sexta-feira, 15 de julho de 2016

Novo Caça-Fantasmas consegue um saldo melhor do que os clássicos

           “Não vi e não gostei”. Essa foi a sensação de muita gente que detonou Caça-Fantasmas antes do lançamento. A Hollywood atual está dependente de suas franquias e alguns reboots disfarçados de sequências. As duas maiores bilheterias de 2015, Star Wars e Jurassic World foram assim e não houve movimentação online.


            Mas Caça-Fantasmas teve essa rejeição inicial, em parte, porque o filme teria protagonistas femininas em detrimento ao elenco masculino dos filmes dos anos 1980 e seu trailer teve recorde de deslikes no youtube – foram quase 1 milhão.

            De fato, os trailers, imagens e matérias promocionais deixam muito a desejar e não foi surpresa essa rejeição, mas considerando toda essa campanha contra e responsabilidade de respeitar o filme clássico, Caça-Fantasmas conseguiu sair por cima e todos os envolvidos entregam um filme divertido, nostálgico e com um saldo melhor do que o segundo filme, por exemplo.


            E quanto à recepção negativa, há uma cena em que uma das personagens ironiza os nerds que “perdem tempo escrevendo qualquer coisa na internet” e que provavelmente foi filmada depois dos comentários online.

            Quem dirige é Paul Feig e ele já havia nos agraciado com comédias bacanas como Missão Madrinha de Casamento e A Espiã que Sabia de Menos e seu elenco está afiado e a química entre as atrizes é irreparável.

            Embora o filme possa sugerir que as quatro atrizes sejam as principais, é Kristen Wiig que tem mais tempo de tela e um arco dramático maior. Ela interpreta Erin, uma professora universitária de olho em uma promoção e como o cargo exige uma credibilidade maior, ela esconde seu passado na qual ela havia publicado um livro sobre a existência de fantasmas. Mas um acaso faz com que a sua amiga de infância, Abby (vivida por uma Melissa McCarthy muito mais contida do que o normal), junto com a engenheira Jillian (Kate McKinnon) se juntem e formem um grupo para combater os fantasmas de Nova York junto com Patty (Leslie Jones).

            Há uma interessante inversão de valores aqui do que estávamos habituados a ver até o momento: são as mulheres quem detêm o conhecimento em ciência e tecnologia e são as grandes lideranças, ao passo que o maior personagem masculino do filme, Kevin, é apenas o “rosto bonito” e o mocinho da vez.

            Quem interpreta Kevin é o nosso Thor, o Chris Hemsworth, que, diferente de seus papéis imponentes até aqui, ele faz um personagem todo desajeitado e é um grande alívio cômico em um filme que já é engraçado.

            Caça-Fantasmas funciona como um filme independentemente, mas também funciona muito bem para quem viu os dois filmes dos anos 80, com várias referências aos personagens e monstros e pontas especiais do elenco antigo: Bill Murray, Dan Aykroyd, Sigourney Weaver, Ernie Hudson e Annie Potts igualmente como atendente, desta vez em um hotel.

            Apenas o saudoso Harold Ramis, que faleceu em 2014, não pôde estar aqui, mas recebeu uma justa homenagem.

            Um dos problemas dos dois primeiros filmes são justamente os efeitos, que envelheceram mal e ficaram datados e havia alguma esperança de que este filme novo corrigisse isso. De fato, há uma produção mais arrojada, como a Times Square à noite, que ficou muito bonita, mas nota-se muito fundo verde em alguns momentos, sobretudo nas seqüências de ação. E sim, o filme corre o risco de ficar datado com o tempo.

            Há cenas durante os créditos finais do filme e uma cena no final – que os saudosistas vão adorar – e tem muito material para virar uma franquia e, de preferência, com esse mesmo elenco e diretor.

            Tudo vai depender do sucesso comercial deste aqui. O sucesso com a crítica já aconteceu, mas a resposta do público depende da ala conservadora ou quem olhar com maus olhos pelo trailer e material promocional. “Não julgue o filme pelo trailer”, é o que dizem!

Nota: 8,0

Nenhum comentário:

Postar um comentário