12 Anos de Escravidão (12 Years a Slave)
Direção: Steve McQueen
Ano de produção: 2013
Com:
Chiwetel Ejiofor, Michael Fassbender, Lupita Nyong O´, Benedict Cumberbatch,
Paul Dano, Paul Giamatti, Brad Pitt.
Gênero: Drama
Classificação Etária: 16 Anos
“12 Anos de Escravidão” tem
tudo – e mais um pouco – que a Academia adora.
Há tempos eu não via uma disputa ao Oscar tão equilibrada
quanto este ano. O meio de campo está dividido mesmo. Há 3 filmes com chances
reais de levar o prêmio: um é “Gravidade”, filme de Ficção Científica super
elogiada por público e crítica, tem tudo para se tornar clássico do gênero e já
é a barbada nas categorias técnicas. Outro é “Trapaça”. Eu não tanto gostei do
filme, mas reconheço que a Academia abraçou a ideia, o diretor David O. Russell
é o novo queridinho deles, o elenco é forte e está crescendo entre as escolhas
dos votantes. E outro que é favorito, desde que estreou em território
americano, tem todos os ingredientes que os votantes adoram e, ao terminar o
filme, logo me veio à cabeça: Oscar. Este é “12 anos de escravidão”.
Esta é a nova parceria do diretor Steve McQueen e do ator
Michael Fassbender (o Magneto de “X-Men – Primeira Classe” e futuramente em “Dias
de um futuro esquecido”) – a outra parceria foi no polêmico “Shame” – com um
grande elenco, em parte desconhecido, desde seu excelente protagonista, Chiwetel
Ejiofor e a novata Lupita Nyong O´.
Mas por que “12 anos de escravidão” é o grande favorito a
levar o Oscar, se há uns 3 filmes com chances reais? Bom, é um drama, coisa que
seus concorrentes não é, também é uma história de superação e ainda a plateia torce
pelo mocinho, no caso, o escravo Solomon (Ejiofor).
E como filme? “12 anos de escravidão” é tudo isso?
Bom, não é exatamente “O MELHOR” filme do ano. Há uns 5
melhores. Mas é sim um grande filme. Não só pelas atuações, mas é uma história muito
envolvente, urgente e realista. Mais do que isso, a escravidão é um assunto que
não deve ser esquecido e o passado sombrio que nossos ancestrais sofreram na
mão da ignorância humana deve sim levar destaque.
“12 anos de escravidão” é baseado em uma história real de
Solomon Northup, que era um escravo livre e foi sequestrado na condição de
escravo. Ele passa a sofrer, injustamente tudo o que um escravo sofre,
principalmente com seu senhor Epps (Michael Fassbender – indicado a Ator
Coadjuvante), conhecido como “domador de escravos” e usa de meios religiosos
para justificar a escravidão.
Aposto com quem quiser que é impossível assistir a “12
anos de escravidão” sem um sentimento de indignação. É fato que tudo o que se
vê na tela é baseado em relatos e de tudo o que vemos na escola, TV e até
filmes e, neste caso aqui, é baseado em uma história assustadoramente real. Mas,
nos dias de hoje, ainda é possível se chocar com tanta humilhação sofrida e
também entender a sociedade da época. A população não só apoiava a escravidão
como assistia com um certo sentimento de aprovação. Coisa parecida só se via no
nazismo.
No caso de “12 anos de escravidão”, a indignação se dá
também por sabermos que Solomon não merecia a condição de escravo.
Além do protagonista, eu queria destacar o papel de Lupita
Nyong O´, que é uma atriz estreante e está um arraso como a escrava Patsey. Tudo
o que ela sofre na história, inclusive abusos sexuais, não só cria empatia com
o público como faz com que a plateia torça por ela e vê que, no mundo da
escravidão, de nada adiantava fazer um bom trabalho, infelizmente o escravo
tinha seu “dono” e o mesmo poderia fazer o que quisesse. O escravo era,
portanto, um produto.
Lupita está indicada para Atriz Coadjuvante. E, se vier,
o prêmio será mais do que justo. Espero de verdade que a carreira dessa ótima
atriz mexicana seja gloriosa.
A produção é impecável (Brad Pitt é um dos produtores) e
a reconstrução da época é de encher os olhos. O figurino e a Direção de Arte
são destaques positivos.
Só tenho uma ressalva em relação ao filme: o Michael
Fassbender, que é um grande ator, que eu adoro e aprecio muito, mas, aqui, ele
está com uma atuação muito exagerada. Foi o mesmo problema de Angelina Jolie em
“A Troca”: o desespero por um Oscar em querer enfeitar demais um momento ou
cena que, e muitas vezes, nem merece tanta carga dramática.
Mas, apesar dessa ressalva, não há dúvida que “12 anos de
escravidão” seja um grande filme. Mas, um filme difícil de se assistir e um
exercício de consciência.
Nota:
9,0
Imagens:
Trailer:
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