Demolidor – O Homem Sem Medo (Daredevil)
Direção: Mark Steven Johnson
Ano de produção: 2003
Com:
Ben Affleck, Jennifer Garner, Michael Clarke Duncan, Colin Farrell, Jon Favreau,
Joe Pantoliano.
Gênero: Ação
Classificação Etária: 14 Anos
Demolidor
seria bom se não fosse adaptação de HQ
Durante a 2ª metade dos anos 1990, o casamento entre
cinema e quadrinhos era péssimo: foram várias adaptações fracassadas e
frustradas, o mercado parecia que havia mudado e também parecia que quadrinho
era coisa de criança e que agora o cinema tinha que falar para o público
adulto: dentre as péssimas adaptações, podemos citar ‘Spawn – O Soldado do
Inferno’, mas o fundo do poço foram os dois filmes da série Batman, dirigidos
por Joel Schumacher: ‘Batman Eternamente’ e ‘Batman & Robin’, defendido por
muitos como o pior filme de HQ da história.
Se ‘Blade’, de 1998 já foi um salto, ‘X-Men’ em 2000 foi
um grande divisor de águas. Foi a partir daí que a indústria viu que quadrinhos
era coisa séria e que dava para se fazer um grande filme baseado em uma HQ.
‘Homem-Aranha’, em 2002 foi um verdadeiro fenômeno pop e
de bilheteria e foi a consolidação desse gênero que só cresce e hoje é das
maiores fontes de renda dos estúdios.
Mas, como Hollywood não brinca em serviço e como toda e
qualquer onda, ela a explora até as últimas conseqüências e foi neste período
que começou a adaptar várias HQs, independentemente do sucesso e quase sem
critério. Foi daí que nasceu ‘Demolidor – O Homem sem Medo’.
Na verdade, no mesmo período das adaptações fracas no
final dos anos 1990, a Marvel se viu em uma crise financeira absurda e estava
em processo de falência, foi daí que vários estúdios adquiriram direitos em
seus heróis: a Fox ficou com os X-Men e a Sony com o Homem-Aranha e o
Demolidor, que logo foi para o Fox.
Seria uma manobra arriscada: Demolidor é um herói menos
popular do que o Homem-Aranha ou os X-Men, o diretor era desconhecido, o
protagonista estava em baixa na carreira e a mocinha só tinha experiência na
TV. E o filme não foi nem de longe em mega sucesso, embora tenha se pagado.
Mas quais foram os problemas do Demolidor? Foram
basicamente a escolha do protagonista, alguns furos de roteiro e algumas
alterações frustradas em relação aos quadrinhos, vejamos:
Se Ben Affleck hoje é um diretor e roteirista consagrado
e vencedor de Oscar, em 2003 ele estava em alta com seu romance com a beldade
Jennifer Lopez, mas em baixa no cinema em produções de péssimo gosto. Contato de
Risco que o diga. E seu Demolidor infelizmente não convence. O jeito é esperar
pelo Batman VS Superman para 2016 para vê-lo em um filme digno de nota do
gênero.
E como adaptação, o filme tomou algumas mudanças em
relação aos quadrinhos que não foram exatamente “licenças poéticas”, vejamos: nos
quadrinhos o melhor amigo de Matt Murdock, “Foggy” Nelson (vivido por Jon
Favreau – diretor de Homem de Ferro 1 e 2) é um advogado mais honesto e defende
as causas de Matt, que é trabalhar com pessoas inocentes em detrimento aos
poderosos e, assim, fazer justiça. Existe todo um arco e história do porquê
eles se tornaram amigos inseparáveis. Aqui, Foggy é um sujeito interesseiro
que, pegando os clichês da carreira de advogados, basicamente só trabalha pelo
dinheiro e corre atrás de clientes ricos e culpados. Se Jon se provou um grande
cineasta, como ator não pode se dizer o mesmo. E a primeira namorada de Matt,
Karen Page, que é uma grande personagem das HQs, aqui inexiste e nem é citada. No
lugar dela entrou a mercenária Elektra, vivida pela Jennifer Garner, na época,
no auge com a série Alias.
A intenção era criar uma heroína menos frágil e mais para
a ação, que de fato é, principalmente quando entendemos as motivações dela, mas
o resultado ficou uma mulher sexualizada e com pouco tempo em cena com seu
uniforme. Mas a Fox gostou tanto dela que resolveu fazer um filme só seu em um péssimo
spin-off, com o título de ‘Elektra’, em 2004. O filme é tão ruim que é difícil
uma lista com os piores do gênero sem constá-lo.
Pelo menos Ben e Jennifer se conheceram no set de
filmagem do filme e estão casados até hoje. E quem os conhece diz que foi ela
quem o tirou do ostracismo e foi fundamental para ele se tornar o sujeito
respeitado que é hoje.
Uma mudança em relação aos quadrinhos que muitos fãs
reclamaram, mas não vi como problema foi na escolha de Michael Clarke Duncan
como o Rei do Crime: nas HQs ele é alto, forte, obeso, porém, é da cor branca,
muito diferente de Michael, que é negro. Mas ele personificou tão bem o vilão e
está realmente ameaçador ao lado do Demolidor que a cor é apenas um detalhe. E estamos
falando de um grande ator e com uma indicação ao Oscar no currículo.
Se ‘Demolidor – O Homem Sem Medo’ não convence como
adaptação, o mesmo não se pode dizer do drama do personagem em si e do romance
do casal: Ben pode não convencer como herói, mas como cego sim, principalmente
no início quando temos toda a sua origem, a infância complicada, com bullying e
a perda de seu pai. A produção do filme teve esse cuidado com a condução da
doença, contratando um especialista para acompanhar as filmagens.
E como casal, Ben e Jennifer convencem (afinal, são um
casal de verdade), não exatamente com seus uniformes de heróis, mas como “humanos”
(a cena de quando eles se conhecem em uma lanchonete, resultando em uma luta no
parque é muito bacana). Nesse ponto, lembra muito ‘O Espetacular Homem-Aranha’,
que temos um casal de verdade em um filme que não anda.
A série da Netflix sobre o Demolidor está aí e pode
corrigir os erros deste filme aqui, principalmente agora que o herói voltou
para as mãos da Marvel. Mas, se o filme deu tão errado, podemos olhar para o
filme seguinte do diretor Mark Steven Johnson, que é o Motoqueiro Fantasma e
ver que éramos felizes e não sabíamos.
Nota:
6,0
Imagens:
Trailer:
Gostei.
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