terça-feira, 1 de abril de 2014

Meninos não choram



Meninos não choram (Boys Don´t Cry)

Direção: Kimberly Peirce

Ano de produção: 1999

Com: Hillary Swank, Chloe Sevigni, Peter Sarsgaard.

Gênero: Drama

Classificação Etária: 18 Anos


“Meninos não choram” é tão intenso que a história só poderia ser real

            Antes de Hillary Swank ficar famosa pelo grande público em sua interpretação hipnotizante no drama “Menina de Ouro”, ela já era conhecida pelo cinemão independente e pelas premiações ao interpretar Teena Brandon, uma moça pobre do estado de Lincoln, nos EUA, acusada e presa de um acidente automobilístico que se revela lésbica, se apaixona por uma doce moça chamada Lana e vira amiga da família, até todos descobrirem a verdade... Teena usa o nome de Brandon, e se apresenta a todos como um garoto, inclusive para a polícia.

            Essa é uma história real, ocorrida no início da década de 1990, antes da morte de Teena, em 1993, e é contada de forma espetacular neste filme aqui, “Meninos Não Choram”, da diretora Kimberly Peirce (que dirigiu o recente remake de “Carrie – A Estranha”). “Meninos Não Choram” não é um filme para quem apenas vê cinema como entretenimento ou para diversão. É um filme para quem gosta de cinema independente e feito na raça, sem o apoio financeiro dos estúdios em que o elemento que mais se prevalece é o roteiro, além das ótimas atuações, que neste caso, estão soberbas.

            Hillary Swank, em seu melhor papel da carreira, se entrega de verdade nessa personagem ambígua e que tudo o que queria era ser ela mesma e seguir seu coração. Os trejeitos e maneirismos que o papel exigia quase se confundem se o que está se vendo na tela é de fato uma atriz ou uma vida real. Afinal, o que se vê é Hillary, Teena ou Brandon?

            E mais do que isso, Hillary foi muito corajosa ao aceitar um papel tão exigente como esse, que muitas atrizes boas se recusaram. Na verdade, a diretora Kimberly Peirce passou 3 anos para escolher uma atriz que realmente aceitasse o papel como ele era sem pudores e sem o glamour que muito se tem no mundo do cinema. Afinal, é um papel masculino, forte, intenso, com cenas de nudez e uma fortíssima cena de estupro.

            E esse papel intenso gerou frutos e prêmios para Hillary. Ela venceu – e muito merecidamente – o Oscar e o Globo de Ouro de Melhor Atriz por esse filme e levou seu nome de vez ao primeiro time de Hollywood, até a consagração e prêmios, mais uma vez, com seu “Menina de Ouro”. Infelizmente ela está sumida do cinema, mas é uma atriz que merece sim nosso respeito e admiração.

            Mas o filme não se resume somente à Hillary Swank, há um grande elenco de apoio, como John e Tom, amigos da família de Lana e homofóbicos, que não aceitam que Lana se envolva com uma mulher. Também deixo meu destaque aqui para o papel de Lana, vivida pela ótima atriz Chloe Sevigni. Infelizmente, sua carreira não emplacou, mas ela foi indicada ao Oscar de Atriz Coadjuvante por esse filme aqui. Ela também atua no polêmico “Kids”, de 1995.

            A diretora Kimberly Peirce foi muito corajosa ao colocar essa história real no cinema, não só as atrizes não queriam fazer o papel de Teena, mas também ninguém queria que essa história fosse para as telas. E qual a explicação disso? Homofobia, é claro. A mesma lógica se aplicou, anos depois ao ótimo “O Segredo de Brokeback Mountain”.

            Outro destaque vai para a trilha sonora, intimista e com muita identificação com o longa, sem contar com a canção “Boys Don´t Cry”, da banda The Cure embalando os momentos mais, digamos, descolados.

            “Meninos não choram” é uma história de coragem sim, história de amor sim e um grito contra a homofobia. Em uma época que esse assunto está em alta, esse filme deve ser colocado em qualquer debate sobre o tema.


Nota: 10,0

Imagens:







Trailer:

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