A Enfermeira Betty (Nurse
Betty)
Direção:
Neil LaBute
2000
Com:
Renée Zellweger, Morgan Freeman, Chris Rock, Greg Kinnear, Aaron Eckhart, Crispin
Glover, Allison Janney.
Comédia Dramática
14 Anos
A vida
imita a arte - literalmente
Já se passaram 15 anos desde que ‘A Enfermeira Betty’ foi
lançado e a dúvida que fica é: por que esse filme não foi um sucesso? Na verdade
ele é um filme pequeno e alternativo, tanto que aqui no Brasil estreou em um
circuito muito limitado e quando chegou em DVD em 2002 a coisa não mudou muito.
Mas deveria ter caído na acolhida popular: o elenco é
bom, a história é acessível, embora seja “fora da caixa” e para nós,
brasileiros, tem um atrativo a mais: o foco principal é a novela, coisa que o
Brasil conhece muito bem.
Na história, a garçonete Betty (Renée Zellweger) tem uma
vida simples, é humilhada pelo marido e é viciada na novela ‘Uma Razão para
Amar’.
Em um dia rotineiro, ela está vendo sua novela quando
presencia seu marido ser assassinado por uma dupla de criminosos (Morgan
Freeman e Chris Rock), por uma dívida com as drogas. Betty consegue fugir, mas
é perseguida pela dupla e passa a viver como se tivesse dentro da novela e vai
para Hollywood atrás de seu “marido”, que na verdade é o cirurgião David (Greg
Kinnear), que é o protagonista da novela. E ela passa a viver essa realidade
alternativa, misturando a ficção da vida real.
O produtor Steve Golin está acostumado com idéias originais
e “fora da caixa” e além de deste filme aqui, ele também produz ‘Quero ser John
Malkovick’ e ‘Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças’ e no caso de ‘A
Enfermeira Betty’, a originalidade não está apenas em sua história peculiar,
mas nos estereótipos que cada personagem tem: Betty é uma moça ingênua e
sonhadora, Morgan Freeman e Chris Rock são dois bandidos atrapalhados,
principalmente o Chris, que sempre solta alguma piada com falta de noção em
alguma conversa – ou em algum crime. Mas Morgan Freeman também tem seus momentos:
a cada busca frustrada pela Betty, ele vai se encantando por ela aos poucos,
com direito a um sonho com dança e tudo. E David é o típico famoso arrogante
que acha que todos o aclamam.
O tom do filme está na brincadeira de uma moça que acha
que está em uma novela, mas sua esquizofrenia se encaixa muito bem na vida
real, afinal, quem nunca quis viver aquela história que tanto ama, seja um
filme, uma série, um livro, um quadrinho – um até uma novela, por que não? Não há
problema nenhum em ter um laço emocional com uma telenovela, mas quando a
paixão se torna psicológica, há um risco grande de algum fã virar uma nova
Betty.
Mesmo com esse roteiro fora da caixa, ‘A Enfermeira Betty’
seria um desastre sem o grande carisma e graça da Renée Zellweger. Ela já havia
feito o par romântico de Tom Cruise em Jerry Maguire e a filha de Meryl Streep
em ‘Um Amor Verdadeiro’, mas foi a partir de ‘A Enfermeira Betty’ que ela viu
sua carreira decolar: protagonizou os dois filmes de Bridget Jones, foi
indicada 3 vezes ao Oscar – uma vez pelo próprio ‘O Diário de Bridget Jones’,
em 2002, por ‘Chicago’ em 2003, mas sua vitória só veio em 2004 por Atriz
Coadjuvante por ‘Cold Mountain’.
Por ‘A Enfermeira Betty’ Renée Zellweger ganhou o Globo
de Ouro de Atriz de Comédia ou Musical e sua indicação ao Oscar de 2001 estava dada
como certa, até que a Academia a esnobou, o que foi um grande ultraje, se
virmos que a vencedora daquele ano foi Julia Roberts por Erin Brockovich. Por mais
vitoriosa que tenha sido a carreira de Renée, não é exagero nenhum dizer que ‘A
Enfermeira Betty’ é o seu melhor papel.
De grande atriz do início do século a grande piada em
Hollywood, foi duro ver a queda de Renée: após seu Oscar por ‘Cold Mountain’, ela
começou a fazer menos filmes e quando fazia, eram papéis sem expressão. O fundo
do poço viria em 2009 com o pavoroso ‘Caso 39’. Ela estava longe dos holofotes
até que ela surgiu no ano passado com o rosto todo deformado de tanta cirurgia
plástica que fez. Foi triste ver que aquela moça linda havia cedido aos
caprichos e vaidades de Hollywood e hoje em dia parece mais do que seus 46
anos.
Morgan Freeman que era o mais veterano deste elenco e
segundo histórias de bastidores, ele era quase como um grande pai para Renée e
também foi ele que a deixou à vontade para os trejeitos no papel de
esquizofrênica.
Não foi apenas a carreira de Renée que degringolou, mas a
do diretor Neil Labute também. Antes de ‘A Enfermeira Betty’ ele dirigiu os
independentes ‘Na Companhia dos Homens’ e ‘Seus Amigos, Seus Vizinhos’. Mesmo seu
filme seguinte, ‘Possessão’, em 2002, com Gwyneth Paltrow e Aaron Eckhart,
também foi muito bacana, mas o fundo do poço foi a pérola ‘O Sacrifício’, com
Nicolas Cage, que é um grande constrangimento na carreira de todo mundo e dos
piores filmes da história – sem exageros.
Após vermos a ascensão e queda de uma grande atriz e de
um grande diretor, ainda poderemos ver a ressurreição deles, seja no cinema ou
na TV, mas o que importa é vê-los fazendo o que fazem de melhor. Só o que não
pode é perder a esperança.
Nota:
9,0
Imagens:
Trailer:
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