Robocop
Direção: José Padilha
Ano de produção: 2013
Com:
Joel Kinnaman, Gary Oldman, Abbie Cornish, Michael Keaton, Jackie Earle Haley,
Jennifer Ehle, Samuel L. Jackson.
Gênero: Ação
Classificação Etária: 14 Anos
Ação de tirar o fôlego e com
sangue brasileiro em “Robocop”.
Fazer remake é realmente algo perigoso, principalmente
quando o produto original é um sucesso e amado por muita gente. Que o diga Gus
Van Sant. Em 1998 fez a pérola de refilmar o clássico “Psicose”, de Hitchcock.
O resultado foi desastroso. Em 2012, o diretor Lee Wiseman (de “Anjos da
Noite”) teve a “brilhante” ideia de refilmar “O Vingador do Futuro”, eternizado
por Schwarzenegger e dirigido por Paul Verhoeven. O resultado foi também
desastroso. E agora, outro filme de Verhoeven é refilmado. Um grande filme,
aliás, que mudou muitos parâmetros da ação e ficção do final dos anos 1980,
fala de muitas relevâncias como corrupção e política e não morreu com o tempo. Esse
é “Robocop – O policial do futuro”, de 1987, que foi um grande sucesso, gerou
moda e continuações e está vivo até hoje: revendo o filme antigo ele ainda está
bacana pelas cenas e principalmente pela corrupção e conspiração.
Olhando para esse lado mais político, o diretor
brasileiro José Padilha e a Sony viram que um produto poderoso como esse não
poderia ficar apenas na memória, mas que tinha que ganhar vida nos dias de
hoje, principalmente com a tecnologia de hoje. E com o grande sucesso comercial
e crítico que “Tropa de Elite” 1 e 2 ganharam, Hollywood viu em Padilha que ele
tinha muito potencial e talento para levar a história do homem-máquina para os
tempos atuais.
E o resultado é ótimo. Alguns amaram outros odiaram, em
alguns casos, as comparações com o original são inevitáveis, mas o que tem que
deixar claro é que Padilha quis dar uma cara diferente à história, sem copiar a
ideia original, o que é muito bom pois dá um ponto de vista diferente para a
história e principalmente pega a plateia de surpresa.
Não foi só Padilha de brasileiro que foi à Hollywood, mas
também foi o diretor de fotografia, Lula Carvalho e o montador, Daniel Rezende
(ambos de Tropa de Elite) e assistindo a Robocop, nota-se muitas
características do filme do Capitão Nascimento: conspiração, sujeira, corrupção
e um herói incorruptível. Nesse caso, com um orçamento muito maior do que no
Brasil, o resultado é lindo.
As cenas de ação estão perfeitas, na verdade de tirar o
fôlego, logo na abertura, temos um treinamento de drones em solo iraniano
resultando a morte de civis, com a câmera acompanhando os robôs e o psicológico
dos moradores que mais parecem que irão à guerra é espetacular.
Nessa mesma abertura, também somos apresentados ao
jornalista sensacionalista Pat Novak, vivido muito bem por Samuel L. Jackson,
que defende a presença de drones em solo americano e diz que o governo é
antiquado. Além de ser uma referência aos apresentadores brasileiros, como
Datena e Marcelo Rezende, também é uma referência ao personagem de André Mattos
em Tropa de Elite 2.
Logo depois, somos apresentados a Alex Murphy, vivido por
Joel Kinnaman (da série “The Killing”), em seu primeiro dia de trabalho, que se
envolve com a gangue de Vallon e essa mesma gangue arma um atentado à vida de
Alex, colocando uma bomba em seu carro. Alex quase morre e quase fica
paraplégico, mas sua esposa (Abbie Cornish, de “Sucker Punch”) aceita que o
governo americano o transforme em máquina, transformando-o em Robocop.
Mas de onde veio a ideia de governo de criar o robô? Na
verdade, no futuro não muito distópico do filme, a violência de Detroit está
incontrolável e o governo resolve criar robôs para combater o crime, porém,
robôs não têm emoção e o senado veta o uso de robôs na rua. Mas o governo
queria mais. Queria um homem com a armadura, um homem com emoções sim, mas
eficiente no combate ao crime. Daí veio a ideia da empresa Omnicoop criar o
Robocop, principalmente de seu dono, o corrupto Sellars (vivido por um
surpreendente Michael Keaton) e do Dr. Norton, vivido por Gary Oldman, sempre
ótimo.
Mas como controlar o emocional e ainda ser frio e
eficiente no combate ao crime? A resposta é: impossível. E então os criadores
resolvem tirar de Murphy todo o seu hormônio dopamina (que nos dá a emoção e
sentimentos) e daí ele vira uma máquina, literalmente – A cena em que ele não
reconhece sua família é sensacional – e logo o crime chega a quase zero em
Detroit, mas logo Murphy descobre que os verdadeiros criminosos estão ao seu
lado, principalmente Sellars, que só pensa em dinheiro acima de tudo.
A mudança principal em relação ao filme original foi que
aqui Murphy está vivo e naquela ocasião nosso herói está morto. Mas não é só
isso: o foco aqui, além da corrupção é o psicológico do nosso herói. No filme
de 1987 a família de Murphy não tinha tanto destaque. Por aqui, não só tem
destaque como a participação da esposa é fundamental no roteiro, inclusive
batendo de frente com o sistema. Bater de frente com o sistema? Alguém se
lembrou de Tropa de Elite 2? Pois é, um cineasta é assim: possui uma marca
própria, faz referência a si mesmo – e a outros diretores também – e tem algo a
mostrar, algo difícil hoje em dia.
É maravilhoso ver pessoas tão legais do nosso cinema
fazendo seu nome em Hollywood. Com nomes como José Padilha, Carlos Saldanha
(que em breve estará em “Rio 2”), Alice Braga e Wagner Moura, Hollywood poderá
ficar mais legal do que já é.
Essa
sim, seria uma forma de valorizar a pátria e defender o Brasil, e não com Copa
do mundo, como a imprensa faz.
Nota:
9,0
Imagens:
Trailer:
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