Sicario – Terra de
Ninguém (Sicario)
Direção:
Denis Villeneuve
2015
Com:
Emily Blunt, Benicio Del Toro, Josh Brolin, Jon Bernthal
Drama
16 Anos
A guerra
sem sutilezas
O diretor Denis Villeneuve foi descoberto após dirigir o
canadense Incêndios, que perdeu o Oscar de Filme Estrangeiro para o dinamarquês
Em um Mundo Melhor, mas foi fundamental para sua entrada em Hollywood: em 2013
dirigiu o excelente Os Suspeitos, com Hugh Jackman e Jake Gyllenhaal e no ano
passado fez a ótima adaptação do livro de José Saramago, O Homem Duplicado. Todos
são ótimos e cada um é ousado à sua maneira, mas não é exagero nenhum dizer que
seu trabalho mais ambicioso e o mais recente: Sicario – Terra de Ninguém é uma
pequena obra-prima contemporânea e promete ir para as principais categorias no
Oscar 2016.
Na história, uma agente do FBI, Kate Macer (Emily Blunt,
que merece estar no Oscar, já que a Academia está em dívida com ela desde ‘A
Jovem Rainha Vitória’) trabalha no grupo de antissequestro da instituição, mas
é obrigada a acompanhar a missão de derrubar o cartel mexicano de drogas. Kate é
uma policial considerada honesta, mas se torna impotente perante a corrupção e
a um esquema poderoso. E neste cenário, Kate começa a conviver com os seus
demônios pessoais.
Não é apenas Emily Blunt que faz um bom papel, um
destaque é de Benicio Del Toro. Ele já ganhou Oscar por Traffic em 2001 e faz
um policial de intensões duvidosas: ao passo que luta contra o tráfico, ele
conhece o sistema por dentro e Kate não tem escolha se não confiar nele.
A falta de confiança de Kate também cai para seu chefe,
vivido por Josh Brolin. Foi ele quem recrutou-a para a missão e ao passo que
ele faz comentários maldosos pelo fato de Kate ser uma mulher, coloca muita
coisa na responsabilidade dela – e não necessariamente ela tem competência para
todas.
A Emily Blunt de Sicario – Terra de Ninguém lembra muito
a Maya de A Hora Mais Escura, na qual a mulher deve se provar forte perante uma
guerra, ao mesmo tempo que está insegura e sem saber como dar o próximo passo.
No caso de Kate, sua insegurança é retratada em diversas
vezes com a ausência de diálogos e que todas as sensações da personagens se dão
pela expressão, o que é muito mérito da atriz.
Sicario – Terra de Ninguém seria um filme comum nas mãos
de um roteirista e diretor qualquer, mas o roteiro de Taylor Sheridan (em sua estreia
como roteirista, ele é ator de Veronica Mars e Sons of Anarchy) consegue captar
a urgência da guerra e sem estereotipar quem é mocinho e que é vilão, mas ao
contrário do que se imagina, ele não tenta humanizar os traficantes: eles são
bandidos e ponto. Mas os policiais não são exatamente mocinhos, eles são
corruptos e só agem de acordo com seus próprios interesses.
Outro grande destaque é a trilha sonora de Jóhann Jóhannsson,
que às vezes é intensa e às vezes é ausente quando é exigida.
Mas o
grande destaque mesmo é a direção eficiente e soberba de Denis Villeneuve. Sua câmera
é tensa, jamais cansa o espectador e o faz mergulhar no submundo das drogas e
do tráfico de forma intensa, sejam nas tomadas por cima, para dar a impressão
de os EUA e México serem um país só, e portanto, iguais em escala de violência
e corrupção, nas cenas de tiroteio (com destaque na cena da ponte e na
eletrizante meia hora final), na fotografia suja e violenta ou na espetacular
cena de abertura, na qual a equipe do FBI liderada por Emily Blunt faz uma
missão fracassada de conter um sequestro.
Sicario
– Terra de Ninguém não é um produto de entretenimento de Hollywood, quem quer
se divertir, deve procurar outra sala de exibição com o clima quase documental
e do seu tema, que é do cartel de drogas, se unirmos com a série Narcos, ele se
torna quase obrigatório e lançado no ano certo e na hora certa.
Para
o público nerd, não deixem de reparar
na presença do ator Jon Bernthal como o interesse amoroso de Kate. Ele é o
Shane na série The Walking Dead e será o Justiceiro na 2ª temporada da série da
Netflix, Demolidor, que estreia ano que vem.
Nota:
10,0
Imagens:
Trailer:
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