Cinderela (Cinderella)
Direção: Kenneth Branagh
Ano de produção: 2015
Com:
Lily James, Cate Blanchett, Richard Madden, Holliday Grainger, Sophie McShera,
Helena Bonham Carter, Ben Chaplin, Hayley Atwell.
Gênero: Fantasia
Classificação Etária: LIVRE
Novo
‘Cinderela’ mostra que a tradição não pode ser perdida
Hoje a Disney é,
indiscutivelmente, o maior estúdio de Hollywood. E não é por acaso. E só de
pensar que nos anos 1980 a empresa estava em um grande buraco financeiro. Após a
compra e parceria pela Pixar, a compra da Marvel e da Lucas Film, parece que
tudo o que esta empresa toca vira ouro. Não é propaganda de graça, para o bem
ou para o mal, é a realidade. E além das animações, os filmes da Marvel e de
Star Wars, a Disney também está investindo em filmes em live-action, sobretudo,
em adaptar suas animações clássicas para superproduções em carne e osso.
Se ‘Caminhos da Floresta’ foi um desastre total, seja de
público e crítica, ‘Malévola’ no ano passado foi algo certeiro e das maiores
bilheterias de 2014, além de marcar a volta de Angelina Jolie após sua cirurgia
de retirada dos seios.
E desta vez a Disney pega uma de suas animações mais
famosas, ‘Cinderela’, lançada em 1950 e faz um filme com atores de verdade.
Foi uma manobra arriscada, pois era um risco alto de
parecer uma produção artificial demais e a computação gráfica muito evidente. E
tem mais: o mundo mudou e parecia difícil que a história da moça ingênua e
apaixonada ainda cairia no mundo atual, principalmente se pensarmos que os
últimos filmes do gênero mostrava mulheres fortes, como ‘Frozen’, sátiras sobre
contos de fadas como ‘Shrek’ e algumas “adaptações” da história da mocinha
procurando pelo príncipe inatingível nos dias de hoje, como ‘Crepúsculo’ e até
mesmo ‘Cinquenta Tons de Cinza’.
E mesmo ‘Encantada’, que fez Amy Adams se tornar um rosto
conhecido do grande público, que trazia novamente essa história da princesa,
era uma paródia fazendo alegoria para o mundo atual. Até onde a memória
alcança, o último filme mesmo que trazia essa tradição foi a bela animação ‘A
Princesa e o Sapo’, em 2009.
Nisso, era difícil imaginar um novo exemplar de ‘Cinderela’
e ainda se levar a sério. Sem paródia e com a mesma história, este novo filme
pode ser chamado sim, de refilmagem: há uma ou outra mudança, mas a história
como um todo é a mesma. Sim, a história da menina órfã que vive com a madrasta
e irmãs más, perde o sapato de cristal e se casa com o príncipe, é exatamente
igual. E um pouco diferente de ‘Malévola’ a vilã não é humanizada e não tem
motivações. Ela é malvada e ponto.
E como em todos os exemplares do gênero, para viver a
vilã, foi escalada uma atriz de calibre e respeitada, no caso, Cate Blanchett. Ela
está fresquinha por seu Oscar em ‘Blue Jasmine’ e é a melhor coisa deste filme
aqui. Alguns críticos arriscaram o palpite que ela estará no Oscar ano que vem
para Atriz Coadjuvante.
A praticamente desconhecida Lily James também está muito
bem em seu papel e pode ser uma chance de ver sua carreira brilhar – sua personagem
em Downton Abbey passou praticamente despercebida.
Na
verdade, todo o elenco coube em seus devidos papéis e até Helena Bonham Carter como
a Fada-Madrinha (que viveu a rainha vermelha em ‘Alice no país das maravilhas’)
não compromete. E reparem, logo no início, que a atriz Hayley Atwell, que é a
nossa Agente Carter, vive a mãe biológica de Cinderela (alguém disse a palavra “crossover” do universo Disney???).
E sendo assim, temos um grande casamento entre cinema e
TV. Além de Hayley Atwell e da própria Lily James, temos Sophie McShera, que
aqui vive uma das irmãs malvadas, também está em Downton Abbey, mas ela é uma
das protagonistas. Curiosamente, na série, Lily vive uma patroa e Sophie vive
uma empregada na série. E o próprio príncipe, vivido por Richard Madden, é o Robb
Stark de Game of Thrones.
Dentre as poucas diferenças entre este filme aqui e o
clássico, a mais visível é na música: a canção clássica e vencedora de Oscar, Bibbidi-Bobbidi-Boo é apenas citada em um feitiço da fada-madrinha.
A produção está impecável e a Disney não economizou, seja
nos efeitos, nos animais e cenários digitais, mas o destaque ficou para o belo figurino
e design de produção. Poderemos ver ‘Cinderela’ nas categorias técnicas no Oscar
2016?
O diretor Kenneth Branagh é conhecido como diretor mais
teatral e Shakesperiano, mas anda experimentando as superproduções deste Thor (que
vejam, é da Disney também!) e ‘Operação Sombra – Jack Ryan’ e aqui faz uma
direção mais com sua marca e sim, mais teatral, mas se lembrando que sua mídia
agora é o cinema.
E o roteiro de Chris Weitz (que também é outro contratado
pela Disney – ele está escrevendo o roteiro de Star Wars: Rogue One, com
Felicity Jones, previsto para dezembro de 2016) teve o cuidado de manter o
clássico desenho (alguns diálogos são idênticos) sem cair na pieguice e sem o
risco de parecer ultrapassado.
Se ‘Cinderela’ mantém a magia dos contos de fadas e a
Disney quer interligar seus universos, coincidência ou não, antes do filme, há
um delicioso curta animado derivado de Frozen com o nome de ‘Frozen – Febre Congelante’
que pode ou não fazer alguma ligação com o próximo filme que já foi anunciado.
Resta saber até onde a Disney quer chegar com o seu
universo.
Nota:
9,0
Imagens:
Trailer:
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