura do mal, se assim podemos dizer, é, claro, de Robert Redford. Ele não só faz o filme soltar mais faíscas do que já tem, mas seu olhar frio e calculista quando ele é cobrado em sua sala e em suas reuniões holográficas são ótimas. E não devemos esquecer da cena da lavagem cerebral que ele impõe e obriga ao Soldado Invernal, ou Bucky, para quem preferir. A cena em que todos os funcionários da S.H.I.E.L.D descobrem que a empresa foi corrompida, em que todos apontam armas para todos, é de gelar a espinha.

            O elenco está perfeito, assim como Chris Evans, Scarlett Johansson e Robert Redford, já citados, também das ótimas atuações de Anthony Mackie como Falcão. Ele já demonstrou a carga dramática em “Guerra ao Terror”, da Kathryn Bigelow e agora tem a chance de ser mais conhecido do grande público. Emily VanCamp, a Emily da série “Revenge”, que, embora tenha um papel menor, é muito bom vê-la fora da série e também com agora uma chance de se revelar no cinema. E, claro, outro destaque é Sebastian Stan, que interpreta o Soldado Invernal. Ele, assim como Chris Evans, só fazia pose de galã na série “Gossip Girl”. E aqui, com um papel mais exigente, ele mostrou de fato tão bom ator que é e como parecer assustador na presença do Capitão América.

            Mas, em se tratando de um filme de super-heróis, e as cenas de ação? Estão as mais perfeitas possíveis, bem como o uso do 3D. aqui, a tecnologia em 3 dimensões não é gratuita nem há objetos arremessados à plateia, como muito filme faz: aqui, o 3D é de fora para dentro, dando uma impressão de maior profundidade, com destaque para duas cenas de ação, que são duas perseguições de carro: a cena, logo nos primeiros momentos do filme, em que Nick Fury é perseguido pela polícia de Nova York, mas, principalmente, na sequência em que o Capitão, a Viúva e o Falcão estão dirigindo e o Soldado Invernal os interrompe e se inicia o tiroteio, resultando na “prisão” dos heróis.

            Espero, de verdade, que essa ascensão dos filmes de quadrinhos não fique restrita só à Marvel, tomara que a DC Comics, por exemplo, já se mexa e comece a se mexer e que os lucros da Marvel sirvam de exemplo. Eles têm Liga da Justiça, e o filme nem saiu do papel, por exemplo. Eles farão “Batman VS Superman” com estreia prevista para 2016. Se eles não fizerem mais nada até lá, verão a Marvel lucrar mais e, infelizmente, poderão ficar esquecidos até lá. Espero que seja essa a ressurreição da DC.

            Até lá, vida longa aos quadrinhos.
             

Nota: 10,0

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