Trapaça (American Hustle)
Direção: David O. Russell
Ano de produção: 2013
Com:
Amy Adams, Bradley Cooper, Christian Bale, Jeremy Renner, Jennifer Lawrence,
Michael Pena, Robert de Niro.
Gênero: Comédia Dramática
Classificação Etária: 14 Anos
Somente as premiações e seu
ótimo elenco explicam o sucesso de “Trapaça”.
Sempre quando saem os indicados ao Oscar, há um núcleo de
4 ou 5 filmes que despontam como favoritos, são aqueles que estão nas
premiações, são elogiados e se tratando de uma premiação como o Oscar, estarão
lá de qualquer jeito. No Oscar de 2014, “Gravidade”, “12 anos de escravidão” e
“O lobo de Wall Street”, que também estão indicados ao prêmio de Melhor
Direção, estiveram em todas as premiações e estão sempre apontados nas listas
dos melhores do ano. Bem, eu disse uns 4 ou 5 filmes e só citei 3. Faltou um?
Pois é justamente esse que tem tudo o que a Academia gosta, é o líder de
indicações e arrisco dizer: é o favorito a levar o prêmio de Melhor Filme. E
este filme é “Trapaça”, novo filme do diretor David O. Russell, que ano passado
nos entregou o encantador “O Lado Bom da Vida”, filme que deu o Oscar de Melhor
Atriz para a Jennifer Lawrence no ano passado.
David é um diretor muito sortudo em Hollywood. É a mesma
sorte que Christopher Nolan tem: ter muitos atores amigos, conseguir chamar
muita gente para seu elenco, até com redução de salário em alguns casos e ainda
exigir de seus atores a melhor performance possível. Basta ver seus trabalhos
anteriores, além de “O Lado Bom da Vida”, teve também “O Vencedor”, em 2010. É
a prova que David é o novo queridinho da Academia.
Com tudo isso, David recebeu sinal verde para realizar
“Trapaça” da forma que ele queria. É glorioso quando vemos a indústria de
Hollywood, tão dependente de produtores, ainda dá espaço para o cinema autoral.
No caso de Trapaça, porém, é que ele ficou tão famoso e
com tanta gente legal no elenco, fica a impressão de “fogueira de vaidades”,
assim como “Onze homens e um segredo”, com atores demais, pretensões demais e
conteúdo de menos.
Trapaça é baseado em uma história real que se passa no
final dos anos 1970, onde dois trambiqueiros, Irving (Christian Bale) e Sidney
(Amy Adams, com um decote mais ousado a cada cena), que ganham dinheiro às
custas de golpes que praticam em suas vítimas. Um agente do FBI, Richie
(Bradley Cooper) descobre a farsa e prende a dupla. Ao invés de deixar a dupla
apodrecer na cadeia, Richie e o FBI fazem uma proposta ousada de conciliação:
Irving e Sidney ajudariam o FBI a capturar outros corruptos poderosos, como o
prefeito de Nova Jersey, Carmine (Jeremy Renner) e o mafioso Victor Tellegio
(Robert de Niro).
A personagem de Sidney é, de longe, a mais esperta da
história: sempre à frente de todos e usa seu corpo (fundamentalmente seus
decotes) para conseguir o que se quer. David usou e abusou da sensualidade de
Amy Adams para criar um clima que mais se aproxima de um Noir ao estilo de “Los
Angeles – Cidade Proibida”. Mas, o que poderia ser uma ousadia épica, é um
resultado de cenas de sexo sem nexo, de gosto um pouco duvidoso e piadas, em
sua maioria, sem graça. O mais legal é enxergar a história por trás da
história: embora David O. Russell tenha se inspirado em uma história real,
muita coisa aqui é inventada. Até o personagem da Jennifer Lawrence é criação
de David. Aqui, ela faz a esposa traída e falastrona de Irving, Rosalyn. Ela,
infelizmente, aparece pouco na história e está indicada ao Oscar de Atriz
Coadjuvante. O talento dela aqui está desperdiçado com diálogos sem sentido, um
papel que não lhe combinou e, lamento dizer que, se ela levar o Oscar, será
marmelada. Somente a cena da dança é impagável e cômica. Até o beijo em Amy
Adams, que prometia ser ousado, ficou a desejar.
O trio masculino - Christian Bale, Jeremy Renner e
Bradley Cooper - está bem, embora nenhum se sobressaia.
Mas
e a Amy Adams indicada e favorita a Melhor Atriz? Ela não está mal por aqui. Há
um misto de sensualidade e esperteza. Mas calma lá: Amy Adams é uma atriz
excelente e esse não pode ser considerado um papel tão definitivo em sua
carreira para se consagrar como Melhor Atriz do ano. Na verdade, o papel nem
exigiu tanto assim dela. A graça de sua Sidney está na história e no elenco
como um todo, e não exatamente em sua personagem.
De
tão correto, pelo menos o final é memorável e surpreendente, o que não melhora
a qualidade do material, mas trouxe algo diferente. A reviravolta que dá no
final é empolgante e vibrante.
Ao
final de “Trapaça”, fica a pergunta: um final bacana, um decote da
protagonista, uma estrela sem brilhar e um visual cafona são suficientes para
ganhar um prêmio de Melhor Filme do Ano?
Nota:
7,0
Imagens:
Trailer:
Nenhum comentário:
Postar um comentário