Mulher-gato (Catwoman)
Direção: Pitof
Ano de produção: 2004
Com:
Halle Berry, Benjamin Bratt, Sharon Stone.
Gênero: Ação
Classificação Etária: 14 Anos
Mulher-gato é tão ruim que chega a ser inacreditável.
Mulher-gato estreou nos cinemas brasileiros em 2004. Na época,
os filmes de quadrinhos já tinham ganhado o respeito da indústria, do público e
da crítica. Tudo se deve à ousada ideia de Bryan Singer em colocar o universo
dos X-Men nos cinemas que parecia infilmável, mas, principalmente pelo fenômeno
que foi o Homem-Aranha. No próprio ano de 2004 teve o sensacional “Homem-Aranha
2” estourou todos os recordes e faturou o Oscar de Efeitos Especiais. E nessa
época qualquer um se arriscava em adaptações das HQs. E de certa forma ousava
em colocar, na linguagem do cinema, um universo tão vasto e profundo como o dos
quadrinhos. E até de distorcer também.
Mas, Mulher-gato foi até as últimas consequências no
quesito distorcer a origem.
O diretor francês, Pitof, peitou a indústria, a Warner e
até os fãs, para dar uma nova (mas nova mesmo!) versão da mulher-gato. Não há
nada de quadrinhos. Tudo o que se sabe sobre essa personagem não tem nada no
filme. O exemplo mais famoso da felina nos cinemas, foi 12 anos antes, em 1992,
quando Tim Burton fez seu “Batman – O Retorno”.
Mas essa foi totalmente fiel aos quadrinhos e respeitou a
linguagem cinematográfica: a personagem é Selina Kyle, garota tímida, com
poucos amigos e que, após sua morte, ganha poderes de uma felina. E ainda teve
Michelle Pfeiffer no papel, que estará sempre em nossa memória.
Em Mulher-gato de Pitof, a protagonista é Patience
Phillips, também tímida e com poucos amigos. Mas não há um só vestígio da Mulher-gato.
Batman? Gothan City? Nem o cheiro. Aqui, ela trabalha como designer em uma
indústria de cosméticos e, acidentalmente, descobre uma conspiração na fábrica:
um novo produto está para ser lançado, mas ele vai destruindo a pele da usuária
se ela parar de usar. Ela é descoberta, foge, mas morre na tubulação. Ela é
encontrada por uma cambada de gatos, mas é um gatinho radioativo (!) que lhe dá
poderes de felina com seu bafo (sim, a cena é assim mesmo).
Sua vida, a partir daí, muda. Seus relacionamentos
profissionais e sentimentais (sim, ela tem um namorado bonitão, que é policial)
são afetados. Ela começa a ter poderes de gato e agir como tal: pula de alturas
inacreditáveis e teme a água (!). E ainda a heroína é perseguida pela polícia e
pelos poderosos da indústria de cosméticos, principalmente de Sharon Stone (em
um papel muito, muito estranho), que faz a ambiciosa “Mulher-cimento” (!), que
vai se tornando a vilã da história.
Quando o filme foi anunciado, a ideia não cheirou tão
mal. Afinal, não havia problema nenhum em explorar um personagem já famoso. Mas,
quando foi anunciada a mudança da origem da personagem, os fãs já chiaram. Mas sabiam
eles que esse era o menor dos problemas.
A desconfiança veio mesmo com as primeiras imagens da
produção. A Warner, distribuidora do filme, resolveu colocar um uniforme todo
rasgado, que mostrava as curvas da protagonista. O intuito era parecer sexy. Mas,
o que conseguiu foi provocar muitas risadas e críticas negativas. E fica a pergunta. Que uniforme horrível foi esse?
A escolha da protagonista não era ruim. Halle Berry
estava fresquinha com seu Oscar de Melhor Atriz em 2002 por “A última ceia”. Ela
é linda, então, um papel sensual, em teoria, ia cair bem. E ela aceitou numa
boa. Sem saber o constrangimento que isso causaria, na sua vida pessoal e profissional.
Tentei, de verdade, encontrar alguma qualidade em “Mulher-gato”.
Não consegui. São os clichês dos mais passados no cinema, como a mocinha injustiçada,
os poderosos da indústria... Como se não bastasse, os efeitos são da pior
qualidade que o estúdio pode proporcionar. Tudo é tão artificial que fez com
que aqueles efeitos utilizados na década de 1930, em King Kong, serem
inovadores. É difícil de esconder o constrangimento na luta entre a Mulher-gato
e Mulher-cimento.
Ainda tem o roteiro preguiçoso, com diálogos dos mais sem
sentido da história. Algumas piadas tão grosseiras que não sei o que tem a ver
com filmes de super-heróis. É tão chulo que nem American Pie utilizaria. A protagonista
ainda fala igual gato, mia e tem um sotaque de chorar.
Não sei o que os realizadores estavam com a cabeça para fazer
tudo isso, mas o tiro saiu pela culatra.
O filme, obviamente, foi um fracasso de público e
crítica. Sinceramente, ainda não encontrei quem gostasse desse filme.
Mulher-gato foi, também, o grande vencedor do prêmio
Framboesa de Ouro (que “premia” os piores filmes) de 2005. Incluindo Pior
Filme, Diretor, Roteiro e claro, Pior Atriz para Halle Berry. Ela, aliás, foi
lá receber o prêmio. Ela ficou com tanta vergonha do papel que fez questão de
receber o troféu e ainda emendou um discurso que considero histórico: “Quero
agradecer a Warner Brothers por ter me escalado para fazer essa merda" e alertou seu agente dizendo que "leia o roteiro antes".
Nota:
0,0
Imagens:
Trailer:
Nenhum comentário:
Postar um comentário