Ela

Ela (Her)

Direção: Spike Jonze

Ano de produção: 2013

Com: Joaquim Phoenix, Scarlett Johansson, Amy Adams, Rooney Mara, Olivia Wilde.

Gênero: Comédia Dramática

Classificação Etária: 16 Anos

Boas ideias não fogem com o tempo em “Ela”.

            Em 1999 quando foi realizada a poderosa comédia “Quero ser John Malkovick”, todo mundo foi pego de surpresa. Afinal, era um filme 100% original, ideia totalmente maluca, surreal e que virou cultuada com o tempo. Não foi exatamente um sucesso comercial, mas se tornou Cult com o Home Video, principalmente pelo boca a boca e o barulho gerado pelo mercado independente. E revelou um grande cineasta, que é o Spike Jonze, que já havia dirigido vários videoclipes e curtas metragens, mas dirigiu seu primeiro longa metragem.

            Três anos depois, em 2002, Jonze dirige outro grande filme, que também virou cultuado: “Adaptação”, que brincava com o fato de o roteirista, Charlie Kaufman, ter um irmão gêmeo, o que não é verdade na vida real.

            Ele também dirigiu, em 2009, “Onde Vivem os Monstros”, que não é tão bacana quanto os anteriores mas haviam muitas características dele que mostraram que era só uma questão de tempo ele acertar novamente.

            Pois bem, agora, com muito mais maturidade em Hollywood, Spike Jonze dirige e escreve um roteiro 100% seu e nos agracia com um filme absolutamente inesquecível, engenhoso, muito à frente do seu tempo e que investe em relações humanas: “Ela” – super favorito ao Oscar de Roteiro Original e é piro deleite de se ver.

            Todas as características de seus filmes mais engenhosos - “Quero ser John Malkovick” e “Adaptação” – estão aqui: história fora do comum, personagens perturbados e um pé no cinema independente, mesmo sendo um filme de Oscar.

            Na história, Theodore (Joaquim Phoenix, no melhor papel de sua carreira) está deprimido, pois está se divorciando de sua esposa, Catherine (Rooney Mara), que sempre foi sua amiga de infância. Ele está quase sem rumo quando ele baixa um Sistema Operacional novo e descobre um novo sistema de voz em que se pode conversar como se fosse um ser humano. Nessa, ele descobre Samantha (papel de Scarlett Johansson, em que ela empresta sua voz de maneira espetacular) e, apesar de Samantha ser apenas um sistema, ela se torna amiga de Theodore e mais do que isso: Samantha organiza os e-mails de Theodore, e arruma a vida pessoal dele – principalmente no que diz a relacionamentos. É ela que ajeita o encontro entre Theodore e personagem de Olivia Wilde, que não dá certo e ajuda o nosso protagonista a se divorciar de Catherine.

            Há muitas questões em “Ela”. O filme é aberto a discussões, debates e polêmicas que podem não chegar a lugar nenhum. É de filmes assim que o cinema precisava. Cinema não é só arte ou atuações, mas também pode mostrar algo fora do real para provocar a imaginação da plateia.

            Apesar de se passar em um futuro, o filme é assustadoramente atual. Aqui, não há espaço ou carros voadores. A mudança está nos detalhes, principalmente na mudança de comportamento da sociedade: as pessoas estão, sim, mais dependentes das máquinas, mas aqui não há teclados. Os comandos são todos de forma oral.

Outra coisa: os relacionamentos virtuais são uma realidade que não há como indiferente. E não necessariamente isso é uma coisa ruim: a nossa Samantha, apesar de ser um Sistema, é sempre a personagem mais emotiva, muito diferente da fria Catherine, que tem até preconceito por nosso protagonista ter um relacionamento virtual.

            E no que diz aos relacionamentos, será que é preciso o contato físico para viver bem com outra pessoa? Se depender de Spike Jonze sim: Theodore se apaixona de verdade por Samantha e ele se sente mais, digamos, humano com ela (a cena dele fazendo sexo com ela é espetacular).

            Por ser um filme futurista, há referências, claro, principalmente a “2001 – Uma Odisseia no Espaço”. Não percebeu? Repare como Theodore se sente mais dependente do seu Sistema, no caso de Samantha e as conversar lembram muito as entre o computador Hal e a tripulação humana.

            Há cenas de impacto também, diálogos espetaculares e situações tão fora de comum que só poderia vir de um maluco chamado Spike Jonze. Vida longa a Spike.

           

Nota: 10,0

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