Clube de Compras
Dallas (Dallas Buyers Club)
Direção: Jean-Marc Vallée
Ano de produção: 2013
Com:
Matthew McConaughey, Jennifer Garner, Jared Leto, Denis O´Hare, Steve Zahn.
Gênero: Drama
Classificação Etária: 18 Anos
“Clube de Compras Dallas”
merece ser visto como exercício e história.
Na corrida pelo Oscar 2014, há uma semelhança
interessante entre a maioria dos indicados, que é a questão da didática e
entender um pouco mais de história e compreender o presente.
Só para citar alguns, temos o favorito “Trapaça”. Embora
não seja um grande filme, é interessante observar a história dos farsantes que
trabalharam para o FBI no final dos anos 1970. E temos também “O Lobo de Wall
Street”, este sim, um grande filme, que fala do submundo do mercado financeiro.
Embora a história se passe no final da década de 1980, esse ambiente de
dinheiro está atual.
E agora temos uma história um pouco mais corajosa, na
verdade, mais real impossível, que é o início da epidemia da AIDS, nos anos 80.
Juntando esse pano de fundo com uma história verídica e com um ótimo elenco,
temos um grande filme que é “Clube de Compras Dallas”.
“Clube de Compras Dallas” é baseado em uma história real
(o filme está indicado para Melhor Roteiro Original) de Ron Woodroof (Matthew
McConaughey – sublime no papel) que trabalha com rodeio, mas, na maior parte do
tempo vive sem perspectiva, se droga e transa com prostitutas. Após um
incidente, ele vai parar em um hospital e após a internação os médicos dão a
notícia: o teste de HIV de Ron deu positivo, ele tem o vírus da AIDS e ele só
tem 30 dias de vida. Na verdade, segundo seus médicos - Dr. Sevard (Denis
O´Hare - o Russell da série “True Blood”) e Dra. Eve (Jennifer Garner – esposa
de Ben Affleck na vida real), Ron tem sorte por estar vivo. Como na época não
existia medicação, Ron decide se medicar por conta própria, mas, os únicos
remédios que existem para a doença são ilegais. Ron toma a decisão do comércio
ilegal de um desses remédios, o AZT. A “matriz” desse negócio é chamada de
“Clube de Compras Dallas”.
O AZT destrói todas as células do corpo, doentes ou não,
e por isso, a FDA (órgão do governo americano que libera a venda de novos
medicamentos) não libera a venda do remédio.
O bacana aqui é compreender a sociedade da época. A AIDS
era só vista como doença associada em homossexualismo, então dá para imaginar o
preconceito que havia. O próprio ato de ser homossexual era visto como doença.
Aqui, a figura do preconceito é retratada na figura de Rayon, um transexual que
é sócio de Ron no negócio do AZT, vivido por Jared Leto, super favorito ao
Oscar de Ator Coadjuvante – e, se vier, o prêmio estará em boas mãos.
O filme também mostra, de forma indireta, os bastidores
da indústria farmacêutica, principalmente os jogos de interesse e a preocupação
única em faturar. Ron decide enfrentar o sistema e leva consigo inclusive a
Dra. Eve, que ele até nutre certa paixão.
O ponto alto são, claro, as atuações. Além de Jared Leto
(de “Réquiem para um Sonho”) brilhar na pele de um transexual, também Matthew
McConaughey entrega seu melhor papel da carreira. Ele emagreceu bastante para
viver seu Ron, conviveu com soropositivos na vida real para dar um realismo
maior em seu personagem. Vale lembrar que a Academia adora papéis de transformação,
fazendo com que Matthew McConaughey seja, portanto, o favorito a levar o prêmio
de Melhor Ator.
O diretor Jean-Marc Vallée demonstra, mais uma vez, que
sabe muito bem trabalhar com atores e sabe muito bem lidar com a história do
mundo, fazendo a platéia entender o que passou e associar com o presente. Ele
fez isso muito bem em seu filme anterior, “A Jovem Rainha Vitória”, que
arrancou a melhor performance da carreira de Emily Blunt. Aqui ele consegue o
melhor de seu elenco. Até Jennifer Garner, que fez muito mal a sua “Electra”,
está bem aqui.
O que um bom diretor não faz para o cinema, seja ele
conhecido ou não.
Nota:
9,0
Imagens:
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