Tim Maia
Direção: Mauro Lima
Ano de produção: 2014
Com: Babu Santana, Robson Nunes,
Alinne Moraes, Cauã Reymond, Laila Zaid.
Gênero: Drama
Classificação Etária: 16 Anos
Tim
Maia recebe uma biografia à altura de seu talento
Se tem uma coisa que o cinema brasileiro sabe fazer muito
bem são biografias. Essas histórias contam mais a lado humano e menos o lado
ídolo. E em todos os casos, quanto menos se sabe, melhor.
Foi assim com ‘Cazuza – o tempo não para’, ‘Dois filhos
de Francisco’ e ‘Gonzaga – de pai para filho’. Todos eles foram um sucesso de
público e crítica e, cada um à sua maneira e época, resgatou o espírito musical
e a importância que ambos os ícones tiveram.
E agora, em 2014, temos a cinebiografia de Tim Maia, que
é até hoje considerado dos maiores cantores da história do país.
Sebastião Rodrigues Maia, que nasceu em 1942 e morreu em
1998 e desde a adolescência parecia que estava predestinado a virar um astro.
Teve uma infância pobre, vendendo marmitas no bairro da
Tijuca no Rio de Janeiro, mas não demorou muito para perceber que seu talento
era a música. Junto com Roberto Carlos (ele mesmo, o rei), fundaram um grupo,
os Sputniks (em referência à corrida espacial soviética). Logo, Roberto foi se
distanciando do grupo, tomou as rédeas de sua vida e seguiu carreira solo onde
tem até hoje, passadas mais de 5 décadas. Já Tião Maia, como era conhecido (o
apelido de Tim foi dado com o tempo) viu seu grupo não vingar até ele ficar
mais pobre. Foi tentar a sorte nos EUA (e a forma como ele conseguiu dinheiro
para a passagem é curiosa), mas não conseguiu sucesso. Muito pelo contrário,
era época se segregação racial e ele conheceu a cultura negra de lá. Ele foi
preso por tentativa de roubo e foi deportado para o Brasil.
Voltando aqui, a coisa não era boa. Sua família estava na
miséria e, enquanto isso, Roberto Carlos ganhava fama e prestígio.
Sua sorte mudou quando conheceu o músico Fábio,
interpretado por Cauã Reymond e logo começou a parceria entre os dois. Tim
começou a fazer pequenas apresentações de abertura nos shows de Fábio, mas logo
foi ganhando destaque até começar a constituir uma carreira e seguir rumo ao
sucesso...
Esse filme, assim como a maioria das biografias, tenta
não glamourizar demais o personagem e o trata de forma mais humana e imparcial.
Embora Tim e Roberto tenham sido criados praticamente juntos, suas histórias
não totalmente distintas: Roberto é o sinônimo de bom moço e soube usar melhor
a cabeça com a fama. Já Tim, embora tenha a voz muito melhor (olha a polêmica
que criei!) é o símbolo da má influência e rebeldia. Seu dinheiro era ostentado
com festas caras, com muito consumo de bebidas e drogas e com viagens
igualmente caras. Não demora muito, portanto, para vir sua ruína financeira.
O filme é baseado em um livro de Nelson Motta, "Vale
Tudo - O Som e a Fúria de Tim Maia" e foi adaptado para o cinema com o
roteiro de Mauro Lima (que também é o diretor).
Mauro já sabe trabalhar com biografias, como foi o caso
de ‘Meu Nome Não é Johnny’, mas aqui o ponto de vista diferente. Embora os dois
casos sejam de pessoas controversas, a responsabilidade em contar uma história
de um ídolo como Tim Maia é muito maior do que contar a história de um
traficante como João Guilherme Estrela. Mas o resultado é grandioso e muito pé
no chão.
A reconstrução de época é feita com também competência.
Os anos 50, 60 e 70 são muito bem retratados com uma bela Direção de Arte, bem
como os trejeitos dos personagens.
O elenco é muito bem dirigido, não está estereotipado e cada
papel lhe caiu bem. Os dois atores que interpretam Tim, Babu Santana, na fase
adulta e Robson Nunes, na adolescência, fazem um papel muito honesto e chamaram
a responsabilidade para si em um trabalho que poderia dar errado sim, por
tratar de uma figura conhecida do grande público.
Mesmo Cauã Reymond e Alinne Moraes, acostumados e papéis
menos exigentes na TV e que exigem mais de suas belezas do que de seus
talentos, surpreendem como Fábio e Janaína, esposa de Tim (e a química não
ficou ruim) e mãe de Carmelo (filho que não é de Tim, mas ele assumiu).
Há tempos que Tim Maia merecia uma biografia à sua altura
e esse filme não faz feio. Há algumas derrapadas sim, em querer transformar a
linguagem cinematográfica em televisiva (pois é), não dá para dizer que o um
retrato definitivo, mas, como filme e como memória, é honesto.
Nota:
9,0
Imagens:
Trailer:
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