Missão Impossível – Nação Secreta (Mission: Impossible –
Rogue Nation)
Direção: Christopher McQuarrie
2015
Com:
Tom Cruise, Simon Pegg, Rebecca Ferguson, Jeremy Renner, Sean Harris, Alec
Baldwin, Ving Rhames.
Ação
14 Anos
Tom
Cruise Impossível
A grandiosa maioria das franquias se esgotam e perdem o
fôlego ao chegar em um 5º filme. Isso quando chegam, se não se estragam antes.
Harry Potter é uma grande exceção, que chegou até ao 8º filme com a mesma – ou
até melhor – qualidade dos primeiros filmes.
Mas há uma franquia que chegou nos cinemas desacreditada
há quase 20 anos e parece inacreditável que tenha chegado ao 5º filme e ainda
com uma qualidade igual ou superior ao primeiro filme: Missão Impossível chega
com Nação Secreta em um ano muito disputado como esse e em uma temporada de
verão que tivemos Vingadores, Jurassic World, Mad Max, entre outros. E não
perde nada para nenhum desses – chegando até a superá-los sob muitos aspectos,
sobretudo em usar efeitos práticos e à moda antiga. Existe a computação
gráfica, ela está lá e é visível, mas o clima de perseguição da ação dos anos
80 deixa um gosto diferente neste novo filme.
E a franquia não seria nada sem Tom Cruise. Ele andou por
alguns anos tentando se reinventar em Hollywood, sobretudo após seu vexame no
programa de Oprah Winfrey em 2006 e em alguns fracassos como Operação Valquíria
e Leões e Cordeiros.
Mas agora Tom, aos 53 anos, volta com força total.
Principalmente naquilo que já virou a marca da série: Cruise realiza alguma
cena que parece impossível e sem o uso de dublês ou efeitos especiais. E para
quem achou que sua criatividade havia se esgotado após sua cena em Dubai no
filme anterior ainda não viu nada: logo na cena de abertura ele está do lado de
fora de um avião em pleno ar e a tensão de seu companheiro para abrir a porta –
e errando o lado da porta depois é de tirar o fôlego.
E ‘Missão Impossível – Nação Secreta’ não possui apenas
esta cena de espetacular: há uma perseguição de moto no Marrocos, a sequência
debaixo da água em Londres e uma perseguição em um show de ópera, são momentos
sublimes no cinema da ação e um grande acerto no lançamento deste filme aqui
foi não lança-lo em 3D, mas em IMAX. Infelizmente no Brasil apenas as grandes
cidades possuem cinemas com essa tecnologia, mas, para quem puder ver o filme
neste formato, estará vendo um grande evento cinematográfico.
A história começa exatamente do ponto onde termina o
filme anterior, Protocolo Fantasma, onde o IMF, ou Fundo Missão Impossível, que
é o grupo na qual Ethan Hunt (Tom Cruise), trabalha, descobre que o Sindicato é
real, que é uma espécie de “nação secreta”, na qual possui as mesmas
habilidades da equipe de Hunt e não bastasse isso, o chefão da CIA, Alan Hunley
(papel de Alec Baldwin) rebaixa o IMF à clandestinidade, deixando as decisões
de segurança nacional para a própria CIA.
Neste cenário, Ethan “inexiste” aos olhos do mundo, vive
escondido, e seus parceiros, Benji (Simon Pegg) e Brandt (Jeremy Renner) são
obrigados a trabalhar para a CIA, mas não demora muito para Hunt entrar em
ação: ele descobre quem é o chefe do Sindicato, que é um sujeito habilidoso
chamado Soloman Lane e convoca seus amigos para voltar a trabalhar para ele,
derrubar o Sindicato e tirar o IMF da clandestinidade.
Neste cenário, ainda temos a presença de Ilsa Faust, que
em determinados momentos aparece trabalhando para Lane e também ajudando Hunt e
salvando sua vida. O filme deixa essa dúvida o tempo todo, ela é uma agente
dupla e não se sabe para qual lado ela realmente trabalha, se estamos falando
de uma mocinha ou de uma vilã, mas nisso a franquia se coloca aos novos tempos
colocando uma mulher forte em uma série praticamente dominada pelo sexo
masculino.
E muito fruto de uma grande atriz: essa menina chamada
Rebecca Ferguson, nascida na Suécia e com 31 anos de idade, fez o fraco
Hércules ano passado, mas podemos dizer que seu primeiro grande filme é este
aqui. De expressão fria e calculista que a personagem exigia ela tem tudo – e
mais um pouco – para fazer carreira no cinema. A opinião pode não ser unânime,
mas é a segunda melhor personagem ao longo do filme.
Mas não podemos nos esquecer da grande equipe da IMF:
Simon Pegg é um alívio cômico que funciona (coisa difícil hoje em dia), deixou
de ser o sujeito do escritório para ser um homem de campo sendo importantíssimo
para a missão, assim como Ving Rhames, que foi o único a participar dos 5
filmes da série. E o que dizer de Jeremy Renner? O nosso Gavião Arqueiro havia
sido sondado no filme anterior para ser protagonista da franquia, mas o público
queria ver mesmo era Tom Cruise, embora ele esteja muito bem aqui.
Alec Baldwin é um coadjuvante muito interessante, que
quer capturar Hunt a qualquer custo e o que seria um bom filme de ação sem um
bom vilão? Sean Harris faz um vilão frio, assustador e quase (eu disse
“quase”!) tão bom quanto Philip Seymour Hoffman no terceiro filme – que ainda é
o melhor da saga, mas por questão de detalhes.
O diretor Christopher McQuarrie deixou de ser coadjuvante
em Hollywood, de ficar na sombra de Tom para se tornar um sujeito interessante
e deixando sua marca: de diretor de Jack Reacher a roteirista de ‘No Limite do
Amanhã’, ele escreve e dirige este filme aqui e faz uma trama de espionagem
inteligente, ousada em uma ação de tirar o fôlego e tem várias homenagens à
própria franquia: tem o clima de suspense do primeiro filme, o clima hi-tech do
terceiro e o tom de aventura do quarto filme.
E para quem achava que a franquia Missão Impossível era
rival de James Bond, fica claro neste filme aqui que isso não passa de uma bobagem:
de todas as locações, é em Londres que se tem maior tempo de produção, o MI6 é
sempre citado e embora Ilsa não seja a mocinha em perigo de muitos filmes do
007, ela é sexy sim, e a famosa cena da saída da água de biquíni foi
homenageada aqui e não foi apenas jogada – foi de fundamental importância para
a trama como um todo. E tem muito a ver com seu papel ambíguo.
De produção em escala global, em Londres, Marrocos e
Havana, cenas de ação angustiantes e fotografia perfeita – fruto da produção
aguçada do próprio Tom Cruise e de J. J. Abrams, ‘Missão Impossível – Nação
Secreta’ é, até o momento, o melhor filme de ação de um ano difícil como 2015 –
e dos melhores do ano. E que sirva de lição àqueles que não sabem se
reinventar.
Nota: 10,0
Imagens:
Trailer:
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