Meninos não choram (Boys Don´t Cry)
Direção: Kimberly Peirce
Ano de produção: 1999
Com:
Hillary Swank, Chloe Sevigni, Peter Sarsgaard.
Gênero: Drama
Classificação
Etária: 18 Anos
“Meninos não choram” é tão intenso que a história só
poderia ser real
Antes de Hillary Swank ficar famosa pelo grande público
em sua interpretação hipnotizante no drama “Menina de Ouro”, ela já era
conhecida pelo cinemão independente e pelas premiações ao interpretar Teena
Brandon, uma moça pobre do estado de Lincoln, nos EUA, acusada e presa de um
acidente automobilístico que se revela lésbica, se apaixona por uma doce moça
chamada Lana e vira amiga da família, até todos descobrirem a verdade... Teena
usa o nome de Brandon, e se apresenta a todos como um garoto, inclusive para a
polícia.
Essa é uma história real, ocorrida no início da década de
1990, antes da morte de Teena, em 1993, e é contada de forma espetacular neste
filme aqui, “Meninos Não Choram”, da diretora Kimberly Peirce (que dirigiu o
recente remake de “Carrie – A Estranha”). “Meninos Não Choram” não é um filme
para quem apenas vê cinema como entretenimento ou para diversão. É um filme
para quem gosta de cinema independente e feito na raça, sem o apoio financeiro
dos estúdios em que o elemento que mais se prevalece é o roteiro, além das
ótimas atuações, que neste caso, estão soberbas.
Hillary Swank, em seu melhor papel da carreira, se
entrega de verdade nessa personagem ambígua e que tudo o que queria era ser ela
mesma e seguir seu coração. Os trejeitos e maneirismos que o papel exigia quase
se confundem se o que está se vendo na tela é de fato uma atriz ou uma vida
real. Afinal, o que se vê é Hillary, Teena ou Brandon?
E mais do que isso, Hillary foi muito corajosa ao aceitar
um papel tão exigente como esse, que muitas atrizes boas se recusaram. Na
verdade, a diretora Kimberly Peirce passou 3 anos para escolher uma atriz que
realmente aceitasse o papel como ele era sem pudores e sem o glamour que muito
se tem no mundo do cinema. Afinal, é um papel masculino, forte, intenso, com
cenas de nudez e uma fortíssima cena de estupro.
E esse papel intenso gerou frutos e prêmios para Hillary.
Ela venceu – e muito merecidamente – o Oscar e o Globo de Ouro de Melhor Atriz
por esse filme e levou seu nome de vez ao primeiro time de Hollywood, até a
consagração e prêmios, mais uma vez, com seu “Menina de Ouro”. Infelizmente ela
está sumida do cinema, mas é uma atriz que merece sim nosso respeito e
admiração.
Mas o filme não se resume somente à Hillary Swank, há um
grande elenco de apoio, como John e Tom, amigos da família de Lana e
homofóbicos, que não aceitam que Lana se envolva com uma mulher. Também deixo
meu destaque aqui para o papel de Lana, vivida pela ótima atriz Chloe Sevigni.
Infelizmente, sua carreira não emplacou, mas ela foi indicada ao Oscar de Atriz
Coadjuvante por esse filme aqui. Ela também atua no polêmico “Kids”, de 1995.
A diretora Kimberly Peirce foi muito corajosa ao colocar
essa história real no cinema, não só as atrizes não queriam fazer o papel de
Teena, mas também ninguém queria que essa história fosse para as telas. E qual
a explicação disso? Homofobia, é claro. A mesma lógica se aplicou, anos depois
ao ótimo “O Segredo de Brokeback Mountain”.
Outro destaque vai para a trilha sonora, intimista e com
muita identificação com o longa, sem contar com a canção “Boys Don´t Cry”, da
banda The Cure embalando os momentos mais, digamos, descolados.
“Meninos não choram” é uma história de coragem sim,
história de amor sim e um grito contra a homofobia. Em uma época que esse
assunto está em alta, esse filme deve ser colocado em qualquer debate sobre o
tema.
Nota:
10,0
Imagens:
Trailer:
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