The Bling Ring – A
Gangue de Hollywood (The Bling Ring)
Direção: Sofia Coppola
Ano de produção: 2013
Com: Katie Chang, Israel Broussard,
Emma Watson, Taissa Farmiga, Leslie Mann, Claire Julien.
Gênero: Drama
Classificação Etária: 16 Anos
Sofia mostra a sujeira e
fraqueza das elites em “The Bling Ring”.
Sofia Coppola já está em seu 5º filme. Seu caminho não
foi nada fácil. Principalmente por ser filha de um gigante como Francis Ford
Coppola. Ela sabia que, como seu pai, irmão (Roman Coppola) e seu primo,
Nicolas Cage (sim, Cage é da família Coppola, ele alterou seu sobrenome
artístico para não ficar amarrado ao nome do cineasta), seu lugar era no mundo
do cinema.
Sabendo disso, seu pai já tratou de encaixá-la em seus
filmes. É ela o bebê de “O Poderoso Chefão”, mas seu primeiro papel de destaque
foi como a filha de Al Pacino e namorada de Andy Garcia em “O Poderoso Chefão –
Parte 3”. Foi um vexame. Ninguém gostou de seu papel, muitos disseram que ela
estragou o filme. Ela levou o troféu Framboesa de Ouro de Pior Atriz por esse
filme e ficou por anos sumida dos holofotes.
Tudo mudou no ano de 1999. Se Sofia não sabe atuar (sim,
também acho que ela é péssima atriz) ela é ótima em escrever. E também é muito
inteligente e adora leitura. E ela adorou o livro “As Virgens Suicidas”, de
Jeffrey Eugenides e, ao lê-lo, logo sabia que poderia transformar a história
das irmãs misteriosas em um grande filme.
E conseguiu. “As Virgens Suicidas” não é só um grande
filme, tocante no que ele se propõe e um grande exercício de reflexão da
adolescência e da super proteção dos filhos, e Sofia Coppola se revelou uma
grande diretora e escritora e finalmente ela teve o prestígio que merecia.
Mas foi com seu filme seguinte, “Encontros e
Desencontros” que veio a confirmação de seu talento. O filme venceu o Oscar de
2004 de Melhor Roteiro e levou de vez seu nome para o primeiro time de
Hollywood e Sofia conseguiu, 13 anos depois de seu fiasco em “O Poderoso Chefão
– Parte 3”, ganhar prestígio e sair da sombra de seu pai.
Seus filmes seguintes, “Maria Antonieta” em 2006 e “Um
Lugar Qualquer”, em 2010, não foram um sucesso comercial, mas foram muito bem
de crítica, ganharam prêmios trouxeram um novo mundo ao cinema independente.
E agora, em “The Bling Ring – A Gangue de Hollywood”,
Sofia embarca no mundo adolescente que se diverte invadindo e roubando a mansão
das celebridades.
Já com essa curta, mas eficiente carreira, nota-se
algumas características de Sofia que levam sua marca: o tom intimista, a
fotografia com mais luz, mesmo nos momentos mais sombrios e, fundamentalmente,
o talento em trabalhar com jovens e suas angústias, em especiais às mulheres.
Todos os seus filmes mostraram moças jovens com uma boa
vida, mas tristes por dentro. E aqui, em “The Bling Ring” isso fica ainda mais
claro, vejamos o porquê: ninguém aqui é pobre, muito pelo contrário, todos aqui
são da classe alta de Los Angeles, têm pais que dão tudo aos filhos, estudam
nas melhores escolas e vão às festas mais caras, mas adoram invadir as casas
das celebridades, apenas por “diversão”.
E por incrível que pareça, esse filme é baseado em uma
incrível história real retratada no best seller de Nancy Jo Sales, que Sofia
adaptou as palavras do livro neste filme incrível.
As casas invadidas foram de Paris Hilton, Lindsay Lohan e
Orlando Bloom. A farsa foi descoberta e todos foram presos. Faço um parênteses
aqui para dizer que coisa desse tipo jamais aconteceria no Brasil, afinal,
ainda estamos esperando o momento em que algum rico seja algemado e preso em um
presídio comum.
Mas, no caso de “The Bling Ring”, Sofia não se preocupa
em julgar os jovens nem tampouco suas ações. Ela apenas mostra a situação tal
como o livro sugeriu. Também não tentou explicar os motivos ou o fator
psicológico, os adolescentes apenas invadem as mansões e roubam os bens mais
luxuosos, como sapatos e roupas.
Diferentemente de seus filmes anteriores, Sofia adota uma
temática mais otimista e vibrante. E é esse tom que torna o filme tão especial.
Mesmo sendo um filme sobre roubo, não há qualquer sinal de história de crime ou
policial. Aqui, temos adolescentes bens de vida que vão às festas, postam tudo
no Facebook e estão no clima de “sexo, drogas e rock and roll”.
E por falar nos adolescentes, no que diz do elenco jovem,
aqui, Sofia só trabalha com os melhores. Aliás, não exatamente com os melhores,
mas, ela consegue extrair o melhor de seus atores. E aqui, estão todos ótimos
em seus papéis, com destaque para Emma Watson, que se livrou de vez do estigma
da bruxinha Hermione de Harry Potter e nos entrega um papel mais ousado, à
vontade e até mais adulto. A sua Nicki é um misto de menina mimada e mulher
fatal. Seu depoimento na polícia, distorcendo toda a história real é de um
cinismo que quase hipnotiza a plateia.
Também queria fazer uma menção à irmã de Nicki, Sam,
vivida pela irresistível Taissa Farmiga, irmã da Vera. Este é seu primeiro
papel de destaque em um filme e seu grande papel é na ótima série da Fox
“American Horror Story”, em que ela vive a misteriosa Violet na 1ª temporada.
Sofia Coppola é uma diretora que só tem qualidades: sabe,
como poucos, trabalhar com atores, sabe arrancar o melhor possível de um ator
jovem quando este é exigido, escreve incrivelmente bem, não deixou Hollywood a
vislumbrar, ou seja, não deixou o sucesso subir à sua cabeça e, principalmente,
ama o que faz.
Nota:
10,0
Imagens:
Trailer:
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