Lovelace (Idem)
Direção: Robert Epstein & Jeffrey
Friedman
Ano de produção: 2013
Com:
Amanda Seyfried, Peter Sarsgard, Chris Note, Bobby Cannavale, Robert Patrick,
Sharon Stone, James Franco, Juno Temple, Wes Bentley.
Gênero: Drama
Classificação Etária: 16 Anos
Lovelace é mais correto e não menos interessante.
No início da década de 1970, dentre várias manifestações
pelo mundo da contracultura, uma das reivindicações mais profundas foi a luta
pelo direito das mulheres. As mulheres queriam, e com razão, acabar com a
dominação masculina de séculos e ter seus próprios direitos. Nesse cenário, uma
garota aparentemente sem graça, tímida, cheia de sardas e com pais religiosos,
se transforma em símbolo da emancipação feminina e da revolução sexual da
época. Esta é Linda Lovelace, que protagonizou o polêmico filme pornô “Garganta
Profunda”, se tornou um fenômeno e ostenta, até hoje, o status de pornô mais
visto da história, estima-se que a renda ultrapassou 600 milhões de dólares.
Linda ganhou fama e dinheiro. Essa história até poderia ser um conto de fadas,
mas, na verdade, é uma história dramática. Depois dessa fama repentina, Linda
começa a apanhar, a sofrer abusos de seu marido e até ser tratada como objeto
de prostituição e de desejo.
São praticamente 3 filmes em 1: primeiro temos a fase
mais certinha de Linda, a convivência com seus pais religiosos (o pai, Robert
Patrick e a mãe, Sharon Stone, irreconhecível) e o começo de namoro com seu
então, namoradinho carinhoso, Chuck (Sarsgard). Depois, e este é o ápice do
longa, é a ascensão e estrelado de Linda, a transformação dessa garota inocente
em estrela pornô. Lovelace decide sair da casa dos pais para morar com Chuck e,
assim, constituir sua carreira. Nessa passagem, o filme vai acompanhando a
transformação dessa menina em uma mulher e os bastidores do filme “Garganta
Profunda”. Lembra, inclusive um outro longa sobre o submundo dos filmes
pornográficos: “Boogie Nights – Prazer sem limites”, com menos intensidade, é
verdade, mas com o mesmo clima de nostalgia. Conforme o tempo vai passando,
Chuck se torna um homem violento, a desrespeita, bate nela inclusive no meio da
rua, que, com seu passado de atriz pornô, nem a polícia a respeita (em uma cena
sensacional) e é, inclusive, vendida à prostituição.
Na terceira parte, de longe a mais séria, vemos uma Linda
mais abatida. Depois dos maus tratos sofridos, ela resolve abrir o jogo. De
início, ninguém acredita nela. Ela, inclusive, foi submetida a prestar
depoimento com um detector de mentiras. Mas, com seu luta, ela começa a ganhar
espaço, aparece nas redes de TV contando sua história e se torna, mais uma vez,
símbolo da luta feminina, dessa vez, contra a violência doméstica. ela se torna
uma mulher casada com outro homem, Larry Marchiano, tem um filho e adota o
sobrenome de seu marido atual, Linda Lovelace é agora, Linda Marchiano.
Ame ou odeie Garganta Profunda, não dá para negar que a
história dessa moça é impressionante e em algum momento, tinha que ser filmada.
A fotografia, principalmente a reconstituição de época está perfeita. O
figurino é brega, mas, era inevitável pelo universo em que tudo se passa.
O elenco de apoio incomoda um pouco, tem muitos atores
caricatos (como o próprio Peter Sarsgard como marido violento, que não convence
nem como ator de verdade e Chris Note, que é ótimo nas séries de TV, mas que,
ainda não é um ator de cinema de fato) e que não parecem estar muito à vontade
em seus papéis. Até James Franco está péssimo como uma espécie de cafetão de 5ª
categoria.
Muita gente criticou a idéia de deixar o filme menos
explícito e mais dramático. De fato, uma história como essa poderia ser um
pouco mais ousada. Mas não chega a incomodar, afinal, desde quando o trailer
surgiu, ficou claro que era uma biografia da Linda, não bastidores ou história
da Garganta Profunda. E o filme usou muito bem o drama da moça para a narrativa
em tom dramático, inclusive com direitos a flashbacks.
Mas o principal mérito do filme é a atuação da Amanda
Seyfried como Linda Lovelace. Sua mistura de menina pura e mulher ousada que
coube muito bem em todos os momentos do longa, quando se foi exigido. Seu papel
está humano e verdadeiro e a escolha da protagonista não poderia ter sido
melhor. É verdade que Amanda faz muito filme ruim (alguém gostou de “A Garota
da Capa Vermelha”?), mas não dá para negar que, mesmo em algumas escorregadas,
ela, do seu jeito, fazia a diferença. E essa “diferença” é visível em Lovelace,
afinal, poucas aceitariam um papel tão polêmico como esse. Embora a polêmica
não seja tão visível neste filme, mas podemos dizer que o resultado foi
honesto.
Nota:
8,0
Imagens:
Trailer:
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