Orange is the New Black, essa grande
série da Netflix, criada por Jenji Kohan (que também criou Weeds) chega ao seu
4º ano com duas certezas: há tempos deixou de ser uma série cômica, tanto que
na primeira temporada ela foi indicada às premiações como série de comédia e
nas temporadas seguintes, como série dramática.
Outra mudança foi que o foco da série deixou de ser o da
Piper há muito tempo. Isso é positivo, mas não quer dizer que ela seja uma
personagem desinteressante, muito pelo contrário, mas sua história com Alex
Vause já não tinha mais rumo, além do mais, a série apresenta personagens – e
subtramas – muito mais interessantes.
A Netflix sabe muito bem disso e já renovou Orange is the
New Black até a 7ª temporada. Dá tempo de sobra para mostrar mais personagens e
flashbacks ao longo de seus episódios e suas temporadas nada mais são do que
grandes filmes de 13 horas.
Respeitando as proporções e diferenças, um episódio de
Orange is the New Black é muito parecido com um episódio de Game of Thrones.
Explicamos: em cada episódio são mostrados pequenos trechos de cada arco,
personagem e vemos a dimensão de tudo. E um episódio de ambas as séries costuma
terminar com algo bombástico. Mas a grande diferença entre Orange is the New
Black e a série da HBO é que, sem envolvimento emocional com as personagens, a
chance de alguém abandonar a série é grande.
Os principais personagens de Orange is the New Black já
tiveram episódios mais dedicados a eles, inclusive com flashbacks e quanto mais
sabemos sobre eles, mas interessante ficam e a forma como o espectador se
envolve e compra a história antes da vida no presídio determina se vai ou não
acompanhar a série até o final.
Logo nos primeiros minutos deste 4º ano, a série deixa
claro que é dramática e começa do mesmo ponto do final da temporada passada: a
prisão de Litchfield recebe centenas de novas presas e culmina na superlotação
do local, mas este não é o pior problema: a prisão agora é comandada por
agentes do governo, muito diferentes dos guardas que, até então, eram amigos
das prisioneiras de certa forma. O líder deles, Piscatella, um veterano de
guerra, as trata com de forma quase desumana em alguns momentos e o agora
diretor, Joe Caputo, não tem pulso firme para lidar com eles, nem com as
mulheres e nem com os poderosos do FBI e está muito mais preocupado com a sua
Linda do que com o trabalho em si.
Quem está em uma prisão cometeu algum crime. Fato. Mas
quem está lá merece um tratamento subumano? A polícia pode agir de forma
autoritária? São algumas questões que a temporada levanta.
Há uma personagem que sai de Litchfield. Ela cumpriu sua
pena e agora está livre. Mas está livre mesmo? O mundo – sobretudo o mercado de
trabalho – dá novas chances a ex-presidiários? “O lugar era uma prisão, fedia
muito, mas lá eu tinha amigas” – é o que ela diz quando já está fora.
Mas o debate mais relevante desta temporada é a xenofobia
e a questão racial: há um número alto de presas da cor negra e latinas e não
demora muito para algumas mais radicais expressarem discursos de ódio entre
“nós” e “elas”, ao ponto de uma personagem ser marcada com a suástica em seu
braço e ocorrerem brigas (“brigas” no plural mesmo) quando alguma prisioneira
ofende a outra por causa da raça ou etnia.
Os flashbacks ainda são mostrados de forma elegante e
eficiente. Na maioria dos casos, eles mostram como era a vida de alguma
prisioneira antes de chegar à prisão. E algumas são muito parecidas com nós,
“pessoas de bem”...
Essa 4ª temporada deixou muitos ganchos para o próximo
ano, mais perguntas do que respostas e considerando que teremos mais 3
temporadas, a Netflix terá tempo de sobra para trabalhar no desenvolvimento de
várias personagens e subtramas em seus grandes “filmes de 13 horas”.
Orange is beautiful!
Nota:
9,0
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