Drácula – A história nunca contada (Dracula Untold)
Direção: Gary Shore
Ano de produção: 2014
Com: Luke Evans, Sarah Gadon, Dominic
Cooper.
Gênero: Aventura
Classificação Etária: 14 Anos
O
novo Drácula é mais do mesmo – só que pior
Foi no final do século XIX que o escritor irlandês Bram
Stoker criou o Drácula e passados mais de 100 anos, este é dos personagens mais
adaptados e estudados pela cultura pop.
Como não se lembrar de, por exemplo, ‘Drácula de Bram
Stoker’, do grande Francis Ford Coppola, de 1992, que era uma adaptação honesta
e continha um grande elenco. Valorizava o gênero terror, sem esquecer a origem
clássica.
E por se tratar de um personagem tão influente, logo, os
estúdios viram que não deveriam ficar para trás e decidiram reinventar a
história do conde Vlad para os novos tempos.
A idéia de adaptar contos clássicos para os dias atuais
não é ruim. Muito pelo contrário, as grandes histórias devem ser passadas de
geração para geração e sim, têm que ser atualizadas para quem não a conhece e
apreciar para valorizar o clássico sem destratar o novo.
O problema é que a Hollywood atual coloca um fiapo de
história nessas adaptações, dificilmente coloca um diretor bom no comando e no
final fica um filme de produtor, além de várias tentativas de ser o novo
‘Crepúsculo’, algo sem maturidade e com o intuito negativo de atingir o público
adolescente.
Todas as adaptações de contos até agora foram muito bem
de bilheteria, mas a qualidade é um pouco duvidosa. Somente ‘Malévola’ tem
alguma graça, mas menos por méritos do filme e sim, por ter ‘Angelina Jolie’ à
vontade no papel e voltando a atuar depois dos acontecimentos turbulentos em
sua vida. Mas ‘A garota da capa vermelha’; ‘Espelho, espelho meu’ e ‘Branca de
neve e o caçador’ são grandes desastres.
E agora Hollywood transformou a história do conde Vlad,
conhecido como Drácula em uma super produção.
Toda a figura sombria que continha no conto original,
misturado com os acontecimentos vitorianos da época se perdeu em uma trama
insossa, sem vida e sim, um filme de produtor.
Todas as exigências dos estúdios estão lá: grandes batalhas,
um drama aqui e ali e um romance de fundo. E no caso de uma produção deste
tamanho precisava de uma mão firme do diretor para tomar decisões e não deixar
os produtores fazerem um filme só para eles. Possivelmente por isso, o diretor
Gary Shore e os roteiristas Matt Sazama e Burk Sharpless sejam inexperientes e
não poderiam realizar o filme que quisessem.
E os problemas de ‘Drácula – A história nunca contada’
não param por aí: o filme quer explicar tudo e dar uma didática maior à
história que não deveria ser levada tão a sério. Isso é uma coisa que os
estúdios deveriam aprender que às vezes, a dúvida é saudável para o andamento
da obra e deixar para que a platéia tire suas conclusões. Se ficarmos parados
no tempo com explicações desnecessárias, o cinema nunca vai evoluir.
O Drácula agora tem motivações: desta vez ele deve
proteger quem ele ama: sua família e seu povo. É uma tentativa frustrada de
humanizar o personagem e fazer a platéia torcer por ele. Isso é outra exigência
dos estúdios: o novo ‘homem-aranha’ com Andrew Garfield tem o mesmo problema.
E como se não bastasse tudo isso, a escolha do elenco
também é fraca: Luke Evans está muito bem na franquia ‘O Hobbit’, mas aqui tem
um personagem que não exige muito dele e não parece a vontade no papel, o mesmo
se diz de Sarah Gadon (de ‘Cosmópolis’). E em um filme de aventura, exige-se um
vilão de qualidade, certo? Bom, não é o caso aqui, Dominic Cooper como Mehmed
tem um papel constrangedor e sem carisma. Ele é uma aposta de Hollywood para os
próximos anos. Recentemente ele também fez o fraco ‘Need for Speed’.
As lutas são uma tentativa de “quero ser 300 de Esparta”,
mas muito mal feitas, bem como sua Direção de Arte claramente com fundo verde.
É um insulto por se tratar de uma produção cara como esta.
O principal motivo para ‘Drácula – A história nunca
contada’ acontecer é a tentativa da Universal em criar uma nova franquia. No
momento, eles só estão com ‘Velozes e Furiosos’. É pouco para um estúdio deste
tamanho e se depender do sucesso deste filme aqui, a continuação logo chegará.
Ao menos, o desfecho é bacana e abriu alas para uma nova
roupagem e época para a história. Material e dinheiro tem para fazer uma boa
continuação e sem desrespeitar a inteligência de quem assiste.
Fica para a próxima.
Nota:
3,0
Imagens:
Trailer:
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