Já faz alguns anos que os filmes de Natal deixaram de ser
prioridade em Hollywood.
Desde Um Duende em Nova York, de 2003 ou O Expresso
Polar, de um distante 2004, os filmes deste gênero (sim, porque são um gênero)
não são protagonistas dos blockbusters de fim de ano.
Saudades de quando reuníamos com a família na noite de
Natal para assistir a clássicos como Esqueceram de Mim 1 e 2, Férias Frustradas
de Natal, O Grinch, entre muitos outros. Filmes assim estão para sempre na
memória.
Mas agora, em 2018, esta tradição parece estar voltando:
O Grinch, animação com Benedict Cumberbatch, está indo muito bem obrigado nos
cinemas e a Netflix segue investindo pesado em filmes natalinos.
A Princesa e a Plebeia já foi um grande sucesso, com
Vanessa Hudgens e agora a Netflix chega com Crônicas de Natal, uma grata
surpresa e sim, resgata o espírito dos filmes clássicos de Natal.
Crônicas de Natal se passa na véspera de Natal e conta a
história de dois irmãos que vivem com a mãe, pois o pai morreu. A mãe vai
passar a noite trabalhando neste dia e os irmãos têm a ideia de filmar o Papai
Noel chagando na casa deles. E o inesperado acontece: eles encontram o Noel em
pessoa (vivido por um Kurt Russell inspirado e à vontade), mas quase acabam com
o Natal, mas embarcam junto com o Papel Noel para tentarem salvar a data.
O filme acerta em ser um programa para toda a família e
investe em duas fórmulas irresistíveis: fantasia e drama familiar.
Conforme a viagem pelo, digamos, universo com o Papai
Noel avança, conhecemos mais o mundo mágico e que permite ao público sonhar e
sim, acreditar que o Noel exista.
Tudo isso é muito fruto do roteiro e situações, mas
também é mérito do Kurt Russell, que parecia um ator improvável para
interpretar o bom velhinho nas telonas, mas que se encaixou como uma luva no
papel.
Além de se divertir, transmite o sentimento de um personagem
icônico sim para a cultura pop.
E o drama familiar também é um grande acerto do filme: o
pai dos irmãos morreu e eles, sobretudo o irmão mais velho, ainda vivem o
trauma e a perda de passarem o Natal sem a figura paterna. Fica a cargo da mãe
fazer o papel de pai e mãe ao mesmo tempo, além da rivalidade em si do irmão
mais novo com a irmã mais nova.
Nada do que Chris Columbus (aqui como produtor) não
esteja acostumado: diretor de Esqueceram de Mim, Uma Babá Quase Perfeita sabe
como atiçar seu público e atinge em cheio a crianças de 8 a 80 anos.
E o diretor Clay Kaytis (de Angry Birds) não é um mero
coadjuvante ou diretor apenas contratado: faz uma boa direção de atores, que,
se não são brilhantes, ao menos entregam um filme divertido, agradável e feel
good para todos.
A Netflix segue investindo pesado em produções próprias.
Os filmes, alguns de gosto duvidoso, seguem buscando seu espaço, mas tudo
indica que é uma questão de tempo para que eles se firmem, assim como estão
consolidados no mundo das séries.
E as novas tecnologias permitem reunir a família e
assistir a algo bacana sem depender dos canais da TV.
Nota: 8,5