The Normal Heart
Direção:
Ryan Murphy
Ano de produção: 2014
Com:
Mark Ruffalo, Matthew Bomer, Julia Roberts, Jim Parsons, Alfred Molina, Taylor
Kitsch, Denis O’Hare.
Gênero: Drama
Classificação Etária: 16 Anos
Uma história
que a geração atual precisa conhecer
No ano passado, o filme ‘Clube de Compras Dallas’ se
tornou um sucesso por retratar um período que os mais conservadores não gostam
muito de mexer: o da descoberta do vírus da AIDS no início dos anos 1980. Com grandes
atuações, o filme faturou 3 Oscars, o de Melhor Ator para Matthew McConaughey e
de Melhor Ator Coadjuvante para Jared Leto, além do prêmio de Melhor Maquiagem.
Já agora em 2014, surge um telefilme produzido pela HBO,
muito mais corajoso sobre o mesmo assunto e com atuações tão boas quanto: The
Normal Heart, que é baseado em uma peça de teatro com o mesmo nome e mexe de
maneira mais profunda e política na questão do vírus HIV e, fundamentalmente, da
homofobia gerada pelo vírus, afinal, se até hoje muita gente associa o
homossexualismo às DSTs, imagina na época, quando não se tinha conhecimento.
Na história, estamos no ano de 1981, e a juventude ainda
estava no espírito do amor livre da rebeldia dos anos 1960, quando começaram a
morrer vários jovens após relações sexuais. Os médicos chamaram essa nova
doença de “câncer gay”, pois afeta fundamentalmente, os homossexuais, fazendo
com que o governo ignore de início a nova doença. O escritor Ned Weeks (Mark
Ruffalo) está decidido a fazer com que a doença se torne pública e decide ir a
vários meios de comunicação para falar sobre o tema, mas, sua única parceira é
a médica Emma (papel de Julia Roberts), que também busca uma cura para o novo
vírus. Nisso, Ned vive com o seu parceiro, Félix (Matthew Bomer), que também é
contaminado pelo vírus.
‘The Normal Heart’ vai além da coragem: não tem vergonha
nenhuma em ser verdadeiro e é apresentado praticamente sem pudor algum. Logo no
início, somos apresentados a um clube GLBT com sexo, drogas e rock n’ roll,
antes de conhecermos a relação entre Ned e Felix. O destaque aqui não é por ser
ousado, mas por apresentar um amor pleno e verdadeiro, independentemente de
quem seja.
E nada do que a HBO não esteja acostumada. Sua marca é
conhecida por ser corajosa e inventiva. Não devemos nos esquecer que Família
Soprano foi uma série que mudou a forma de como vemos TV e trazer mais
seriedade e ousadia para a telinha. Se hoje vivemos a chamada era de ouro das séries,
devemos tudo a Família Soprano. Além de muitos outros exemplos.
E por se tratar de um telefilme e produção da HBO, vários
elementos de séries temos aqui: o diretor e produtor Ryan Murphy é o criador da
grande série American Horror Story – e já trabalhou com Julia Roberts em ‘Comer,
Rezar e Amar’ e o ator que interpreta Felix, Matthew Bomer, venceu o Globo de
Ouro de Ator Coadjuvante pelo papel. E é impossível deixar de reparar em Jim
Parsons interpretando Tommy (para quem não sabe, ele é gay assumido). O nosso
Sheldon Cooper de ‘The Big Bang Theory’ aqui interpreta um papel muito mais
sério do que o habitual e Ryan Murphy o chamou para o papel justamente porque
ele já o havia interpretado na peça de teatro. Vê-lo longe do personagem que o
marcou é uma experiência diferente.
Até Brad Pitt trabalha como produtor por aqui. Ele já o
havia feito no premiado ’12 Anos de Escravidão’ e também está como produtor no
inédito ‘Selma’, que também lida com questões raciais.
‘The Normal Heart’ pode não ser perfeito (ele é muito
enxuto em seu desenvolvimento, além de não apresentar um discurso de efeito
contra o preconceito), mas funciona como conhecimento e reflexão. Foi somente
em 1985 que o ex-presidente americano Ronald Reagan falou abertamente sobre a
AIDS e a tratou como caso de saúde pública, e não de exclusividade do público
homossexual. Aqui no Brasil, já se sabia da existência do vírus, mas, foi
Cazuza que foi o primeiro a assumir publicamente que continha a doença.
Hoje temos preservativos, informações e o mínimo de
consciência, mas ainda não temos a cura para o vírus do HIV. Aos mais
conservadores, um recado: não adianta tapar o sol com a peneira. Adolescentes
têm relações. Ponto. Não precisa fazer um alarde por isso nem achar que é coisa
do mal. As descobertas sexuais devem aparecer de forma aberta e sem máscaras e,
quem defende a castidade e critica o uso da camisinha, faça um favor à
humanidade e se feche em seu mundo e não venha dizer para nós, “pecadores” e
pessoas “do mundo” o que é certo e o que é errado.
Nota:
9,0
Imagens:
Trailer:
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