Interestelar (Interestellar)
Direção: Christopher Nolan
Ano de produção: 2014
Com:
Matthew McConaughey, Anne Hathaway, Jessica Chastain, Mackenzie Foy, Michael
Caine, Matt Damon, Wes Bentley, Casey Affleck, John Lithgow, Topher Grace,
Ellen Burstyn.
Gênero: Ficção Científica
Classificação Etária: 12 Anos
O
retorno da grande Ficção Científica
Christopher Nolan é um diretor realmente único. Ele surgiu
no mercado independente e se tornou conhecido ao dirigir e escrever ‘Amnésia’,
em 2000 e hoje é dos diretores mais conhecidos e respeitados de Hollywood. Conseguir
realizar blockbusters, atrair multidões ao cinema, e ainda não se esquecer das
raízes independentes, é tarefa para poucos. Spielberg e J. J. Abrams que os
digam.
E ainda ressuscitar a história do homem-morcego e dar ao
herói uma visão mais realista, sombria e longe da coisa carnavalesca dos filmes
de Joel Schumacher nos anos 1990.
Com todo o prestígio alcançado, somente um diretor desse
porte conseguiria sinal verde do estúdio para realizar um projeto como ‘Interestelar’.
‘Interestelar’ foi concebido em 2006, o diretor seria
Steven Spielberg e o roteirista seria Jonathan Nolan (irmão de Christopher),
mas logo foi sendo assumido por Chris.
Seu roteiro é baseado em um projeto do físico Kip Thorne,
que colaborou com Robert Zemeckis no roteiro de ‘Contato’ em 1997, também com Matthew
McConaughey. Além da colaboração na concepção da história e de muitas passagens
ao longo do filme, que necessitam de conhecimentos físico-astronômicos,
Christopher e Jonathan se interessaram pelos estudos de Thorne pelo chamado “buraco
da minhoca”, que se baseia em um “atalho” através de tempo e espaço e teoriza
que o universo pode ser “dobrável”. Aqui, a coisa fica um pouco mais clara para
o público em geral sem destratar a platéia.
Logo no início, ‘Interestelar’ lembra muito um
documentário: temos um senhor e uma senhora idosa conversando com a câmera
sobre a época de luta pela sobrevivência na Terra. Quem assiste ao filme não
tem a menor ideia de o que aquilo significa, mas logo somos apresentados à
história “verdadeira”, em que conhecemos a vida de Cooper (Matthew McConaughey,
ótimo no papel), um ex-astronauta que virou agricultor no interior dos EUA e
sua filha, Murph (Mackenzie Foy, a filha de Bella e Edward no último filme da
saga ‘Crepúsculo’) e a convivência familiar e as dificuldades. Murph é uma
garota muito inteligente e se interessa por astronomia. Logo, eles seguem
algumas coordenadas geográficas e não demora muito para eles perceberem que descobriram
uma sede secreta da NASA. Cooper recebe a missão do professor Brand (Michael
Caine) para descobrir galáxias e planetas habitáveis para a espécie humana,
pois a Terra está se tornando inabitável.
Cooper aceita a missão e viaja para os confins do
universo junto com a filha do professor Brand, vivida pela sempre ótima Anne
Hathaway e sua equipe.
Murph, porém, não gosta da ideia de seu pai não poder
voltar e cresce amargurada, mas se torna uma mulher ainda mais inteligente e
determinada do que na infância e aqui é vivida pela Jessica Chastain (que está
em ascensão em Hollywood).
As comparações com ‘2001 – Uma Odisséia no Espaço’, de
Stanley Kubrick são inevitáveis. Além do tema sobre o espaço, também existe a
ausência de som, ausência de efeitos espetaculares como vistos em ‘Star Wars’ e
presença de diálogos. Mas, engana-se quem acha que isso torna ‘Interestelar’
seja enfadonho. Muito pelo contrário. Este é dos grandes filmes do ano e,
apesar de não se comparar com 2001, as referências estão claras: metáforas
sobre a vida na Terra, grandes passagens de tempo (os anos-luz que passam na
vida de todos, tanto a tripulação, quanto os habitantes da Terra, e o conflito
de gerações, é espetacular) e um personagem digital. No caso desse personagem,
ao contrário do grande vilão Hal 9000 em 2001, aqui o personagem auxilia a
equipe e muitas vezes a tripulação depende dele: TARS, como é chamado, é um elo
importante para a missão.
E além de ser uma ficção científica eficiente, ‘Interestelar’
acerta por investir em relações humanas. Não importa o quanto o cinema evolua
na produção, mas são as emoções e investimentos entre as pessoas “comuns” é que
sustentam um filme. ‘Avatar’ fez isso muito bem, e ainda com a parábola sobre a
consciência ecológica. No caso de ‘Interestelar’, a passagem de tempo entre
Murph e Cooper, desde o pai não vendo a filha crescer e ela se tornando mais
amargurada e mais decidida – e sendo um personagem mais interessante – valem mais
do que qualquer efeito.
Christopher Nolan não possui a audácia apenas de fazer
roteiro independente em blockbusters, mas também em colocar um ótimo e numeroso
elenco em seus filmes. Desde ‘Batman Begins’, ele só trabalha com grandes
elencos – e só com os melhores. Matthew McConaughey é o atual vencedor do Oscar
por ‘Clube de Compras Dallas’ e agora é um ator respeitado e longe dos papéis
fáceis que ele fazia nas comédias românticas como em ‘Como perder um homem em
10 dias’. Anne Hathaway acaba com a chamada “maldição do Oscar” e faz uma Brand
muito séria e inteligente. Jessica Chastain está em alta em Hollywood e muito
requisitada pelos grandes diretores e é maravilhoso ver que Nolan confia nela. Sim,
Nolan tem seus atores preferidos. Michael Caine se tornou “pupilo” de Nolan e
esta é a 6ª parceria entre os dois, que acontece desde ‘Batman Begins’.
A trilha sonora angustiante de Hans Zimmer também é quase
um personagem da história: sombria nos momentos mais tensos e mais lírica
quando é necessário.
É incerto dizer se ‘Interestelar’ será um sucesso
comercial, mas é desde já favorito a vários Oscar e sucesso crítico. É o Nolan sendo
menos popular e mais exigente.
Nota:
10,0
Imagens:
Trailer:
Nenhum comentário:
Postar um comentário