Drive (Idem)
Direção:
Nicholas Winding Refn
Ano de produção: 2011
Com: Ryan Gosling, Carey Mulligan,
Bryan Craston, Albert Brooks, Oscar Isaac, Christina Hendricks.
Gênero: Drama
Classificação Etária: 16 Anos
“Drive” foge da mesmice e
ousa sem sutilezas.
Durante o Festival de Cannes de 2011, duas coisas ficaram
na história: uma foi o discurso polêmico do diretor Lars Von Trier na coletiva
de imprensa do filme “Melancolia”, em que ele diz que entende Hitler e os
motivos que o levaram ao nazismo. A declaração pegou mal e isso quase abafou as
qualidades que “Melancolia” tem. Isso foi um fato negativo. Porém, na mesma
festa, houve um fato positivo, na verdade, foi um filme que ninguém deu muita
bola, surpreendeu à todos e no final da exibição foi ovacionado por 15 minutos.
Esse filme é “Drive”, do diretor dinamarquês Nicholas Winding Refn (que venceu
o prêmio de direção em Cannes) um filme absolutamente incrível, que não tem
nada a ver com o padrão americano de entretenimento e que, infelizmente, passou
quase batido pelo Oscar.
Drive conta a história de um sujeito, cujo nome nunca é
revelado, ele “apenas dirige”, como ele se auto-intitula, vivido por Ryan
Gosling (sensacional no papel!) que trabalha em uma oficina de carros e também trabalha
como dublê de filmes de ação. Ele praticamente não tem vida além disso, até que
conhece Irene (vivida pela irresistível Carey Mulligan) e seu filho, que começa
uma grande amizade?! O marido de Irene, Standard, está na prisão, mas logo é
solto e deve 200 mil dólares para uma quadrilha, que espanca Standard e ameaça
fazer o mesmo com a família. O protagonista toma as dores e rédeas da situação
e planeja pagar os criminosos, desde que deixem a família em paz, mas algo dá
errado...
Os produtores bem que queriam, mas não conseguiram vender
“Drive” como um filme de ação de carros no estilo “Velozes e Furiosos”, o que,
veja bem, não há nada a ver uma coisa com a outra. Isso explica o fato de muita
gente ter se frustrado com esse filme aqui. O diretor mesclou bem as cenas
espetaculares e o drama intimista.
A trilha sonora é impressionante, como na seqüência de
abertura em que somos apresentados ao personagem e também na cena do assalto em
si, na qual há uma ausência de som, deixando para a própria platéia tomar suas
decisões.
O protagonista jamais diz seu nome, quase que como uma
metáfora para um ser marginalizado e sem vida, tendo de fato uma vida somente
ao lado de Irene, que, aliás, as expressões do protagonista deixam claro o seu
interesse na moça, mas em momento algum o filme cai no romance e no melodrama. Pelo
contrário, o motorista é quase sem expressão ao lado de Irene, mas seu olhar
diz tudo sobre seus interesses. Em uma cena, ela pergunta se não é perigoso ele
trabalhar dirigindo, mas, para ele, nada é mais perigoso do que se apaixonar
pela esposa de um presidiário. Há um único beijo, dentro do elevador, uma cena
fantástica, em que até a iluminação é abaixada para um clima mais intimista,
com um desfecho violento e de roer a unha.
Na segunda metade, o filme fica ultra violento, mas nada
é mais perturbador do que as expressões frias do protagonista e deve-se
salientar que aqui a violência é mais psicológica do que física.
E o que dizer do elenco? Por um absurdo inexplicável,
Ryan Gosling passou despercebido pelas premiações, assim como Carey Mulligan
como atriz coadjuvante. Há um forte elenco de peso, como Albert Brooks, como um
mercenário e uma atenção total à dois atores de séries premiadas de TV por
aqui: Bryan Craston, de Breaking Bad como o chefe do protagonista e Christina
Hendricks, de Mad Men, como uma stripper.
Drive não é exatamente ação, nem drama nem romance mas é
uma mistura de tudo um pouco. Sem explorar nada e sem os costumes e maniqueísmos
americanos. Vida longuíssima ao cinemão independente.
Nota:
10,0
Imagens:
Trailer:
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