O Queen foi,
indiscutivelmente, uma das maiores e melhores bandas da história e era óbvio
que a expectativa em relação ao filme estaria alta, ainda mais porque, de
início, teríamos Bryan Singer na direção (que dirigiu os dois primeiros filmes
de X-Men) e Rami Malek interpretando o icônico Freddie Mercury.
O filme foi cercado de polêmicas antes de sua estreia,
sobretudo na troca de diretores, mas, no final, foi Singer que foi creditado
como diretor.
Bohemian Rapsody conta parte da história do Queen e do
Freddie, onde o foco está na criação da canção que dá título ao filme, Bohemian
Rapsody e do show Live Aid, com o intuito de arrecadar fundos para a África e
que foi um marco na carreira da banda, já que eles estavam há um tempo sem
tocar.
E a criação de Bohemian também ficou na história, pois a
canção é diferente do convencional e ficou marcada porque o então empresário da
banda (vivido por um Mike Myers sob uma pesada maquiagem) os rejeitou.
Outro ponto relevante aqui é a relação entre Freddie e
Mary Austin. Ele claramente a amava e a respeitava, mas também era homossexual
assumido e é aí que nasce um dos problemas do filme, que mostra essa parte
importante da vida de Mercury muito “de leve”, claramente almejando (e
conseguindo) uma censura menor para o filme.
Sem contar a homofobia pelas entrelinhas: é só ele se
assumir que sua vida começa a virar de cabeça para baixo.
Não há problema nenhum de o filme ser censura PG-13 e um
produto para a família, mas não quando se trata de uma banda marcada pelas
histórias intensas de bastidores e que muitos dados foram deixados de lado.
O filme pode ser vibrante por ser embalado pelas canções
clássicas da banda (não tinha como errar nisso), mas que não vai além disso:
não há nada aqui de que os fãs já não saibam e, por ser um filme de estúdio e
de alto orçamento, faltou o algo a mais para chamar a atenção.
É um filme, portanto, formulaico e panfletário.
Não que seja ruim, há muitas qualidades como a própria
relação entre Freddie e Mary, a química do grupo é perfeita e a forma como as
músicas são compostas são um bom atrativo, embora a montagem do filme seja
problemática ao mostrar isso, onde parecem mais esquetes e não há fluidez na
transição de cenas.
Rami Malek se esforça e entrega um bom Freddie. Muitos
estão cogitando Oscar, embora ele e o filme tenham mais cara de Globo de Ouro,
além do mais, o fato de as músicas serem dubladas, pode pesar na escolha dos
votantes, mas nada que desmereça o esforço e entrega do ator, que promete ir
longe na carreira.
Mesmo um momento que poderia ser épico e histórico ao
longa, como o show do Live Aid, tem problemas: enquanto o filme foca nos
trejeitos de Malek, da banda e na câmera fechada da plateia, a cena acerta. O
problema são as tomadas aéreas com o público feito em CGI tão artificial que o
espectador dificilmente vai sentir a emoção que deveria em um momento
histórico.
A decepção fica evidente.
Bohemian Rapsody está longe de ser um filme ruim. Aliás,
se fosse um filme para o home vídeo ou streaming, até poderia ser mais bem
aceito, o problema é estrear na tela grande do cinema e com status de
blockbuster.
Segue fazendo sucesso e não há o que reclamar disso.
Também pode fazer com que Hollywood produza mais filmes – ou até séries – sobre
bandas ou artistas famosos e com as críticas a este filme aqui, pode aprender
com os erros e entregar um produto digno.
Ficaremos otimistas.
Nota: 4,0
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