Mad Max – Estrada da Fúria (Mad Max – Fury Road)
Direção: George Miller
Ano de produção: 2015
Com:
Tom Hardy, Charlize Theron, Nicholas Hoult, Hugh Keays-Byrne, Zoe Kravitz,
Rosie Huntington-Whiteley.
Gênero: Ação
Classificação Etária: 14 Anos
Novo
Mad Max é uma ação ousada e fora da caixa
É perdoável quem disser que não via ‘Mad Max – A Estrada
da Fúria’ com bons olhos, afinal, muita gente enxerga as refilmagens como falta
de criatividade da indústria cinematográfica. E no caso da franquia Mad Max, tudo
tem seu estilo próprio, desde a direção de arte, a fotografia até os
personagens e “adaptá-lo aos novos tempos” não era exatamente uma boa ideia.
Mas, para a surpresa geral (inclusive a minha!), é com
muita alegria que digo que ‘Mad Max – A Estrada da Fúria’ é um filmaço! E todas
as desconfianças, felizmente, não se prevaleceram: não se trata de uma
refilmagem, na verdade, é quase um “Mad Max 4”, mas não se assume como
continuação. E o filme não foi adaptado para a Hollywood atual, foi até
corajoso da parte de George Miller em colocar o clima apocalíptico e até
bizarro dos filmes clássicos neste filme aqui: um blockbuster de estúdio em
2015 e com uma grande responsabilidade, afinal, este é o grande lançamento da
Warner deste ano, já que ‘Batman VS Superman’ ficou para 2016.
Na história, a Imperatriz Furiosa (papel de Charlize
Theron) recebe a missão de resgatar o combustível para o povo dominado pelo
Immortan Joe, mas ela foge e ajuda um grupo de mães a sobreviverem no deserto.
Nesse meio tempo, Max Rockatansky (papel de Tom Hardy) também está fugindo de
Joe, também luta pela sobrevivência no deserto, mas se divide entre o seu ego
de sobreviver sozinho ou contar com a ajuda do grupo de garotas.
Como filme de ação, ‘Mad Max – A Estrada da Fúria’ não é
somente espetacular: assim como o clássico de 1979, é inventivo, original,
ousado e pode servir de referência para os próximos filmes do gênero. Todo o
trabalho de produção, as câmeras do diretor George Miller, e a ação quase
ininterrupta levam esse filme a se tornar obrigatório para se vir na melhor
tela possível. A tecnologia 3D dele é honesta e funciona em algumas cenas, mas
quando funciona faz a plateia tirar o fôlego. O melhor formato para se vê-lo
ainda é em Imax, para aproveitar toda a imersão do áudio e imagem. Se não
houver indicações ao Oscar em nenhuma categoria técnica em 2016, seja
fotografia, mixagem e edição de som e até design de produção, é injusto.
Durante os anos 70, houve a crise do petróleo e George
Miller não pensou duas vezes em como faria seu mundo pós-apocalíptico, com a
gasolina em queda. Aqui os combustíveis também são o foco da história, mas há
mais coisa para ser explorada: a crise da água e os regimes totalitários:
Immortan Joe é praticamente um ditador e seu povo clama por um mínimo de água.
Em uma das cenas, vemos a população miserável correndo com baldes de água e Joe
obriga a fechar a tubulação, deixando todo mundo morrendo de sede (e não é
assim no coronelismo do nordeste brasileiro?).
Quem enxerga o filme de longe, pode dar a impressão de
ser um programa masculino e de fato, homens vão aproveitar muito bem o filme,
mas ele conversa muito melhor com o público feminino e as atrizes aqui são
muito bem exploradas, até melhores do que o elenco masculino. O arco das mães
chega a ser quase poético, a plateia se importa com o drama, principalmente com
Splendid, que está gestante com o bebê prestes a nascer.
Mas a melhor personagem do filme como um todo é o de
Charlize Theron. Ela arrebenta como a Imperatriz Furiosa e é a protagonista legítima
do filme, que acompanha a luta dela com as mães a bordo de seu caminhão (que
ela mesma projetou) e a magia de seu personagem é que ela é uma mulher forte e
obviamente não está sexualizada de jeito nenhum (embora Charlize ainda esteja
linda sem cabelo e sem um dos braços), mas ainda é feminina e até frágil,
quando ela é exigida. A Furiosa de Charlize já está na história das melhores
heroínas de ação, ao lado da Ripley de Alien e Katniss de Jogos Vorazes.
O elenco masculino também não decepciona, começando pelo
vilão. O ator que faz Joe, Hugh Keays-Byrne, também interpretou o vilão do
primeiro Mad Max, de 1979, mas são dois papéis completamente distintos. E
Nicholas Hoult, o Fera de ‘X-Men’ faz um Nux ambíguo e cuja intenção é sempre
questionável ao longo do filme.
A única decepção mesmo ficou por conta do próprio Tom
Hardy como Mad Max. Infelizmente ele é o coadjuvante da história da Furiosa e
seu arco quase atrapalha o ponto principal. É praticamente uma desculpa para
justificar sua presença aqui e à exceção da eletrizante cena inicial, em que
Max é capturado pelo exército de Joe, sua participação é quase descartável.
Isso se deve muito às limitações de Tom Hardy como ator,
embora tenha feito um bom trabalho como o vilão Bane em ‘Batman – O Cavaleiro
das Trevas Ressurge’, ainda deve um diferencial atuando. E aqui em ‘Mad Max – A
Estrada da Fúria’, em que ele tem uma franquia para chamar de sua e sim, é
muito exigido, seria sua chance de brilhar.
Foi uma grande pena mesmo essa ressalva, pois este filme
aqui tem tudo para ser o blockbuster do ano. E é uma pena maior o fato que ‘Mad
Max – A Estrada da Fúria’ corre o sério risco de não estourar nas bilheterias,
como foi Vingadores 2 e Velozes e Furiosos 7, principalmente porque a nova
geração pode não compreender a viagem alucinada e bizarra de George Miller,
junto com o clima pessimista que a história tem, longe do visual colorido da
Marvel. E ainda com um orçamento de 200 milhões de dólares, a matemática dos
valores absolutos será menor, só torcemos para que não seja um fracasso e que
venha uma nova trilogia. E com esse moço de 70 anos chamado George Miller.
Nota:
9,0
Imagens:
Trailer:
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