Ponte de Espiões (Bridge of Spies)
Direção: Steven Spielberg
2015
Com:
Tom Hanks, Mark Rylance, Scott Shepherd, Amy Ryan, Alan Alda.
Drama
14 Anos
Spielberg
sendo Spielberg
Steven Spielberg na direção. Tom Hanks no papel
principal. E os irmãos Coen na revisão do roteiro. Com um “currículo” desses,
não tinha como ‘Ponte de Espiões’ dar errado.
‘Ponte de Espiões’ é baseado em uma incrível história
real que se passa em 1957, que era o auge da Guerra Fria, na qual temos um
advogado especializado em seguros, James Donovan (papel de Tom Hanks) que é designado
a defender um sujeito chamado Rudolf Abel (Mark Rylance, ótimo no papel!), que
é um espião soviético capturado em solo americano.
Para provar que é um país justo, Abel tem um julgamento
comum, mas acaba sendo condenado por um júri tendencioso. Mas Donovan consegue
que ele não morra e a CIA negocia com o advogado para devolver Abel para a URSS
em troca de um cidadão americano capturado pelos soviéticos.
Neste cenário, ‘Ponte de Espiões’ se torna dois filmes em
um: são duas horas de filme e na primeira hora temos um drama de tribunal, na
qual vemos Donovan defendendo Abel e o filme mostra a paranóia americana com o
medo do inimigo e a caça ao comunismo. Durante o processo, Donovan se torna o
homem mais odiado de seu país e tem até a sua casa atacada.
Na segunda hora (e muito menos interessante) a história
se passa quase toda em Berlim, onde ocorrem as negociações entre os dois
países, EUA e URSS.
‘Ponte de Espiões’ é composto, basicamente, por diálogos
e o público médio pode se entediar, portanto, se a intenção é ir ao cinema se
divertir, este é o filme errado. Nada do que Spielberg não esteja acostumado,
seu último filme, Lincoln, por exemplo, foi assim
Tecnicamente, ‘Ponte de Espiões’ é perfeito: tem uma
fotografia arrebatadora, uma direção de arte poderosa (e podem ir ao Oscar) e
por se passar em 1957, dá para notar o Muro de Berlim sendo construído (que
viria a ficar em pé em 1961).
Tom Hanks tem uma atuação mais contida, mas sua frieza
foi importante para mostrar um personagem que tem uma nação inteira contra ele,
tendo que negociar com os poderosos e ainda convencer o território inimigo de
um acordo – em pleno auge da Guerra Fria e do mundo polarizado.
Quem dá o show, porém, é Mark Rylance, que interpreta
Rudolf Abel. Ele rouba todas as cenas de Tom Hanks (e isso não é uma missão
fácil), é onipresente na primeira hora, mas aparece pouco na segunda. E se vier
alguma indicação para Ator Coadjuvante, será justa. Desde a primeira cena,
quando ele está pintando um quadro, até aos ótimos diálogos com Tom Hanks, Abel
é um grande personagem e, para o futuro, vai entrar nas listas de “coadjuvantes
melhores do que os protagonistas”.
O roteiro dos irmãos Coen foi muito cuidadoso ao tratar a
Guerra Fria de forma imparcial (que também não foi uma tarefa fácil) ao mostrar
a paranóia dos dois lados e mostrando os dois países com discurso de ódio.
A direção de Spielberg, porém, exalta o “american way of life” e com uma trilha
sonora claramente patriótica, que sobe a cada ação de Tom Hanks – ou mostrando-o
como um bom homem de família, atrás do chamado “sonho americano”.
‘Ponte de Espiões’ tem uma história poderosa e mesmo
passados quase 60 anos, merece ser contada, mas foi uma grande pena que algumas
decisões tomadas por um sujeito que sabe fazer cinema – e foi o responsável por
muita gente se interessar por cinema – deixaram o filme aquém do esperado, mas
ainda assim, fica acima da média de 3 deslizes recentes do diretor: ‘Lincoln’, ‘Cavalo
de Guerra’ e ‘Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal’.
Nota:
8,0
Imagens:
Trailer: