A Origem dos Guardiões (Rise of the Guardians)
Direção: Peter Ramsey
Ano de produção: 2012
Vozes
de: Chris Pine, Hugh Jackman, Jude Law, Isla Fisher, Alec Baldwin.
Gênero: Animação
Classificação Etária: LIVRE
Muita magia e nostalgia em “A Origem dos Guardiões”.
As duas distribuidoras mais poderosas, presentes e
definitivas do mercado da animação são a Pixar e a DreamWorks. E não é de hoje.
Não tem jeito, no período de férias as duas se digladiam para chamar a atenção
da garotada e entregar um melhor produto ao seu público. Há tempos existe essa
briga no período de férias. Este ano, em 2013, a disputa ficou entre
“Universidade Monstros”, da Pixar e “Turbo”, da DreamWorks. A Pixar levou a
melhor na qualidade e na bilheteria, mas ambas perderam para o fenômeno que foi
“Meu Malvado Favorito 2”, da Fox. Convenhamos, o filme da Fox é muito melhor
que os dois juntos.
E no ano passado, além de seu filme de férias, que foi
“Madagascar 3 – Os Procurados”, a DreamWorks, para manter a tradição de lançar
2 filmes por ano, nos agraciou, perto do fim do ano, com uma animação
totalmente mágica e que nos volta à criança em cada um de nós: “A Origem dos
Guardiões”, sucesso de público e crítica, que, infelizmente, ficou de fora pela
corrida pelo Oscar de Filme de Animação este ano. Injustiça total, considerando
que “Piratas Pirados” foi indicado. Mas quem precisa da Academia, quando se tem
um grande elenco de dubladores e principalmente um elenco mágico como Papai
Noel, Coelhinho da Páscoa, Fada do Dente, Sandman e Jack Frost. Todas essas
eram nossas lendas e crenças da infância, e como é bom rever todos esses seres,
agora na fase adulta e ver o quando às vezes é bom acreditar em algo abstrato.
Só um parêntese, é muito fácil nos dias de hoje, com o ceticismo presente em nossas
vidas e fazer pouco caso das nossas ideologias quando crianças. Nunca deixamos
de ser crianças, basta ver que, ainda temos muitas crenças que podem ser
consideradas abstratas (horóscopo, religião) e o mais importante é respeitar o
espaço do outro e aceitar àquilo que não nos convém. Além do mais, não é nada
de mais a fuga da realidade. Pelo contrário. O cinema, em especial o
hollywoodiano, foge do real todo ano com produções mais fantasiosas com efeitos
cada vez mais avançados.
Alguns exemplos de filmes de fantasia, como “Harry
Potter” e “Senhor dos Anéis” não são muito diferentes de uma crença a, por
exemplo, Papai Noel e Coelho da Páscoa. A diferença está no foco de idade e
foco de público.
Mas, voltando ao filme, “A Origem dos Guardiões” se
concentra na história de Jack Frost, que recebeu um recado da Lua para ser um
Guardião e proteger as crianças. Ele conhece, então, os demais Guardiões, como
o Papai Noel, Coelhinho da Páscoa, Fada do Dente e Sandman. Todos com sua
origem e história. Menos Jack, que não sabe nada de sua vida, exceto que é Jack
Frost, o “homem de gelo” e precisa provar que pode sim entrar no mundo das
crianças. Porém, as crianças não acreditam mais em nenhum desses seres, o que
dá brecha para a entrada do mal, um vilão vivido por outro grande ser
fantástico da infância: o Bicho-Papão, que aproveita a situação de ceticismo
nas crianças e quer a todo custo transformar a vida delas, que era de luz, em
escuridão.
O clima de nostalgia e magia no filme é total. Desde o
visual arrebatador até ao clima de final de ano. Para as próximas gerações,
esse filme deve ser quase obrigatório nas seções de natal na TV aberta e
fechada. O visual fica ainda mais acentuado com a tecnologia 3D: os efeitos
delicados, a preocupação com a profundidade e principalmente com alguns
detalhes quase imperceptíveis, como os grãos de areia voando na tela e o gelo
derretendo na tela. Tudo com muito capricho.
Outro acerto também foi com a escolha do protagonista.
Com tanta gente legal no elenco, era difícil centrar a história em um único
personagem. E o roteiro consegue. O escolhido foi Jack Frost, que não é tão
conhecido (principalmente aqui no Hemisfério Sul), mas é aquele boneco de neve
que nos acostumamos a ver no fim do ano. No cinema, foi retratado no filme “Uma
Noite Mágica”, com Michael Keaton. Sua história de superação, à procura de sua
origem e o fato de ser “invisível” o tornam mais empático com a plateia, e sua
invisibilidade pode ser interpretada como uma metáfora para a juventude atual,
com tantas cobranças em cima do visual, aparência e estilo, não é muito incomum
alguém na faixa de idade entre 12 e 18 anos se sentir “invisível” de certa
forma.
E claro que um filme com tantos “heróis”, tinha que ter
um vilão à altura. O escolhido foi o Bicho-Papão, que os realizadores estavam
inspiradíssimos na concepção do personagem e fizeram um vilão realmente
assustador, que se aproveita (e enxerga) o medo em cada um. E ainda quer
transformar o mundo em uma verdadeira escuridão. É, realmente, uma ode à nossa
infância.
Como nem tudo na vida é perfeito, “A Origem dos
Guardiões” derrapa na tentativa de ser mais pop. O visual descolado de seus
protagonistas, principalmente do Papai Noel (todo tatuado) e do Coelho da
Páscoa gigante incomoda a premissa e não combina com a estrutura até então
séria, que “Como treinar seu dragão” faz muito bem. Infelizmente, o filme tem
um prólogo demorado e a empatia pode chegar tarde para os menores.
Fora essas ressalvas, felizmente, são poucas, nada disso
anula o impacto que “A Origem dos Guardiões” provoca. Ah, com o sucesso que
fez, não estranhe uma continuação.
Nota:
8,5
Imagens:
Trailer:
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