Whiplash – Em Busca da Perfeição (Whiplash)
Direção:
Damien Chazelle
Ano
de produção: 2014
Com:
Miles Teller, J.K. Simmons, Melissa Benoist.
Gênero: Drama
Classificação Etária: 14 Anos
A Força
do Cinema Independente
Muita gente se surpreendeu com a nomeação de ‘Whiplash –
Em Busca da Perfeição’ na categoria de Melhor Filme para o Oscar deste ano. Não
que o filme seja ruim ou coisa do tipo, muito pelo contrário, mas por ser um
filme independente e que foi ganhando os festivais aos poucos e, conseqüentemente,
o grande público. E agora, ‘Whiplash – Em Busca da Perfeição’ chega cheio de
moral para o Oscar deste ano.
Dificilmente ganhará na categoria principal, a de Melhor
Filme, porque a concorrência está grande, mas, ele é o super favorito na
categoria de Ator Coadjuvante para J.K. Simmons (que está ganhando todos os
prêmios por este papel, como o Globo de Ouro e o SAG Awards). E também este
filme está muito forte para Roteiro Adaptado e também para Melhor Montagem.
‘Whiplash – Em Busca da Perfeição’ está com 4 indicações
ao Oscar de 2015: Melhor Filme, Ator Coadjuvante, Roteiro Adaptado e Montagem.
Na história, temos Andrew (Miles Teller), um aluno de uma
renomada escola de música que sonha em se tornar um baterista de sucesso e é
ingressado no grupo de jazz principal da escola, que é encabeçado pelo
professor Terence Fletcher (J. K. Simmons), que é ultra-exigente, rigoroso e um
carrasco com seus alunos, mas, em especial com Andrew, que o deixa mais sedento
pela excelência.
A história de ‘Whiplash – Em Busca da Perfeição’ pode
parecer comum. E é, mas tem aquele algo a mais que o torna especial, começando
pelas atuações. Miles Teller nunca foi um bom ator. Ele está no elenco da saga
Divergente e será o Senhor Fantástico no reboot de Quarteto Fantástico, mas
aqui é um papel de entrega e dedicação como dificilmente se vê. Sua obsessão
pela perfeição, juntando com seu professor em seu pé e ele tendo poucos, se
não, nenhum amigo, o torna perfeito para o papel. Para quem o vê de forma fria
pode achá-lo tolo ou nerd, mas, basta olhar com mais atenção e observar que tudo
isso foi pensado para deixar o personagem o mais realista possível: quanto mais
Andrew apanha de Terence, mais ele se fica obcecado em se tornar um baterista
de respeito.
Toda a vida social de Andrew vai por água abaixo: de
tanto trabalhar na bateria com suas baquetas, seus dedos começam a sangrar, ele
não tem mais tempo para nada e dá um fora em sua namorada Nicole (Melissa
Benoist, que foi escolhida para viver a Super Girl, na nova série da DC Comics).
Se ‘Whiplash – Em Busca da Perfeição’ fosse um filme com
orçamento maior, poderia muito bem ser de Darren Aronofsky. Ele sabe muito bem
colocar a ambição humana acima dos limites psicológicos e levar o indivíduo até
as últimas conseqüências: ‘Réquiem para um sonho’ e ‘Cisne Negro’ são exemplos
disso.
J. K. Simmons faz o melhor papel de sua carreira. Ele ficou
conhecido do grande público como o jornalista sensacionalista Jonah Jameson, da
trilogia do Homem-Aranha e participou de quase todos os filmes de Jason
Reitman. Coincidência ou não, Reitman é o produtor executivo deste filme aqui.
Não por acaso, ele surge aqui como o favorito a levar o
prêmio de Ator Coadjuvante e, se vier o prêmio, não será somente pela força
incrível de seu personagem, mas de sua grande carreira que, infelizmente,
Hollywood só o vê como coadjuvante e agora ele tem a chance, mais do que nunca,
de entrar para o primeiro time.
Seu Terence Fletcher é uma pessoa obsessiva pela perfeição
e arranca, até as últimas conseqüências, o que seus alunos podem e não podem
fazer. Muita gente está comparando-o com o sargento sádico de ‘Nascido para
Matar’, que não tem escrúpulo nenhum e, no caso de Fletcher, quando a platéia
espera algum alívio ou redenção, pode-se ter uma surpresa não muito agradável. Mas
ele não consegue criar antipatia com o público, nem com Andrew, muito pelo
contrário.
Em um dos momentos, ele cita que o grande saxofonista Charles
Parker (conhecido como ‘Bird’, que virou um grande filme de Clint Eastwood, em
1988) foi hostilizado, ridicularizado e seu instrutor jogou um prato em sua
cabeça para ele ser o melhor. E ele ainda cita que tentou, mas não encontrou
seu Charles Parker.
É a força de uma grande atuação, em que um vilão é tão
poderoso que o torna até mais memorável do que o herói (alguém citou o Coringa
de Heath Ledger?). E é tudo o que Michael Fassbender poderia ter sido em ’12 Anos
de Escravidão’ e não foi. Pegando um exemplo mais leviano (ou não!) lembra
muito a personagem de Meryl Streep em ‘O diabo veste prada’, em que ela é uma
pessoa exigente que arranca o que pode e o que não pode da ingênua Anne
Hathaway.
A indicação para Melhor Montagem também é mais do que
justa. O diretor Damien Chazelle faz o que pôde trabalhando apenas com uma câmera.
Além de cortes rápidos e da posição da câmera sempre de baixo para cima,
deixando Fletcher uma aparência mais sombria, tentem reparar nos detalhes do
suor, expressões de rosto e sangue jorrando de Andrew. O resultado é o mais
realista possível.
Naquela que é possivelmente a melhor cena do filme,
Andrew está indo para uma apresentação de jazz, quando o pneu de seu ônibus
fura no meio do caminho. Ele tenta pegar um táxi, mas não tem sucesso, aluga um
carro e esquece as baquetas na locadora. Quando volta para recuperá-las, um
caminhão atropela seu carro, ele sai sangrando, mas sai inteiro, se apresenta
no show de jazz, porém, sem condição nenhuma, tenso e trêmulo, Fletcher o
expulsa do grupo. Durante toda a cena (que dura cerca de 10 minutos), a câmera
é quase documental e quase sempre está no rosto de Andrew. E o resultado é
impressionante.
E pensar que diretor deste filme aqui, Damien Chazelle, é
o roteirista do horroroso ‘O Último Exorcismo 2’.
Nada como um grande filme para apagar um fracasso
original. Que o diga Curtis Hanson em ‘Los Angeles – Cidade Proibida’.
Nota:
10,0
Imagens:
Trailer:
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