Um Estranho no Ninho (One Flew Over the Cuckoo’s Nest)
Direção: Milos Forman
Ano de produção: 1975
Com:
Jack Nicholson, Louise Fletcher, Christopher Lloyd, Danny DeVito, Brad Dourif,
Michael Berryman, Angelica Huston.
Gênero: Drama
Classificação Etária: 14 Anos
‘Um
Estranho no Ninho’ se destaca em ano poderoso para o cinema
O grande público – e alguns críticos mal intencionados
também – adoram falar mal quando um filme se torna vencedor de Oscar. É fato
que nem sempre os melhores vencem, mas não se pode julgar ou avaliar uma obra
só pelas premiações e se colocar acima do bem e do mal quando ela é
reconhecida. Só para citar exemplos, quando o grande ‘Guerra ao Terror’ superou
o favoritismo do arrasa-quarteirões ‘Avatar’ em 2010, várias pessoas disseram
que era um absurdo que um filme pequeno como aquele tenha ganhado de uma
superprodução e que a Academia havia sido “retrógrada”, mas antes da premiação,
o filme da diretora Kathryn Bigelow era visto como um filme independente que
surpreendeu. Neste ano mesmo, em 2015, que Birdman era o queridinho dos
críticos ante o favorito Boyhood, depois começaram a apontar defeitos. E o
próprio Boyhood, visto como um filme ambicioso se tornou mediano com as
indicações ao Oscar...
Mas, de vez em quando a Academia acerta e a opinião é
geral. Foi o caso do Oscar de 1976, em que o grande clássico ‘Um Estranho no
Ninho’ saiu vitorioso da noite. Mais do que isso, ele foi o 2° de 3 filmes que
conseguiram o feito de vencer os 5 principais prêmios, são eles: Melhor Filme,
Direção para Milos Forman, Roteiro Adaptado, Ator para Jack Nicholson e Atriz
para Louise Fletcher. Todos os prêmios merecidos.
Somente outros dois filmes conseguiram esse feito, que
também mereceram: ‘Aconteceu Naquela Noite’, em 1935 e ‘O Silêncio dos
Inocentes’, em 1992.
E olha que em 1976, ‘Um Estranho no Ninho’ disputou a
estatueta com outros 4 filmaços, são eles: Barry Lyndon, este filme sublime de
Stanley Kubrick que saiu com 4 prêmios na noite: Figurino, Direção de Arte, Trilha
Sonora Adaptada e Fotografia; Nashville, dirigido brilhantemente por Robert
Altman; Um dia de cão, esse grande clássico, que, com o aumento da violência
urbana, está assustadoramente atual; e o blockbuster Tubarão, de Steven
Spielberg, na verdade, o primeiro grande filme de verão e o primeiro
longa-metragem a faturar mais de 100 milhões de dólares nas bilheterias
mundiais.
Qualquer um que saísse premiado seria justo, mas ‘Um
Estranho no Ninho’ se sobressai por várias razões: o filme se passa
praticamente em um só lugar e não se torna enfadonho para o público, não torna
os personagens estereótipos da vida real (embora seja quase verídico) e embora
tenha diálogos poderosos, não há só um momento em que ele queira chamar a
atenção: é quase todo linear e movido pela razão em detrimento da emoção.
E se olharmos como ele foi feito, o filme foi todo rodado
em seqüência, apenas a cena da pescaria que foi filmada depois de tudo.
Na história, o presidiário Randle Patrick McMurphy (papel
de Jack Nicholson) finge estar insano para não trabalhar e vai parar em um
hospital psiquiátrico, em que ele muda completamente a rotina do local e
estimula os pacientes para se revoltarem contra a rigidez da enfermeira-chefe
Ratched (Louise Fletcher).
Se hoje em dia Jack Nicholson tem a fama de louco e
obsessivo, muito se deve a este papel aqui: na época das filmagens, houve
rumores que ele sumiu por 2 meses para se internar em uma clínica psiquiátrica
de verdade, para pegar os trejeitos do personagem e até em alguns papéis
célebres de sua carreira, seja como Jack Torrance em ‘O Iluminado’ e o Coringa
em ‘Batman’ há muitos traços de Randle. Por isso há o comentário que, quando
ele faz papel de maluco, é Jack Nicholson interpretando Jack Nicholson.
Quando Louise Fletcher aceitou fazer a enfermeira
Ratched, várias atrizes de peso já haviam recusado o papel por ser “pequeno”, e
poderia ser somente uma coadjuvante de luxo, mas ela incorpora tão bem a pele
de quase uma ditadora, fria e calculista, que não tinha como ela passar
despercebida e ganhou, merecidamente, todos os prêmios pelo papel. Dentre as
vilãs do sexo feminino, no meu humilde conceito, só perde para Kathy Bates em
Louca Obsessão. Pena que sua carreira não decolou muito, ela entrou na chamada “maldição
do Oscar” em que atores e atrizes que levam a estatueta e nunca mais fazem de
bom na carreira. Em 1977, por exemplo, ela fez a péssima continuação de O
Exorcista: ‘O Exorcista 2 – O Herege’.
Foi curioso ver que Michael Douglas estava em início de
carreira quando ele produziu este filme e era seu pai, Kirk Douglas,
que obtinha os direitos autorais da adaptação literária para o cinema. Na verdade,
o próprio Kirk iria protagonizar o filme, mas achou muito velho para o papel.
Esse foi o primeiro grande filme de Milos Forman. 8 anos
depois, ele ganhou mais um Oscar de direção por ‘Amadeus’ e em 1996 ele fez o
brilhante ‘O Povo Contra Larry Flynt’ e seu cinema é sempre assim: polêmico,
simples, direto e focado nos personagens. É uma pena que seu último filme foi a
uma década atrás.
Nota:
10,0
Imagens:
Trailer:
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