domingo, 2 de fevereiro de 2014

12 Anos de Escravidão

12 Anos de Escravidão (12 Years a Slave)


Direção: Steve McQueen

Ano de produção: 2013

Com: Chiwetel Ejiofor, Michael Fassbender, Lupita Nyong O´, Benedict Cumberbatch, Paul Dano, Paul Giamatti, Brad Pitt.

Gênero: Drama

Classificação Etária: 16 Anos


“12 Anos de Escravidão” tem tudo – e mais um pouco – que a Academia adora.

            Há tempos eu não via uma disputa ao Oscar tão equilibrada quanto este ano. O meio de campo está dividido mesmo. Há 3 filmes com chances reais de levar o prêmio: um é “Gravidade”, filme de Ficção Científica super elogiada por público e crítica, tem tudo para se tornar clássico do gênero e já é a barbada nas categorias técnicas. Outro é “Trapaça”. Eu não tanto gostei do filme, mas reconheço que a Academia abraçou a ideia, o diretor David O. Russell é o novo queridinho deles, o elenco é forte e está crescendo entre as escolhas dos votantes. E outro que é favorito, desde que estreou em território americano, tem todos os ingredientes que os votantes adoram e, ao terminar o filme, logo me veio à cabeça: Oscar. Este é “12 anos de escravidão”.

            Esta é a nova parceria do diretor Steve McQueen e do ator Michael Fassbender (o Magneto de “X-Men – Primeira Classe” e futuramente em “Dias de um futuro esquecido”) – a outra parceria foi no polêmico “Shame” – com um grande elenco, em parte desconhecido, desde seu excelente protagonista, Chiwetel Ejiofor e a novata Lupita Nyong O´. 

            Mas por que “12 anos de escravidão” é o grande favorito a levar o Oscar, se há uns 3 filmes com chances reais? Bom, é um drama, coisa que seus concorrentes não é, também é uma história de superação e ainda a plateia torce pelo mocinho, no caso, o escravo Solomon (Ejiofor).

            E como filme? “12 anos de escravidão” é tudo isso?

            Bom, não é exatamente “O MELHOR” filme do ano. Há uns 5 melhores. Mas é sim um grande filme. Não só pelas atuações, mas é uma história muito envolvente, urgente e realista. Mais do que isso, a escravidão é um assunto que não deve ser esquecido e o passado sombrio que nossos ancestrais sofreram na mão da ignorância humana deve sim levar destaque.

            “12 anos de escravidão” é baseado em uma história real de Solomon Northup, que era um escravo livre e foi sequestrado na condição de escravo. Ele passa a sofrer, injustamente tudo o que um escravo sofre, principalmente com seu senhor Epps (Michael Fassbender – indicado a Ator Coadjuvante), conhecido como “domador de escravos” e usa de meios religiosos para justificar a escravidão.

            Aposto com quem quiser que é impossível assistir a “12 anos de escravidão” sem um sentimento de indignação. É fato que tudo o que se vê na tela é baseado em relatos e de tudo o que vemos na escola, TV e até filmes e, neste caso aqui, é baseado em uma história assustadoramente real. Mas, nos dias de hoje, ainda é possível se chocar com tanta humilhação sofrida e também entender a sociedade da época. A população não só apoiava a escravidão como assistia com um certo sentimento de aprovação. Coisa parecida só se via no nazismo.

            No caso de “12 anos de escravidão”, a indignação se dá também por sabermos que Solomon não merecia a condição de escravo.

            Além do protagonista, eu queria destacar o papel de Lupita Nyong O´, que é uma atriz estreante e está um arraso como a escrava Patsey. Tudo o que ela sofre na história, inclusive abusos sexuais, não só cria empatia com o público como faz com que a plateia torça por ela e vê que, no mundo da escravidão, de nada adiantava fazer um bom trabalho, infelizmente o escravo tinha seu “dono” e o mesmo poderia fazer o que quisesse. O escravo era, portanto, um produto.

            Lupita está indicada para Atriz Coadjuvante. E, se vier, o prêmio será mais do que justo. Espero de verdade que a carreira dessa ótima atriz mexicana seja gloriosa.

            A produção é impecável (Brad Pitt é um dos produtores) e a reconstrução da época é de encher os olhos. O figurino e a Direção de Arte são destaques positivos.

            Só tenho uma ressalva em relação ao filme: o Michael Fassbender, que é um grande ator, que eu adoro e aprecio muito, mas, aqui, ele está com uma atuação muito exagerada. Foi o mesmo problema de Angelina Jolie em “A Troca”: o desespero por um Oscar em querer enfeitar demais um momento ou cena que, e muitas vezes, nem merece tanta carga dramática.

            Mas, apesar dessa ressalva, não há dúvida que “12 anos de escravidão” seja um grande filme. Mas, um filme difícil de se assistir e um exercício de consciência.


Nota: 9,0


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