terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Nebraska



Nebraska (Nebraska)


Direção: Alexander Payne

Ano de produção: 2013

Com: Bruce Dern, Will Forte, June Squibb.

Gênero: Drama

Classificação Etária: 12 Anos


Nebraska não sabe para onde vai e resulta quase nulo.

            É muito fácil gostar de Nebraska. A fotografia é 100% preto e branca, o que dá ao filme um tom mais noir e soturno, possui um bom diretor, no caso, o norte-americano Alexander Payne (de “Os Descendentes”) e tem um bom ator como protagonista, no caso, Bruce Dern, pai de Laura Dern. E além disso é um filme de Oscar, chegando aos cinemas brasileiros semanas antes da premiação.

            Ao assistir Nebraska, dá muita impressão que o filme investe em relações humanas e familiares, há até momentos assim, mas, pelas entrelinhas, nota-se um contexto superficial, frio e, às vezes, até falso. Menos por culpa da excelente fotografia e do elenco que, aliás, até se esforça como pode, mas não consegue provar todo o talento por causa das limitações acadêmicas impostas por Alexander Payne.

            Payne era um grande diretor, começou muito bem a carreira mais independente e menos amarrada a premiações, com os ótimos “A Eleição”, de 1999 e “As Confissões de Schmidt”, de 2002. De lá para cá, seus longas não são exatamente ruins, mas, existe uma pressão clara de entregar um produto mais redondo possível para ganhar prêmios, como o próprio “Os Descendentes”, de 2011, que foi salvo pelos brilhantes papéis de George Clooney e da então estreante Shailene Woodley (que estará, em breve, no futurista “Divergente”. No caso de Nebraska, seu pior filme até aqui, o espectador passa duas horas no cinema sem se envolver emocionalmente com a trajetória do protagonista pela trama até tola, diferente inclusive de “Os Descendentes”, que havia um plano de fundo envolvente e a história do pai de família solteiro tinha algo para que se identificar.

            Na história, temos um senhor já de idade, Woody Grant (Dern) que acredita ter ganhado um milhão de dólares após receber uma propaganda do correio. Todos vêem que a propaganda é enganosa, incluindo seus filhos e esposa, mas, como Woody é um senhor teimoso, ele resolve ir até o estado de Nebraska para receber seu prêmio. Vendo que a teimosia não acabaria, seu filho, David, resolve levá-lo para buscar seu prêmio. Um acidente, porém, faz com que os planos sejam mudados. David leva seu pai para a casa dos tios antes de partir para Lincoln, mas Woody conta a todos que ele ficara “milionário”, causando uma estranha e incômoda sensação de celebridade no local, atraindo muita gente, principalmente gente interesseira.

            Há uma tentativa por aqui de se contar uma história de velhice, afinal, Woody é um senhor praticamente sozinho e com ninguém para conversar e ele vê no prêmio como única forma de vida. Tem outra tentativa de se fazer uma história familiar, colocando os primos do Woody em um momento chave lá no meio do filme. e também outra tentativa de uma quase comédia, principalmente quando aparecem os interesseiros no “dinheiro” do Woody. O problema é que o filme não sabe para onde vai.

            É fácil se impressionar no começo com a bela fotografia e um Road Movie, afinal, metade da história se passa na estrada. Porém, a trama é vazia, quase nula e só voltada para o prêmio, e não nas relações humanas. Daria para injetar uma trama com mais veia cômica ou surreal com a obsessão de Woody pelo dinheiro – como “Réquiem Para Um Sonho” fez muito bem - ou até uma sub trama com os interesseiros, mas, olhando pelas entrelinhas, não há profundidade na história, e o elenco de apoio – em especial os filhos – estão tão mal colocados que nem dá para compreender ou torcer pelos motivos que levaram um homem, aparentemente sozinho, a querer algo tão fora do comum.

            Agüentar um homem teimoso ir atrás de uma propaganda enganosa foi difícil de engolir, mas a Academia abraçou a idéia e indicou o filme a 6 Oscars, incluindo Melhor Filme, Diretor e Ator.

            Com uma safra de filmes tão fraca como a deste ano e considerando “Nebraska” para o público americano, a gente até compreende e tenta engolir essas 6 indicações. Se até o fraco “O Discurso do Rei” já foi coroado como melhor filme, pode se esperar qualquer coisa.
           

Nota: 4,0

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