Jogos Vorazes: A Esperança – Parte 1 (The Hunger Games:
Mockingjay – Part 1)
Direção: Francis Lawrence
Ano de produção: 2014
Com:
Jennifer Lawrence, Liam Hemsworth, Julianne Moore, Philip Seymour Hoffman, Josh
Hutcherson, Woody Harrelson, Donald Sutherland, Elizabeth Banks, Stanley Tucci,
Natalie Dormer, Jena Malone.
Gênero: Aventura
Classificação Etária: 14 Anos
‘A
Esperança – Parte 1’ prepara fecho apoteótico
A saga ‘Jogos Vorazes’ já está no 3° filme e alguns
conceitos – ou pré-conceitos – que foram colocados no primeiro filme já não são
mais válidos. Por exemplo, foi vendido como um filme voltado para os
adolescentes, o que provocou uma inibição do público em geral pelo trauma
causado pela saga Crepúsculo. E também foi vendido como um romance, o que está
completamente errado.
A verdade é que ‘Jogos Vorazes’ já é uma grande franquia
e promete ficar na história do cinema, e os motivos são um pouco peculiares: os
temas principais são autoritarismo, a política do pão e circo e a luta contra o
sistema. E tudo isso em uma franquia que em teoria é para o público teen. Mas, na
prática, ‘Jogos Vorazes’ pode ser apreciado por crianças de todas as idades. É certo
que uma grande fatia do público é adolescente, mas não se pode negar a força
desta saga em falar com todos, independentemente da idade e classe social.
Mas isso não veio por acaso. O trunfo vem muito de seu
grande roteiro e o cuidado na realização. Os três filmes da franquia são
levados a sério e trata de suas questões sem firulas e sem romantizar a coisa. E
tem uma protagonista feminina, mas não aquela mulher sexualizada para o público
masculino. Aqui temos uma moça que defende seu lado mulher, jamais aparece em
trajes mínimos, o que é muito bom porque aumenta a credibilidade da história e
luta pelos seus ideais. Mais do que isso, luta contra o sistema opressor de
Panem, onde ela vive e contra o regime ditatorial do presidente Snow. Katniss Everdeen
é, portanto, uma personagem já para a história do cinema.
É difícil saber se a franquia seria a mesma sem Jennifer
Lawrence. A força da sua personagem também está na força da atriz, que é hoje a
mais requisitada de Hollywood, consegue intercalar papéis em franquias
milionárias e filmes mais alternativos e é impressionante como o sucesso não
subiu à sua cabeça. Mesmo com um Oscar na estante, uma conta milionária e a
fama mundial, ela não se deslumbrou com as, digamos, tentações do estrelato e
permanece a mesma grande pessoa. E ficamos felizes que ela não entrou na
chamada “maldição do Oscar”, em que atores e atrizes que ganham a estatueta
nunca mais fazem nada de grandioso.
Nessa 3ª parte, ‘A Esperança’, os Jogos já não existem
mais e os distritos se unem contra o poder da Capital. Quem lidera esse chamado
Levante contra o sistema é a presidente Alma Coin (vivida pela Julianne Moore)
e Plutarch, vivido pelo saudoso Philip Seymour Hoffman, mas, logo eles enxergam
em Katniss como um rosto para liderar as rebeliões. O Distrito 12, onde Katniss
nasceu e cresceu, foi destruído pela Capital. Já o 13, que não existia mais, agora,
foi reerguido.
Para piorar a situação, Peeta, companheiro de Katniss nos
jogos foi seqüestrado por Snow e sofreu uma espécie de lavagem cerebral. Ele
aparece na TV da Capital em entrevistas com Caesar (apresentador de TV) para
incentivar Katniss a parar com a revolta.
O personagem de Gale (Liam Hemsworth, irmão de Chris, o
nosso Thor), que era o interesse amoroso de Katniss nos dois primeiros filmes,
mas se viu jogado de lado pelo “romance” entre ela e Petta, agora tem um papel
de mais destaque aqui. Ele é quase como um parceiro de Katniss, assim como Cressida
(que fugiu da Capital para participar da revolta) e até Prim, irmã de Katniss.
Um grande acerto em levar Jogos Vorazes para o cinema foi
em colocar Suzanne Collins, que é a autora da série de livros, como uma das
roteiristas e quase tudo dos filmes depende do consentimento dela. Há muita
coisa de produtor por aqui, o que é inevitável em um filme deste tamanho, mas
só o fato de colocar a autora dos livros na concepção do filme já é uma amostra
que existe um respeito pelos realizadores.
Uma coisa que havia incomodado nos dois primeiros filmes era
a produção estranha, em especial pela direção de arte pobre, além do figurino
cafona. Aqui, com uma produção muito maior, temos, finalmente, um legítimo filme
hollywoodiano. Fotografia e direção de arte perfeitos e um clima até mais
sombrio, diferente do clima mais colorido dos filmes anteriores.
Há cenas memoráveis, como o bombardeio a um hospital
acompanhado pelo discurso de impacto de Katniss, bem como o primeiro encontro
dela e de Peeta após o Massacre.
A idéia de dividir em dois filmes foi para render mais
dinheiro, o que é fato, mas isso acabou prejudicando o filme artisticamente. Poderia
ser um filme só de 150 minutos que renderia de qualquer jeito e sem prejudicar
a história.
Mas não devemos negar a preparação para um fecho
histórico. Para quem já leu o livro, não ficará tão surpreso (pois ainda há
muito o que contar, o negócio é esperar mais um ano), mas fica a magia em
imaginar essas reviravoltas na telona e o melhor ainda é saber que estamos em
boas mãos com essa equipe.
E como se não bastasse toda essas as qualidades do filme em
si, foi um sentimento de nostalgia em ver Philip Seymour Hoffman em um de seus
últimos papéis. Ele faleceu em fevereiro deste ano e já havia gravado sua
participação neste filme aqui e uma boa parte do filme seguinte. Sua morte foi
uma perda inestimável e inacreditável devido às circunstâncias. Para nós, fãs,
fica a saudade, seu legado e seus grandes papéis.
Nota:
9,0
Imagens:
Trailer: