Rio 2 (Idem)
Direção: Carlos Saldanha
Ano de produção: 2014
Com: Jesse Eisenberg, Anne Hathaway,
Leslie Mann, Jamie Foxx, Rodrigo Santoro.
Gênero: Animação
Classificação Etária: LIVRE
Firulas escondem roteiro vazio em “Rio 2”
Quando estreou “Rio”, em 2011, saí do cinema surpreso de
forma positiva e muito extasiado. Afinal, o filme é uma graça, absolutamente
delicioso de assistir e, fundamentalmente, mostra a cultura brasileira sem
estereotipá-la e sem os preconceitos que muitos países têm com o nosso. O filme
fez mais sucesso por aqui do que em qualquer outro lugar do mundo, muito
merecido e justo.
Mas, com o sucesso, a Fox, distribuidora do filme, logo viu
que nossa cultura é muito grande e viu que nosso país poderia ser mais
dissertado e sob a batuta de um cineasta brasileiro. Carlos Saldanha, que
também dirigiu o primeiro filme e também “A Era do Gelo” 2 e 3, é um ótimo
diretor e sabe que, em um filme, seja de animação ou com atores, a melhor coisa
é o roteiro e os personagens.
Infelizmente, não é o caso de Rio 2. Há um esforço claro
de Saldanha em fazer uma boa história, porém, o filme não sabe para qual
caminho vai e tudo é escondido com muito maneirismo e números musicais.
Rio 2 conta a história de Blu e Jade, agora já com 3
filhos e vivendo do Rio de Janeiro. Eles assistem pela TV que os criadores de
Blu, Tulio e Linda estão em expedição na Amazônia e descobrem que há mais
espécies da arara azul. Os pássaros que estão no Rio decidem, então, voar para
a Amazônia, conhecer seus seres da mesma espécie e salvar Linda e Túlio. Lá,
eles encontram toda a família de Jade, e seu pai e ex-namorado viram espécie de
desafetos de Blu. Junto com isso, temos um velho inimigo de Blu, Nigel, que
quer vingança e, também, a luta pelo desmatamento na floresta.
Rio 2 tem muitos problemas e as qualidades estão,
basicamente, no grande visual, bom uso do 3D e as deliciosas coreografias nos
números musicais. Fora isso, o filme só tem defeitos. Primeiro, tem o mesmo
problema de “Homem-Aranha 3”: tramas demais, personagens demais e nada parece
ser conclusivo. Explorar a história e sair do Rio de Janeiro foi uma boa ideia.
E falar de um assunto tão atual, como é o desmatamento, é melhor ainda. Porém,
com tantas tramas e sub-tramas, isso acaba ficando até em segundo plano.
Se no primeiro filme, as trapalhadas de Blu eram um dos
charmes do filme e era a nossa torcida pela volta por cima do protagonista,
aqui, a rivalidade dele com seu sogro e sua não adaptação ao mundo fora da
cidade tornam Blu até antipático. Ele depende das tecnologias, como seu inseparável
GPS e sua pochete, tornando-o patético e sem graça. A desnecessária rivalidade
das araras azuis contra as vermelhas não tem fundamento e têm mais destaque do
que o desmatamento. Após uma trapalhada de Blu, em invadir o espaço vermelho
eles decidem resolver isso como? Em uma partida de futebol, é claro. Uma péssima
desculpa para colocar futebol no filme em um ano de Copa do Mundo.
Túlio e Linda, protagonistas do primeiro filme, aqui são
meros coadjuvantes de luxo, aparecendo basicamente no começo e no fim, mesmo a
história, que deveria ser central, sobre também a biodiversidade, é ofuscada
pelo resto da trama e também ofuscada pelas intrigas entre Blu, seu sogro e um
antigo namorado de Jade, Roberto, que se apresenta como um ser arrogante e mais
descolado e esperto do que Blu.
E o que dizer de Nigel e sua vingança? Houve uma
preparação para o grande momento, em que parecia ser de fato uma revanche, mas,
o resultado, mostrado quase no final, foi rápido demais praticamente não deu
para se envolver emocionalmente nem com Blu, nem com Nigel, e nem com a sapinha
venenosa que é apaixonada por Nigel.
As músicas de Sérgio Mendes e Carlinhos Brown animam o filme
e os momentos musicais, desde a sequência de abertura estranha da virada do ano
em Copacabana até o desfecho de encher os olhos.
O filme promete agradar multidões, não só pela direção de
arte mas até pelos graciosos 3 filhos de Blu e Jade, jovens nerds muito
estereotipados, aliás, e que são quase enfeite na história. É quase certo que “Rio
2” deva arrecadar milhões, e pode virar franquia ou trilogia. Não é impossível.
Nota:
4,0
Imagens:
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