segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

The Bling Ring - A Gangue de Hollywood

The Bling Ring – A Gangue de Hollywood (The Bling Ring)


Direção: Sofia Coppola

Ano de produção: 2013

Com: Katie Chang, Israel Broussard, Emma Watson, Taissa Farmiga, Leslie Mann, Claire Julien.

Gênero: Drama

Classificação Etária: 16 Anos


Sofia mostra a sujeira e fraqueza das elites em “The Bling Ring”.

            Sofia Coppola já está em seu 5º filme. Seu caminho não foi nada fácil. Principalmente por ser filha de um gigante como Francis Ford Coppola. Ela sabia que, como seu pai, irmão (Roman Coppola) e seu primo, Nicolas Cage (sim, Cage é da família Coppola, ele alterou seu sobrenome artístico para não ficar amarrado ao nome do cineasta), seu lugar era no mundo do cinema.

            Sabendo disso, seu pai já tratou de encaixá-la em seus filmes. É ela o bebê de “O Poderoso Chefão”, mas seu primeiro papel de destaque foi como a filha de Al Pacino e namorada de Andy Garcia em “O Poderoso Chefão – Parte 3”. Foi um vexame. Ninguém gostou de seu papel, muitos disseram que ela estragou o filme. Ela levou o troféu Framboesa de Ouro de Pior Atriz por esse filme e ficou por anos sumida dos holofotes.

            Tudo mudou no ano de 1999. Se Sofia não sabe atuar (sim, também acho que ela é péssima atriz) ela é ótima em escrever. E também é muito inteligente e adora leitura. E ela adorou o livro “As Virgens Suicidas”, de Jeffrey Eugenides e, ao lê-lo, logo sabia que poderia transformar a história das irmãs misteriosas em um grande filme.

            E conseguiu. “As Virgens Suicidas” não é só um grande filme, tocante no que ele se propõe e um grande exercício de reflexão da adolescência e da super proteção dos filhos, e Sofia Coppola se revelou uma grande diretora e escritora e finalmente ela teve o prestígio que merecia.

            Mas foi com seu filme seguinte, “Encontros e Desencontros” que veio a confirmação de seu talento. O filme venceu o Oscar de 2004 de Melhor Roteiro e levou de vez seu nome para o primeiro time de Hollywood e Sofia conseguiu, 13 anos depois de seu fiasco em “O Poderoso Chefão – Parte 3”, ganhar prestígio e sair da sombra de seu pai.

            Seus filmes seguintes, “Maria Antonieta” em 2006 e “Um Lugar Qualquer”, em 2010, não foram um sucesso comercial, mas foram muito bem de crítica, ganharam prêmios trouxeram um novo mundo ao cinema independente.

            E agora, em “The Bling Ring – A Gangue de Hollywood”, Sofia embarca no mundo adolescente que se diverte invadindo e roubando a mansão das celebridades.

            Já com essa curta, mas eficiente carreira, nota-se algumas características de Sofia que levam sua marca: o tom intimista, a fotografia com mais luz, mesmo nos momentos mais sombrios e, fundamentalmente, o talento em trabalhar com jovens e suas angústias, em especiais às mulheres.

            Todos os seus filmes mostraram moças jovens com uma boa vida, mas tristes por dentro. E aqui, em “The Bling Ring” isso fica ainda mais claro, vejamos o porquê: ninguém aqui é pobre, muito pelo contrário, todos aqui são da classe alta de Los Angeles, têm pais que dão tudo aos filhos, estudam nas melhores escolas e vão às festas mais caras, mas adoram invadir as casas das celebridades, apenas por “diversão”.

            E por incrível que pareça, esse filme é baseado em uma incrível história real retratada no best seller de Nancy Jo Sales, que Sofia adaptou as palavras do livro neste filme incrível.

            As casas invadidas foram de Paris Hilton, Lindsay Lohan e Orlando Bloom. A farsa foi descoberta e todos foram presos. Faço um parênteses aqui para dizer que coisa desse tipo jamais aconteceria no Brasil, afinal, ainda estamos esperando o momento em que algum rico seja algemado e preso em um presídio comum.

            Mas, no caso de “The Bling Ring”, Sofia não se preocupa em julgar os jovens nem tampouco suas ações. Ela apenas mostra a situação tal como o livro sugeriu. Também não tentou explicar os motivos ou o fator psicológico, os adolescentes apenas invadem as mansões e roubam os bens mais luxuosos, como sapatos e roupas.

            Diferentemente de seus filmes anteriores, Sofia adota uma temática mais otimista e vibrante. E é esse tom que torna o filme tão especial. Mesmo sendo um filme sobre roubo, não há qualquer sinal de história de crime ou policial. Aqui, temos adolescentes bens de vida que vão às festas, postam tudo no Facebook e estão no clima de “sexo, drogas e rock and roll”.

            E por falar nos adolescentes, no que diz do elenco jovem, aqui, Sofia só trabalha com os melhores. Aliás, não exatamente com os melhores, mas, ela consegue extrair o melhor de seus atores. E aqui, estão todos ótimos em seus papéis, com destaque para Emma Watson, que se livrou de vez do estigma da bruxinha Hermione de Harry Potter e nos entrega um papel mais ousado, à vontade e até mais adulto. A sua Nicki é um misto de menina mimada e mulher fatal. Seu depoimento na polícia, distorcendo toda a história real é de um cinismo que quase hipnotiza a plateia.

            Também queria fazer uma menção à irmã de Nicki, Sam, vivida pela irresistível Taissa Farmiga, irmã da Vera. Este é seu primeiro papel de destaque em um filme e seu grande papel é na ótima série da Fox “American Horror Story”, em que ela vive a misteriosa Violet na 1ª temporada.

            Sofia Coppola é uma diretora que só tem qualidades: sabe, como poucos, trabalhar com atores, sabe arrancar o melhor possível de um ator jovem quando este é exigido, escreve incrivelmente bem, não deixou Hollywood a vislumbrar, ou seja, não deixou o sucesso subir à sua cabeça e, principalmente, ama o que faz.


Nota: 10,0


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