“Não vi e não gostei”.
Essa foi a sensação de muita gente que detonou Caça-Fantasmas antes do
lançamento. A Hollywood atual está dependente de suas franquias e alguns
reboots disfarçados de sequências. As duas maiores bilheterias de 2015, Star
Wars e Jurassic World foram assim e não houve movimentação online.
Mas Caça-Fantasmas teve essa rejeição inicial, em parte,
porque o filme teria protagonistas femininas em detrimento ao elenco masculino
dos filmes dos anos 1980 e seu trailer teve recorde de deslikes no youtube –
foram quase 1 milhão.
De fato, os trailers, imagens e matérias promocionais
deixam muito a desejar e não foi surpresa essa rejeição, mas considerando toda
essa campanha contra e responsabilidade de respeitar o filme clássico,
Caça-Fantasmas conseguiu sair por cima e todos os envolvidos entregam um filme
divertido, nostálgico e com um saldo melhor do que o segundo filme, por
exemplo.
E quanto à recepção negativa, há uma cena em que uma das
personagens ironiza os nerds que “perdem tempo escrevendo qualquer coisa na
internet” e que provavelmente foi filmada depois dos comentários online.
Quem dirige é Paul Feig e ele já
havia nos agraciado com comédias bacanas como Missão Madrinha de Casamento e A
Espiã que Sabia de Menos e seu elenco está afiado e a química entre as atrizes
é irreparável.
Embora o filme possa sugerir que as quatro atrizes sejam
as principais, é Kristen Wiig que tem mais tempo de tela e um arco dramático
maior. Ela interpreta Erin, uma professora universitária de olho em uma
promoção e como o cargo exige uma credibilidade maior, ela esconde seu passado
na qual ela havia publicado um livro sobre a existência de fantasmas. Mas um
acaso faz com que a sua amiga de infância, Abby (vivida por uma Melissa
McCarthy muito mais contida do que o normal), junto com a engenheira Jillian (Kate
McKinnon) se juntem e formem um grupo para combater os fantasmas de Nova York
junto com Patty (Leslie Jones).
Há uma interessante inversão de valores aqui do que
estávamos habituados a ver até o momento: são as mulheres quem detêm o conhecimento
em ciência e tecnologia e são as grandes lideranças, ao passo que o maior
personagem masculino do filme, Kevin, é apenas o “rosto bonito” e o mocinho da
vez.
Quem interpreta Kevin é o nosso Thor, o Chris Hemsworth,
que, diferente de seus papéis imponentes até aqui, ele faz um personagem todo
desajeitado e é um grande alívio cômico em um filme que já é engraçado.
Caça-Fantasmas funciona como um filme independentemente,
mas também funciona muito bem para quem viu os dois filmes dos anos 80, com
várias referências aos personagens e monstros e pontas especiais do elenco
antigo: Bill Murray, Dan Aykroyd, Sigourney Weaver, Ernie Hudson e Annie Potts
igualmente como atendente, desta vez em um hotel.
Apenas o saudoso Harold Ramis, que faleceu em 2014, não
pôde estar aqui, mas recebeu uma justa homenagem.
Um dos problemas dos dois primeiros filmes são justamente
os efeitos, que envelheceram mal e ficaram datados e havia alguma esperança de
que este filme novo corrigisse isso. De fato, há uma produção mais arrojada,
como a Times Square à noite, que ficou muito bonita, mas nota-se muito fundo
verde em alguns momentos, sobretudo nas seqüências de ação. E sim, o filme
corre o risco de ficar datado com o tempo.
Há cenas durante os créditos finais do filme e uma cena
no final – que os saudosistas vão adorar – e tem muito material para virar uma
franquia e, de preferência, com esse mesmo elenco e diretor.
Tudo vai depender do sucesso comercial deste aqui. O sucesso
com a crítica já aconteceu, mas a resposta do público depende da ala conservadora
ou quem olhar com maus olhos pelo trailer e material promocional. “Não julgue o
filme pelo trailer”, é o que dizem!
Nota:
8,0
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